[13]- As dificuldades de ser gay no sigilo

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𝙋.𝙊.𝙑 𝙅𝙪𝙣𝙞𝙤𝙧

- Zeca, fica aqui nessa sala! Tenta achar algum esconderijo, sei lá, fica esperto! -Falei completamente desesperado encarando o peão que apenas assentiu desnorteado.

Respirei fundo andando até a porta e abri ela rapidamente voltando á fecha-la ao sair.

Avistei a minha mãe andando pelo longo corredor vazio do estábulo olhando para os lados á minha procura.

- Junior meu filho onde você tava? Tô te chamando faz um tempo já. - Ela disse me analisando com seus olhos verdes ao me ver andando na direção dela.

- Eu...eu tava analisando uns papéis na sala, organizando também...essas coisas né? - Respondi enquanto enfiava as minhas duas mãos nos bolsos da minha calça jeans para tentar disfarçar a ansiedade.

- E o Zeca não tava com você? - A viúva questionou dando mais alguns passos, ficado perto de mim, o suficiente para que seus olhos verdes claros pudessem me analisar com aquele olhar que parecia encontrar até o mais escondido de meus segredos.

- E-Ele? Ah...ele foi resolver um negócio, parece que era com o boi Bandido eu acho... - Respondi virando o meu rosto rapidamente tentando escapar de seu olhar de mãe, focando nas paredes de madeira que nos cercavam no corredor do estábulo.

- Júnior, as meninas me contaram da sua atitude agora, eu não admito filho meu tratando os outros assim, sei que você está estressado pelos últimos dias mas seu comportamento foi muito feio!

- Desculpa mãe, eu só tava focado no trabalho, por isso falei assim com as meninas, não tive nenhuma intenção de magoar elas. -Tentei me justificar enquanto dava alguns passos para frente na tentativa de levar ela para longe sala em que o peão estava.

- Nananinanão! Pode ir parando por aí mocinho! - Ela levantou o dedo indicador que me fez parar de andar na hora sem entender nada. - Você não vai pra lugar nenhum, não sem antes se desculpar com as meninas!

- M-Mas mãe... - Tentei argumentar olhando quase que desesperado para a porta branca da sala no fim do corredor.

- Não tem mais nem menos, isso não foi atitude de um filho meu! Sei que você tava empolgado pro trabalho mas não justifica tratar as meninas desse jeito, vamos! - A viúva falou com uma voz aguda entrelaçando um de seus braços ao meu e começando á andar para o lado oposto da sala, rumo ao fim do longo corredor.

Tentei pensar em algo pra dizer mas falhava, era péssimo em inventar desculpas, a única coisa que consegui fazer foi acompanhar os seus passos até a casa grande.

Adentramos a sala após alguns segundos de caminhada pelo pasto, as afilhadas de minha mãe estavam paradas no local me encarando caladas enquanto Maria Elis visivelmente lutava para conter a vontade de rir perante aquela situação toda.

- Vamos mocinho! Pode começar a falar! - Proferia minha mãe me dando uns toquinhos com seu cotovelo.

- An...desculpa pelo que eu disse meninas, eu exagerei demais dessa vez, foi mal! - Falei olhando sem graça para cada uma delas que continuavam estáticas, a minha vontade era fatiar cada uma daquelas caguetas.

- Ah, por mim tudo bem! - Detinha respondeu.

- Sorte sua que não sou de guardar rancor Juninho! - Bebela disse a seguir.

- Se elas desculpam quem sou eu pra discordar? - Penha falou dando de ombros.

Maria Elis deu uma risadinha usando a mão para esconder a boca enquanto a minha mãe abria um sorrisinho orgulhosa.

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