﹫Chamadas perdidas.⠀✩⠀!

163 29 20
                                    

Uma e meia da manhã. Era o horário que o relógio dizia ser.

Dazai estava sentado em seu escritório em casa, com alguns papéis jogados em cima da mesa. O relatório e o bilhete da cena do crime também estavam ali em cima. Entretanto, uma página meio velha e amassada também estava por cima daquelas folhas.

Ele finalmente tinha completado todo o relatório que Kunikida o mandou fazer, e agora seu olhar vagava pelos outros papéis jogados em cima da mesa.

A página amassada foi uma que o próprio Dazai arrancou do caderno de anos atrás, antes de entregá-lo à Mori quando voltaram daquela missão. Cada página falava sobre um membro da organização. Dazai arrancou três páginas: a que falava sobre ele, Oda e Chuuya.

A sua e de Odasaku ele queimou com um isqueiro, enquanto escondeu a de Nakahara consigo até os dias de hoje. O motivo de ter arrancado? Simples.

Conhecia Ogai desde bem novo, mas não era tolo, não confiava tanto nele. Na verdade, Dazai não confiava nem na própria sombra. Foi muito difícil para Chuuya e Sakunosuke ganharem sua confiança.

Ele tinha receio de alguém pegar aquele caderno e vazar as informações, ou então, usar para chantagem. Queria se manter longe disso, e de certa forma, queria proteger seu namorado e seu amigo também.

Osamu respirou fundo, e tomou um gole da uísque em seu copo. A garrafa havia sido aberta hoje, e ainda sim, já tinha um pouco menos que a metade.

Na folha arrancada do caderno, tinha o antigo número de telefone de Chuuya, além de outras informações sobre ele. Com um suspiro cansado, o moreno pegou seu celular em cima da mesa no meio daqueles papéis e começou a discar o número anotado.

Sabia que não seria atendido, como não foi nas milhares de vezes que ligou para o ruivo depois do dia de sua morte. Ele ligava para ouvir a mensagem automática que ele gravou, para poder ouvir sua voz de novo. As vezes desabafava ali, como se seu ex realmente fosse ouvir as mensagens.

Três anos inteiros, e ele ainda não havia superado. O engraçado é que, a morte de Nakahara foi apenas alguns dias depois de seu aniversário. Impressionante, em uma noite estava rindo e desejando feliz aniversário a ele, e na outra, surtava dentro de um carro por ser obrigado a deixá-lo para trás.

━ Se você tá ouvindo isso então eu provavelmente não pude atender. Ou seja: se precisar de mim, não precise, tô ocupado agora. ━ Foi o que ecoou pela sala assim que Dazai ligou para o número. ━ Mas deixa um recado aí, e depois eu escuto.

E de novo, um silêncio na sala. A mensagem durava poucos segundos, e não importava quantas vezes o homem tivesse escutado ela, ele nunca enjoaria disso. Dessa vez, O moreno decidiu não deixar nenhum recado dessa vez, e apenas desligou o celular.

Tentava entender ainda o bilhete que "recebeu" do assassino. Certo, ele fazia referência ao incidente, mas tinha palavras que não faziam sentido algum ali no meio.

Voltar, liberdade, sangue

Não houve sangue, ao menos, não que ele tenha visto. Quem voltou, e quem queria liberdade? Isso sim era o tipo de coisa que o obrigava a colocar as engrenagens para funcionar.

Dazai se perguntava como Oda estava hoje em dia. Mesmo que tivesse o doído, depois que saiu da máfia, nunca mais teve nenhum tipo de contato com o mais velho.

Caso Sakunosuke estivesse ali com ele, provavelmente já teria o ajudado a entender que tipo de recado era aquele.

'Será que o número dele continua o mesmo?' Ele pensou, mas rapidamente afastou essa ideia de sua mente.

┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉ ┉

Naquela mesma hora, na máfia do porto...

━ Chuuya. ━ Um garoto alto e magro usando um sobretudo preto chamou o mais velho ao entrar em seu escritório.

━ Sim, Akutagawa? ━ O ruivo respondeu, deixando a taça de vinho sobre sua mesa, seu olhar se dirigindo até a porta.

━ Foi-me informado que Osamu já pegou o recado. ━ O de fios escuros com pontas claras disse.

Havia um membro da máfia infiltrado na polícia de Yokohama há algum tempo. Inclusive, foi assim que Ryunosuke descobriu que seu antigo mentor, agora estava trabalhando lá, já que era bem próximo deste infiltrado. Ele era até meio próximo do próprio Akutagawa.

━ Ótimo. Ah, e não precisa ser tão formal assim, sabe disso. Te conheço há mais de cinco anos. ━ O Nakahara respondeu, tomando outro gole de seu vinho.

━ Tudo bem. ━ Era estranho não ser formal com o ruivo, mas tentaria fazer um esforço.

O rapaz havia voltado para a máfia há pouco menos que um ano, e simplesmente evitou ir em missões por meses. Ele até poderia ajudar nos planos, mas nunca ia pessoalmente. Quase como se tivesse medo de algo ou alguém. Ele se tornou novamente um executivo, mas não contou para ninguém o que aconteceu nesse tempo todo que ficou fora, nem mesmo à Akutagawa ou Tachihara, que eram as pessoas que ele mais conversava naquele momento.

━ Por qual razão escolheu Watanabe? Ou foi uma escolha aleatória? ━ O rapaz em pé perguntou, encarando a figura mais baixa sentada.

━ Pelo mesmo motivo que eu escolhi cada vítima. Todos são de uma suposta lista da polícia de criminosos mais procurados do Japão. Conhecendo Dazai do jeito que eu conhecia, coisas assim aumentariam a curiosidade dele. E também, beneficiariam a máfia de alguma forma. ━ Chuuya começou a explicar sua estratégia, olhando pela janela para a cidade iluminada por luzes artificiais. ━ Por exemplo, Watanabe estava começando a expandir os negócios de sua organização para outras áreas, o que poderia se tornar um problema para nós futuramente. Com ele morto, tudo vai virar um caos e irá começar uma disputa interna para ver quem vai assumir a liderança. Aqueles idiotas vão acabar com eles mesmos.

Seu plano foi pensado por meses antes de ser colocado em prática, cada detalhe, cada bilhete. Tudo foi pensado para que aquilo desse certo.

━ Entendi. Bom, eu preciso ir pra casa com Gin agora. Te vejo amanhã, Chuuya. ━ O mais novo se despediu do amigo.

━ Tchau, Akutagawa, tenha uma boa noite. ━ Chuuya respondeu. Agora ele se pegava pensando sobre Osamu.

Sentia falta dele, muita falta. Ele foi o principal motivo de que, assim que pôde, correu para a máfia. Queria reencontrar seu namorado, mas teve uma surpresa ao descobrir que ele não trabalhava mais ali.

E era por isso que Nakahara planejou tudo aquilo. Queria ir atrás de Dazai, mas precisava saber com quem estava sua lealdade agora. A polícia? A máfia? Ao ruivo?

O quão longe Dazai estava disposto a ir para reencontrá-lo? Isso era o que o ruivo iria descobrir nos próximos dias.

As coisas mudaram muito para os dois durante aqueles três anos, mas Nakahara esperava que o homem ainda pudesse ser seu Dazai, mesmo depois de anos separados.

‣ Three Years Ago.⠀ ♥︎⠀﹫ SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora