Ran era um tolo.
E [Nome], uma traidora.
Uma traidora esperta. Uma traidora que dirigia em alta velocidade a quilômetros de distância de seu ponto de partida: Sua casa.
Ela não podia dizer que se sentia mal com o que fez. Ela não sentia. Já fazia muito tempo que esperava por uma oportunidade, a oportunidade perfeita — e ela conseguiu.
O celular de Ran começou a tocar no banco do passageiro, bem ao lado dela. Ela não pensou muito.
“Rindou”.
— Alô? — atendeu, apertando o gargalo da garrafa de whisky com mais força enquanto equilibrava o celular em seu ombro.
— O quê? — o irmão de Ran parecia surpreso, quase engasgando. — Quem é?
— Não é o seu irmão. — respondeu, dando um sorriso malicioso que ninguém conseguiria ver.
Houve um minuto de silêncio do outro lado da linha. Um minuto longo, e estranhamente desconfortável.
— Olha, eu não sei em que bordel esse maluco tá enfiado, mas não pode pegar o celular dele assim. — a voz dele era impaciente, quase irritada. — Passa o celular pra ele, garota. Aposto que ele já te pagou.
[Nome] segurou a risada.
— Ah, pagou sim. — ela encostou o carro, observando as crianças correrem ao redor do lago.
Shinjuku Gyoen, o parque mais bonito de Tokyo. Seria lá que ela teria sua vida de volta.
— Seu irmão não está comigo — continuou, assumindo um tom severo. — Seu carro, celular e dinheiro por outro lado…
Rindou a interrompeu imediatamente.
— Quem diabos é você?! — vociferou para o telefone, quase como se pudesse vê-la.
— Eu sou só uma mulher que deseja negociar. — [Nome] assumiu o mesmo tom urgente, saindo do carro com a garrafa de whisky ainda em sua mão esquerda. — Venha para o parque nacional de Gyoen, em Shinjuku. E venha sozinho.
E desligou.
Ela respirou profundamente, passando uma mão por seus cabelos molhados.
Ela ameaçou um gangster.
Ela acabou de ameaçar a porra de um gangster.
O pensamento a fez rir em descrença. Até que não era tão absurdo, considerando que ela havia roubado e enganado outro.
Ela procurou por alguma coisa. Noção de perigo, remorso, arrependimento, medo… Mas não sentia nada.
Era verdade que ela gostava de Ran. Não podia negar, ela o adorava.
E odiava isso.Gostar não garantia a segurança dela.
Gostar não fazia as cordas ao redor de seus pés e mãos afrouxarem.
─── ❖ ── ✦ ── ❖ ───
Não demorou muito para que Rindou chegasse.
E ele não estava nada contente.
Ele parou logo após avistar o Rolls-Royce de Ran, praticamente saltando de sua moto.Era cedo, o que significava que o fluxo de pessoas aumentava sem parar. A mulher do telefone escolheu bem o lugar — um lugar público, onde machucá-la seria um problema.
A medida que Rindou se aproximava do carro, mais conseguia ver uma figura pequena encostada na lateral do veículo. Não conseguia acreditar.
[Nome] se virou para ele, e de alguma forma, sabia quem ele era. O mullet colorido era bastante chamativo, mas o que realmente chamou a atenção dela foram os olhos. Eram da mesma cor que os de Ran, e isso por si só denunciava o parentesco dos dois. Sem mencionar o formato do rosto, e a mesma expressão irritada. Era praticamente como olhar para um Ran mais novo.
Ela sorriu para ele. Um sorriso falso, quase atrevido. Quase como se o desafiasse.
Rindou se aproximava lentamente, não por vontade de fazer joguinhos, mas por reconhecer aquele rosto.
Ele negou com a cabeça, rindo em descrença e um pouco de choque. Ele sabia exatamente o que Ran fazia quando pegava o carro e sumia noite após noite. O irmão não escondia isso dele.[Nome] usava um vestido caro, um modelo preto de alta costura que ia até suas coxas e uma jaqueta vermelha que combinava com os sapatos, da mesma cor.
— Que problemão ele se meteu. — Rindou estalou a língua, ainda percorrendo os olhos pelo corpo de [Nome]. — Onde está o meu irmão? — ele se aproximou, ficando perto o suficiente para sentir o perfume dela. — Ou melhor, o que você fez com ele?
— Seu irmão deve estar me caçando como um lobo. — admitiu, olhando nos olhos curiosos de Rindou. — Ele está vivo, se é o que quer saber.
Rindou riu, esfregando a própria testa.
— É claro que está. Meu irmão não morreria na mão de uma barista pobre. — disse em um tom arrogante, aproximando o rosto ao dela. — Eu quero saber o que você quer.
[Nome] resistiu ao impulso de cuspir na cara dele.
— Eu quero que me leve até o Mikey.
Rindou ficou em silêncio por alguns segundos.
Isso foi até ele assumir uma expressão estranha, quase como se estivesse passando mal. Não demorou muito para que ele explodisse em uma risada.
[Nome] continuou a encará-lo com a mesma expressão séria, cruzando os braços.
Ele ria sem parar, como se a achasse muito estúpida. Na verdade, ele achava mesmo.
Rindou ria tão alto que chamava a atenção de todos que estavam ao redor dele, o que só serviu para irritar [Nome] ainda mais.
— O que é isso?! — disse, tentando conter os risos. — Você fez todo esse esforço pra isso? Primeiro, garota, acho que devia voltar. Eu não vou te levar no prédio da Bonten. Se toca.
[Nome] não gostou nada do tom dele.
— Posso saber o por quê? — ela perguntou entredentes.
— Eu não quero, simples assim. — ele deu de ombros.
Isso foi a gota d’água.
[Nome] retirou a arma de Ran de sua jaqueta, a pressionando contra o peito de Rindou de forma discreta, de modo que só eles pudessem ver.
Ou, no caso dele, sentir.
Rindou não escondeu a surpresa, imediatamente reconhecendo a arma do irmão.
— É mesmo? Oh, caro senhor, eu peço que reconsidere. — ela utilizou do mesmo tom arrogante que ele, pressionando o metal frio contra ele com mais força.
— É muita estupidez, mulher. — Rindou sibilou, olhando nos olhos dela. — Ele vai te matar.
— Não antes do seu irmão, caso ele me encontre primeiro. — murmurou [Nome]. — Vamos lá. Só seja bonzinho e me leve até lá.
Rindou não era um novato. A postura dela era ridícula, a forma como ela segurava a arma denunciava que ela nunca havia tocado em uma antes. Desarmar ela seria tão fácil quanto atirar uma pedrinha no lago, mas ainda estavam no meio das pessoas.
E o cheiro forte de álcool deixava claro que ela seria capaz de atirar nele ali mesmo.
Ela podia ser amadora, mas era esperta.
Rindou enfiou a mão na jaqueta dela.
— O que você…
— Eu dirijo. — disse puxando as chaves do carro de Ran, amaldiçoando o irmão por ser tão burro.
Antes de entrar, ele olhou para ela por cima do ombro, com o olhar mais severo que já tinha demonstrado.
— Você não vai barganhar, vai morrer. — sua voz era tão alegre quanto a de um coveiro. — Não diga que eu não avisei.
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𝐂𝐥𝐨𝐬𝐞𝐫 - 𝐑𝐚𝐧 𝐇𝐚𝐢𝐭𝐚𝐧𝐢
Fanfiction𝚃𝚛𝚒𝚐𝚐𝚎𝚛 𝚆𝚊𝚛𝚗𝚒𝚗𝚐 (𝚐𝚊𝚝𝚒𝚕𝚑𝚘𝚜): 𝚟𝚒𝚘𝚕𝚎𝚗𝚌𝚒𝚊, 𝚍𝚛𝚘𝚐𝚊𝚜 𝚒𝚕𝚒𝚌𝚒𝚝𝚊𝚜, 𝚍𝚎𝚙𝚎𝚗𝚍𝚎𝚗𝚌𝚒𝚊 𝚚𝚞𝚒𝚖𝚒𝚌𝚊, 𝚏𝚊𝚖𝚒𝚕𝚢 𝚒𝚜𝚜𝚞𝚎𝚜, 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚎𝚞𝚍𝚘 𝚜𝚎𝚡𝚞𝚊𝚕. ✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧ ✦ ✧ ✦ O cheiro de café é u...