⇉𝘿𝙪𝙤 𝙇𝙚𝙣𝙙𝙖́𝙧𝙞𝙤 †

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Ai!

[Nome] se curvou até cair sentada no chão, esfregando o punho direito.

— Mas que- Agh... — a garota esperneava, assoprando os dedos como se isso resolvesse alguma coisa. 

Arashi riu.

— O que tem dentro dessa coisa?! — a menor levantou a cabeça agressivamente, praticamente mostrando os dentes.

— Areia.

[Nome] ficou em silêncio por alguns segundos.

— Quer dizer que... — começou, levantando um dedo. — Eu quase morri socando areia...? Areia?! Areia é tão dura assim?

O grisalho riu diante da reação exagerada da jovem, dando de ombros.

— Bastante.

— E me mandou socar com toda a força. Ótimo. 

— Não espere que os seus oponentes tenham a carne macia, [Nome]. — o tom de Benkei era mais didático, assumindo uma expressão mais séria. — Você vai bater. E mesmo assim vai sentir dor.

Ele estendeu o braço, levantando a garota como se ela fosse um amontoado de plumas.

— Então... — ela olhou para o nada, raciocinando. — Quanto mais forte for o soco, mais o meu punho vai doer?

Arashi assentiu com um olhar de aprovação.

— Tipo a terceira lei de Newton. Entendi.

Benkei deu empurrãozinho nela.

— Não venha com essa sua baboseira inteligente. — ele se posicionou atrás do saco, o segurando com força. — De novo.

[Nome] lamentou de forma audível, resmungando com uma expressão derrotada.

Já faziam três dias desde que [Nome] foi até Arashi- Não. Benkei. Aprendera a usar esse nome durante as aulas.

Ela não ficou muito chocada quando soube que Benkei já fez parte de não só uma — mas várias gangues diferentes.

Ela ficou em choque por nunca ter ouvido isso antes. Conhecia Arashi por quase uma vida inteira.

E sinceramente? O sujeito era muito mal encarado.

Talvez ela fosse meio lerda. Ou meio burrinha.

Durante o primeiro dia, Benkei apenas a arrastou pelos quatro cantos do lugar.

Ele foi como um guia — mostrando os banheiros, bebedouros, chuveiros, saídas e entradas não convencionais...

O lugar era bem maior do que parecia.

Eram dois andares, o primeiro era constituído pelo ringue, bem no centro. Envolto de tatames e uns itens de musculação.

Sacos de boxe eram pendurados por toda a parte no canto superior esquerdo, quase como carnes no açougue.

Dava pra ver a enorme luminária branca que iluminava o primeiro — e parte do segundo — andar assim que entrava pelos fundos.

O segundo andar era visível, já que não havia exatamente chão acima do ringue. Era um campo aberto, sem paredes. Nada além de um enorme corrimão que impedia possíveis quedas.

Nesse andar, por sua vez, era uma espécie de academia. Além de ter uma dispensa com luvas de boxe e outras coisas.

No segundo dia, conheceu pessoas. Quem era legal, quem era reservado. Quem a ajudaria caso precisasse, a quem precisaria ligar caso o bicho papão aparecesse.

E então aprendeu duas coisas:

Primeira: Benkei não cobrava um iene* sequer das pessoas que treinavam ali;

Segunda: Pessoas com mais de quarenta anos podem ter muita energia.

Especialmente os com expressão sonolenta.

— O saco nem mexe. — provocou Benkei.

Uma centelha pareceu ter acendido dentro do olhar de [Nome].

— Deve ser porque... — tentou recuperar o fôlego, se engasgando com o ar. — Tem um brutamontes de dois metros segurando ele, não acha? — seu tom teria sido irônico se suas cordas vocais não estivessem fora de serviço.

— Ele moveria se não tivesse medo dele.

[Nome] e Benkei viraram suas cabeças para o lado ao mesmo tempo.

Ah, claro.

Só escutara aquela voz entediada uma única vez ontem, mas era inconfundível.

— Chegou cedo, Waka. — Benkei se aproximou do amigo, esticando o braço de forma exagerada para um desses toques de mão esquisitos que os homens fazem.

Wakasa Imaushi. Pelo que [Nome] ouviu, ele tinha quase quarenta e três anos.

Sinceramente? Deus tinha seus preferidos. Se alguém tivesse contado que ele tinha vinte e cinco, ela não teria duvidado nem por um segundo. Céus. Ele parecia mais novo que ela.

O maldito deve ter tomado um banho na fonte da juventude ou algo assim. Era quase uma ofensa para [Nome] estar perto dele.

Os olhos de Wakasa encontraram os de [Nome], a fazendo desviar imediatamente. Ela não teve um bom pressentimento.

Ela teve a impressão de ter escutado Benkei falar alguma coisa em voz baixa, observando os dois pelo canto do olho antes de entrar em pânico ao ver Arashi saindo de perto, indo até o corredor dos chuveiros.

— Ei! Benkei! — [Nome] franziu o cenho, esticando o pescoço até ele sumir de sua visão. — O que... Onde ele foi?

— Tomar banho. — Wakasa respondeu, caminhando até o ringue sem olhar para ela. 

— Por que tão cedo? — o tom da garota era mais indignado do que confuso.

Ele tirou o casaco preto que usava, o pendurando na lateral do ringue enquanto ainda não olhava para ela.

— Porque ele tá vazando.

A garota ficou confusa, se perguntando o motivo da saída repentina de Keizo.

No fim só deu de ombros, pegando sua garrafa e sua toalha de rosto antes de ir em direção ao vestiário.

Mas não conseguiu ir muito longe.

— Ei! — Wakasa gritou, fazendo todos os presentes olharem para ele. — Pra onde você vai?

[Nome] ergueu uma sobrancelha.

— Pra minha casa. — ela olhou em volta, vendo que todos prestavam atenção nos dois. 

Ela se aproximou do ringue, meio envergonhada.

— Você disse que o Benkei foi para casa, não disse? — ela quase sussurrou. — O que foi?

— Solta suas coisas — ele se afastou da beirada em um impulso, indo até o meio. — E sobe aqui.

— Hein?

Shirazu ficou estática. Soltando as coisas sem perceber.

— Pode vir. — os cantos dos lábios de Wakasa se esticaram em um sorriso fraco enquanto ele estalava os dedos. — Sou seu novo saco de pancada.

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* Iene é a moeda do Japão.

𝐂𝐥𝐨𝐬𝐞𝐫 - 𝐑𝐚𝐧 𝐇𝐚𝐢𝐭𝐚𝐧𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora