5. Airplane

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Airplane

Confiro mais uma vez o número e letra da cadeira. A mulher de cabelos de raiz verde neon, sentada ao lado da janela me encara atenta.

Pego minha mala e começo a tentar encaixá-la no compartimento de cima. Não contenho soltar alguns xingamentos em espanhol na tentativa frustrada de colocar a maldita bagagem no lugar. Depois de mais algumas tentativas uma aeromoça me ajuda e coloca a mesma com uma facilidade absurda.

—Gracias.

—Disponha —Responde com um sorriso de lábios e segue pelo corredor, ajudando outros passageiros.

Me ajeito no lugar, prendendo o cinto, outra vez tendo dificuldades.

Com certeza hoje não era o meu dia. O que era para ser uma viagem ótima se tornou a prévia de um término, Camila me convidou para seu aniversário há meses atrás, me organizei e estava tudo pronto, meu namorado, ou melhor, ex, estava ocupado no trabalho e decidiu que não me acompanharia em um evento que eu o havia avisado há meses.

Até então estava bem, mas aí quando ele foi tomar um banho deixou o celular dentro da calça e recebeu uma ligação. Quando atendi era sua amante, perguntando se eu já tinha saído de viagem e se poderia ir ao nosso apartamento.

Desliguei na cara dela, não sei o que me deu, meu sangue não ferveu como costumeiramente faz. Coloquei o celular de volta ao bolso da calça e terminei de me organizar. Quando ele saiu logo procurou pelo celular preocupado, mas quando achou no bolso ficou tranquilo, terminei tudo e me despedi dele.

Agora preciso achar um novo lugar antes de voltar.

Assim que entrei no avião, coisa que eu detesto, toda a frieza se tornou um grande emaranhado de xingamentos em espanhol e estresse.

—Bebe álcool, linda? —Ouço a voz grave assim que encaixo o maldito cinto, olho para o lado.

A mulher de cabelos de raiz verde neon me encarava esperando uma resposta. Honestamente eu estava de saco cheio, não estava no meu melhor momento, então decidi fazer a primeira coisa que veio a minha cabeça.

—No hablo su idioma, que dice? —Franzi o cenho, usando todo meu empenho das aulas de teatro para fingir ali.

—Não fala? Que pena —Sorriu para mim, sorri de volta —Eu diria que tiraria sua roupa aqui mesmo, aposto que não tem apenas um rosto bonito.

Ok. Definitivamente aquilo foi inesperado.

Meu ego ferido foi massageado por suas palavras.

—Perdón?

—Nada, linda, nada.

Voltei minha atenção a frente, agora me sentindo mais nervosa do que antes, a mulher me encarava sem pudor, quando a olhava de volta ela sorria, erguendo o copo com o que deduzo ser whisky.

—Ah, essa viagem vai ser dura. Porra, porque essa gostosa tinha que sentar do meu lado? —Murmura para si mesma —Porra, seria tão gostoso nos duas no banheiro, meu pau enterrado nela.

Céus, o que essa mulher está falando?

Estou ficando quente.

—Preciso me aliviar ou isso vai ser complicado.

A mulher tirou o cinto prestes a levantar, mas a aeromoça a alertou para voltar pois iniciariam a decolagem, ela sentou frustrada, de canto de olho consegui ver um volume se formando entre suas pernas.

—Ah sim, amorzinho, é tudo para você —Sua voz carregada de malícia.

...

Fuga de clichês, One shots Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora