15. Fuzileira

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Fuzileira

—Oi, babe.

—Oi Bill, bom dia. –Murmuro rouca.

—Te acordei?

—Sim, mas eu já iria acordar –Explico a mesma que sorri fraco. –Como está por aí?

—Bem...

—Hm...

Eu queria ter mais assunto com minha namorada. Mas ultimamente parece que não estamos mais na mesma sintonia, parece que não estamos mais conseguindo manter nossas conversas. E isso é tão frustrante. Quero poder conversar com ela.

—Como foi o casamento do Finn?

—Foi ótimo. Ele ainda está chateado com você por não ter vindo.

—Eu sei... –Suspira pesado e posso ver seus olhos lacrimejarem –Onde estamos não consegui a licença. –Me explica, mesmo que já tivéssemos conversado sobre isso outras vezes.

—Eu sei que ele entende que não foi por sua vontade. –Tento lhe passar algum conforto e ela nega frustrada.

—Nós sabemos que sou responsável... escolhi essa vida.

—Bill...

—Olha para nós. Hazel. Mal nos falamos, fazem o quê? Três meses desde a nossa última conversa? E olha como estamos...

—O que quer dizer? –Franzi o cenho, percebendo em minha namorada algumas lágrimas.

—Não quero te manter presa a mim. Mais do que já está. –Murmurou.

—Me diz que não está pensando no que acho que está pensando. –Resmunguei sentindo um nó se formar em minha garganta.

Foram longos segundos em um completo silêncio.

Billie usava sua farda. O que significava que ela tinha um tempo limitado para estar ali, ou que tinha voltado de uma patrulha. Era sempre assim.

Já não controlava as lágrimas que insistiam em sair pelos meus olhos. Porque por mais que não estivéssemos no melhor momento, ainda assim a queria, a amava. Ela não podia desistir logo agora. Depois de tanto tempo. Não podia desistir de nós assim.

Mas parece que já era tarde. Era possível ver no rosto de Billie que sua decisão já havia sido tomada.

—É isso? –Quebro o silêncio e a vejo limpar algumas lágrimas –Vai terminar assim?

—Sabe que não é o meu desejo.

—Então porque está fazendo isso?

—Porque você está infeliz. Hazel... eu nem pude te levar em sua formatura...

—É por isso? Já não conversamos?

—E o quê? Vamos fazer uma lista das minhas dívidas com você?... Nós duas sabemos que isso não daria certo...

—Eu fui só um romance de verão para você? Um meio de preencher o tempo? —Retruquei fungando.

—Sabe que essa não é a verdade –Sua voz falhou por um instante –Não posso manter você me esperando. Quando não posso garantir que vou... voltar –A encarei pela tela do computador.

Algo estava errado.

Franzi o cenho para a mulher, mas Billie desviou o olhar, baixando a cabeça enquanto chorava e suas mãos tapavam seu rosto.

Não estávamos sozinhas na nossa ligação. Já estava acostumada a ter mais pessoas ouvindo o que falávamos, já que no alojamento haviam vários computadores e todos eram compartilhados e os soldados tinham horários para uso. Então haviam alguns outros ali, talvez esperando alguém terminar para usarem e poderem falar com as pessoas que amavam.

Fuga de clichês, One shots Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora