Sem rumo

3.3K 118 3
                                    


Fui o útlimo a descer do trem. Não saí da cabine durante toda a viagem, cansado demais para provocar a turma do Potter. Voltar para Hogwarts nunca mais seria como antes. Os olhares de medo e de raiva de pais e alunos deixaram bem claro que não me deixariam em paz. 

Não pude deixar de pensar na ironia de tudo aquilo. Eu havia passado anos e anos atormentando os outros por não serem tão ricos, tão nobres ou de sangue tão puro quanto o meu. Como fui idiota! Agora era a minha vez de sofrer bullying e preconceito. O mundo dá voltas! 

Quando me sentei num cantinho isolado da mesa da Sonserina, notei que conhecia os colegas apenas de vista. Os da minha turma tinham desistido de fazer o último ano e os mais novos eram apenas conhecidos. Fiquei olhando para os pratos, esperando a cerimônia do chapéu seletor acabar, sem coragem para encarar o salão inteiro me julgando, mas podia ouvir os cochichos

- Ele deveria estar em Askaban!

- Minha mãe disse que vai protestar na frente do Ministério se ele não for expulso!

- Como Minerva McGonagall pôde aceitá-lo???

Fingi que não ouvi nada e agradeci aos céus pelo jantar ser servido. Comecei a comer em silêncio quando senti uma pancada na cabeça. Tinham jogado um donut de chocolate em mim. Tentei limpar discretamente e ouvi risadas vindo de todas as mesas. De repente, um pedaço de torta de abóbora voou na minha camisa. Depois disso, a comida passou a chegar de todos os lados. Me acertaram na cabeça, nos braços, nas costas. Estava todo melecado de comida e de suco, quando a diretora gritou:

- Parem com essa palhaçada! Ele foi absolvido! Vocês querem saber mais do que a Suprema Corte? Eu estive lá, acompanhei os depoimentos e concordo com a sentença! Malfoy tem o direito de terminar os estudos assim como todos vocês! E se eu souber que alguém o atacou, vou suspender. Entenderam?

Uma bruxa de uns 13 anos, da Lufa-Lufa, levantou a mão para protestar.

- Minha mãe disse que vai reclamar no Ministério se a senhora não expulsar ele!

McGonagall respirou fundo antes de responder:

- Senhorita Jones, eu já mandei uma coruja para a sua mãe. Ela, assim como todos os outros pais, não está acima da lei! Draco Malfoy foi absolvido, tem o direito a terminar os estudos e ponto final! - encerrou a discussão e, com um toque da sua varinha, fez um feitiço de limpeza em mim e na mesa da Sonserina. 

Caminhei para os portões de Hogwarts desanimado. Eu achava que tinha conseguido autorização para ir e voltar de Hogsmeade todos os dias porque era maior de idade. Mas agora acho que  McGonagall autorizou tão depressa porque era melhor para a escola. Muitos pais de alunos sonserinos, especialmente os do primeiro ano, ficaram aliviados por saberem que eu não ia usar o dormitório. 

Quando estava quase chegando ao portão, Potter e seus sombras apareceram.

- Espera, Malfoy - Granger gritou. - Queremos conversar com você.

Eu pensei em fazer um comentário sarcástico sobre o cabelo despenteado dela ou da roupa amarrotada de Ron, mas me calei. O tempo do Draco provocador tinha acabado. Eu estava cansado demais até pra brigar.

- Vocês querem jogar suco de abóbora em mim também? - perguntei.

-Não, Malfoy! - Potter respondeu - Nós queremos te apoiar! Não compactuamos com essa palhaçada! Você foi absolvido. Nós 3 estivemos lá para testemunhar por você e por sua mãe!

- Eu percebi, Potter. Eu estava lá. - respondi. - Estou muito cansado. Posso ir embora agora, ou vou ter que ficar para a palestra de vocês?

- Calma, Malfoy. Queremos esclarecer uma coisa: o passado ficou no passado. Eu sei que não vamos ficar amigos, mas podemos tentar conviver civilizadamente - Potter respondeu.

Eu olhei para eles. O trio de ouro! Eles eram tão melhores do que eu em tudo. Talvez já tivessem até mesmo superado as feridas emocionais da guerra. Pensei em ignorá-los e simplesmente sair andando, mas resolvi optar pela minha paz:

- Eu nunca agradeci pelo que vocês fizeram. Minha mãe está livre e eu peguei apenas uma condicional de 2 anos sem poder sair do país. Se não fosse o testemunho de vocês, eu estaria em Askaban como todos os outros comensais. Obrigado. Prometo que este ano será diferente, não vou perturbar nenhum de vocês. Nem Longbottom. 

- Nós não teríamos vencido a guerra sem você e sua mãe, Malfoy - disse a sabe-tudo. Se ela penteasse o cabelo de vez em quando e não carregasse um milhão de livros nos braços como uma corcunda de Notre Dame, poderia até ser a garota mais bonita de toda a escola. As curvas dela estavam uma delícia.

- Certo. Vamos conviver civilizadamente. Posso ir embora agora?

O trio de ouro ficou me olhando enquanto eu caminhava para além dos portões com minha autorização especial. Caminhei lentamente pelas ruas escuras de Hogsmeade arrastando o meu malão. Joguei os livros no corredor e me deitei no sofá sem tirar o uniforme. Minha casa era pequena, mas mesmo assim parecia que eu tinha espaço demais para me lembrar do quanto estava sozinho, quebrado e sem rumo. 



Aulas de sexo com Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora