A volta de Ron Weasley

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Todo dia eu prometia a mim mesmo terminar tudo com ela e toda noite eu me traía pela chance de possuí-la mais uma vez. Depois de muitos meses, quando estávamos nos aproximando do final do último ano letivo de Hogwarts, ela pediu para conversar comigo.

Levei um choque. Tínhamos um acordo sem palavras para falar apenas sobre sacanagem e mais nada. 

Chegava a ser irônico. Fizemos sexo muito mais depravado do que a maioria dos casais deste mundo, compartilhamos as mais loucas e agressivas fantasias, sem nenhuma vergonha ou pudor, mas não conseguíamos ter uma conversa simples sobre nós.

Eu não sabia nada dos pais dela. Se estavam bem. Se tinham recuperado a memória. Ela nunca perguntou sobre a morte do meu pai. Nem quis saber o motivo pelo qual minha mãe nunca voltou da Itália para me visitar. Aliás, nem ela, nem ninguém. Eu não recebia visitas. Não trocava corujas. Estava sempre sozinho, de cara fechada. 

Não conversávamos sobre os nossos planos para  o futuro, sobre a profissão que escolheríamos. Nunca contei a ela que queria mudar de continente, começar vida nova em outro lugar do mundo sem o peso do sobrenome Malfoy me assombrando em cada passo. 

Sobre o que ela queria conversar? 

Que assunto poderíamos ter fora da cama? 

Nós nos sentamos a beira do lago de Hogwarts. Depois de alguns minutos em silêncio, ela começou:

- Draco, eu arrastei você para essa maluquice de aula de sexo e de repente se passaram muitos meses. Meses demais. Eu queria ter conversado com você antes, mas nunca conseguia. Não queria deixar para trás essa experiência tão libertadora... mas... Mas eu acho que chegou a hora de parar.

Ela olhou para mim, esperando que eu dissesse alguma coisa. Era a minha oportunidade de abrir o coração, de ser sincero com ela. Eu a perderia de qualquer forma, então seria mais digno dizer a verdade.

A minha fama de brutalmente honesto terminaria assim, de um jeito tão deprimente?

Como eu não disse nada, ela continuou:

- Você sempre deixou muito claro que odeia romantismo e acha que o amor é uma farsa. Uma fraqueza. Uma infantilidade. Nunca vou me esquecer de quando você contou que nunca tinha se apaixonado na vida. E que não queria namorar, ter um relacionamento sério. Eu achei esquisito no começo, mas depois te entendi. Você tem uma maneira livre de ser e de agir e eu aprendi a te admirar por isso. Acho que foi uma reação que você encontrou para toda a criação conservadora e tradicional que recebeu. Foi o seu jeito de renegar os valores de sangue puro que recebeu da sua família. 

Eu continuei em silêncio, com um nó gigante na garganta.

- Eu queria te agradecer por tudo. Foram momentos muito especiais. Mas eu preciso de mais. Eu ainda tenho os sonhos de antes, por mais bobos que sejam. Eu quero poder conversar não só sobre fantasias sexuais, mas sobre tudo. Eu não quero só um amante, mas também um amigo. Um companheiro. 

Continuei em silêncio.

- Draco, você quer me dizer alguma coisa?

Eu queria. Queria dizer que os meses que passei com ela foram os melhores da minha vida. Queria dizer que estava completamente apaixonado por ela e que queria que ela fosse morar comigo em Hogsmeade. Queria conversar com ela sobre as viagens que faríamos juntos, sobre os lugares que conheceríamos. Queria contar sobre a minha infância, sobre a adolescência roubada pela guerra e o porquê de eu ter me tornado um comensal da morte. E o quanto eu me arrependia. E o quanto eu queria que tudo fosse diferente, que pudéssemos ter nos conhecido melhor. Eu queria perguntar sobre a memória dos pais dela e sobre a vida que ela levava antes de Hogwarts, antes da guerra, antes de toda aquela bobagem de puro sangue. Eu queria contar que a minha matéria preferida era Poções e queria perguntar qual era a dela, já que ela estudava todas com o mesmo entusiasmo. Eu queria dizer que sempre a admirei por ser tão esforçada e inteligente e que ela merecia o título de a bruxa mais brilhante da nossa geração. E de todas as outras.

Eu queria dizer que a amava.

Mas não consegui.  

- Foi um bom jogo. - foi só o que saiu da minha boca.

Ela sorriu:

- Foi um bom jogo. 

Ficamos sentados em silêncio por mais alguns minutos olhando para o lago, quando Luna apareceu aos gritos:

- Mioneeeeee! Ele chegou! Ron chegou!

Eu não acreditei. Ela fez todo aquele discursinho bonito e maduro, mas na verdade estava apenas se livrando de mim para voltar correndo para o ex? 

- Granger! Eu não acredito nisso! - berrei, completamente descontrolado. - Você vai voltar para aquele filho da puta depois de tudo o que ele te fez? Como você pode ser tão estúpida? Como????????

- Para de gritar, Draco! As pessoas estão ouvindo. - ela sussurrou quando percebeu que Potter, Longbottom e Gina apareceram, atraídos pelo barulho.

- Que gritaria é essa, gente? Mione, vem ver o Ron! - Luna insistiu.

Eu continuei berrando:

- É isso que você merece! Um namorado virjão que não sabe nem te beijar direito. Mas agora você aprendeu, não aprendeu, sabe-tudo? Vai ensinar pra ele? Duvido que ele aprenda, mas você gosta de desafios! Casa com ele, casa! Vou mandar uma cesta de frutas estragadas para a lua de mel de vocês! Vocês se merecem!!!!!!!!!!!

- Draco, para de gritar! Tá todo mundo olhando. - ela estava aflita para manter a sua reputação. 

Eu saí andando para longe dela, mas Weasley apareceu do nada na minha frente e eu comecei a xingar, descontroladamente:

- Ah, o canalha ruivo voltou! Conheceu a estátua da liberdade, respirou sozinho sem ser a sombra de Potter, mas voltou correndo para debaixo da saia da mamãe, né, filho da puta? Como vai ser, Weasley? Casamento na toca juntinho com o-menino-que-sempre-sobrevive e a pirralha da sua irmã, lua de mel a quatro assistindo a um desenho animado da Disney, hein? Depois serão padrinhos dos filhos uns dos outros, que gracinha! Uma vida per-fei-ta!  Final feliz de conto de fadas!!!!!!

Para a minha surpresa, Weasley começou a rir.

- Eu te disse, Mione. Eu te avisei. - ele falou enquanto gargalhava.  

Olhei para ela. Estava chocada demais para reagir. Fiz um favor para todos eles e fui embora para Hogsmeade. Se pudesse, iria embora do país.




Aulas de sexo com Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora