O trio de ouro também sofre

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O primeiro mês em Hogwarts foi menos difícil do que imaginei. A diretora McGonagall cumpriu a ameaça de distribuir detenções e suspensões para quem me incomodasse e eu nunca mais fui vítima de guerra de comida na hora das refeições. Não fiz amigos, mas passava tantas horas estudando na biblioteca e prestava tanta atenção às aulas, que não me incomodei. O meu tempo de aluno popular rodeado de gente o tempo todo tinha acabado, era burrice lamentar. 

O trio de ouro era sempre muito simpático comigo durante as aulas. Com o tempo e a convivência, mesmo me mantendo afastado, percebi que eles não estavam tão bem quanto pareciam. Potter não precisava ter voltado para Hogwarts e o ministério sempre o perturbava com convites para ser auror. Com o tempo, percebi que ele parecia não estar interessado. Parecia tentar se agarrar às memórias felizes da escola reformada, mas todos nós sabíamos o sangue que havia sido derramado ali, os colegas que perdemos para a guerra. 

Os únicos momentos em que ele não estava calado enquanto Ron e Hermione discutiam era quando estava com a pirralha ruiva. Apesar da infantilidade do namoro, eles pareciam felizes juntos. Já Granger e o tonto Weasley brigavam o tempo inteiro. Nunca na minha vida eu tinha visto um namoro que parecia um pesadelo tão clichê quanto o deles. Eles brigavam tanto que resolvi prestar atenção para me divertir.

Granger falava sem parar, gesticulando muito, mas eu nunca tinha me interessado por suas cobranças melosas ao namorado. Mas um dia eu ouvi o cochicho dos dois numa aula de poções e passei a me interessar imediatamente:

- Ron, pelo amor de Deus, Gina e Harry já fizeram, Luna já fez, até Neville já fez e nós continuamos os únicos virgens da Grifinória! Daqui a pouco os alunos dos primeiros anos vão nos chamar de crianças!

Eu simplesmente não acreditei. Os dois idiotas chegaram mesmo aos 18 anos virgens? Eles ficaram o ano todo acampando juntos durante a guerra e não fizeram absolutamente na-da? Eu tive que me segurar para não ter uma crise de riso no meio da aula. Que criaturas patéticas!

- Mione, eu acho que não estamos preparados - Ron falou bem baixinho e Hermione ficou com os olhos marejados.

- Você não me quer, é isso. Pode confessar! - ela reclamou, limpando as lágrimas.

- Não é isso, Mione... Eu não sei o que é... Eu não consigo ter vontade ainda...

Fiquei absolutamente chocado. Granger era in-su-por-tá-vel, mas era bonita. Eu diria que tinha ficado mais gostosa, com curvas. E o idiota ruivo não era apaixonado por ela a vida toda? O profeta diário não publicou a linda história de amor deles? Então, qual era o problema do mané? Onde já se viu deixar uma bruxa daquelas implorar por sexo desse jeito?

Eu sempre soube que tinha alguma coisa errada com o Weasley, mas não imaginava que era tããããããão errada assim. Será que era um problema de tamanho? Ele se achava muito pequeno? Ou será que era medo de ejaculação precoce? Mas, caralho, a menina era uma virjona também, sequer tinha com quem comparar!

Eu queria falar alguma coisa, qualquer coisa. O Draco do passado queria zombar, zoar, fazer piadas cruéis com os dois pelo resto da vida e gargalhar na cara deles toda vez que passavam. Mas eu não era mais aquele moleque idiota. Olhei para frente e me empenhei em prestar atenção na aula.

Mas durante toda a semana eu não conseguia segurar a curiosidade. Será que eles finalmente transaram? Mas todas as manhãs o péssimo humor da Granger e a cara de pateta do Weasley me davam a certeza de que ainda não. Aquela demora era fascinante! O que tinha de errado com o panaca ruivo? 

Na quarta-feira a coisa piorou mais. Granger chorava, Potter e a pirralha ruiva tentavam acalmá-la e o babaca Weasley simplesmente não aparecia. Ele faltou a todas as aulas e eu não o vi em nenhum lugar do castelo durante todo o resto da semana. Até que na sexta, indo embora para o fim de semana em Hogsmeade, vi Luna e Gina conversando perto do lago. Parei quando escutei o nome do babaca e fiquei ouvindo:

- Ele foi mesmo, Gina?

- Foi, Luna. Trancou a matrícula de Hogwarts e se mudou para os Estados Unidos por tempo indeterminado. Mamãe está arrasada por ele não terminar os estudos e escolher ir para tão longe.

- O que você acha que aconteceu com Ron? - Luna perguntou, preocupada.

- Ele acha que estamos forçando uma normalidade impossível. Que a reforma de Hogwarts não apaga as memórias ruins da guerra. Ele disse que precisa de um tempo para consertar a cabeça e decidir o que vai fazer da vida agora. 

- Eu acho que essa crise do Ron é uma crise que todos nós estamos adiando - refletiu Luna. - Ele tem razão, a gente finge que tá tudo normal como se não tivesse acabado de sair daquele inferno que foi o ano passado. Não está tudo bem. Eu estou fazendo terapia.

- Terapia, Luna? Mas sempre te achei tão imperturbável! 

- Tem me feito bem. Você e Harry deveriam experimentar.

- Mione também - acrescentou Gina. - Mas ela acha que tudo isso é besteira, que devemos continuar a vida como se fosse só uma questão de virar a página. Ela e Ron são diferentes demais. Eu acho que no fundo foi bom, sabe? Não iam dar certo.

Saí devagar para elas não perceberem que ouvi tudo. Entendi um pouco o idiota ruivo. Fiquei refletindo sobre como a guerra quebrou todos nós. Fomos  todos jogados numa batalha que não era nossa, que deveria ter sido um fardo para os adultos, não para crianças. E agora todos precisavam juntar os cacos sozinhos. Como se pudéssemos fingir que nada aconteceu. 

Pelo menos eu ainda tenho o meu jogo de caça. Cada mulher conquistada é uma distração nesse game do prazer que criei para mim. Quando estou com elas, quando elas espontaneamente escolhem sair comigo e gozam enlouquecidamente nos meus braços poucas horas depois de terem me conhecido, esqueço de tudo o que perdi na minha vida. Paro de me lembrar da esperança de dias melhores que não vai voltar nunca mais.  


Aulas de sexo com Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora