Capítulo 8.

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Não fuja do passado.

Contar sobre meu passado nunca foi algo que gostei de fazer. Por muitas vezes, só quis esquecer, mas inevitavelmente, não posso fugir daquilo que me atormenta.

Minha Infância não foi das melhores, embora eu tenha tentado acreditar que teve seus momentos felizes. Eu era o filho mais novo de uma família de 15 irmãos vampiros. Nossa familia era extremamente rigida, impondo regras e restrições que eu detestava. Amar outra espécie? Errado. Amar alguém do mesmo sexo? Errado. Ser vulgar? Errado. Gostar de coisas de humanos? Errado. Eu não poderia ser quem era considerado "errado" aos olhos da minha família. Eu nunca queria decepcioná-los, porque sabia das consequências.

Uma vez, meu irmão mais velho, um dos mais corajosos, decepcionou meu pai ao se envolver com um humano. Lembro-me vividamente do quanto meu pai ficou furioso e simplesmente o espancou. Foi trágico.

Minha mãe também não era uma santa. Ela constantemente bebia, especialmente quando meu pai não estava presente. Lembro-me de um dia em que meu pai saiu com meus irmãos para caçar, e minha mãe me via como seu favorito, eu não sabia se isso era bom. Ela sempre vinha ao meu quarto, bêbada, e dizia coisas estranhas, como "Você sabe que é meu favorito, não sabe?" ou "Seu cabelo é tão lindo e branco... iguais aos meus." Ela cheirava meu cabelo constantemente, beijava minha cabeça e testa. Tudo parecia bem, isto é, mães sempre beijam seus filhos, correto? Até que um dia, ela cruzou uma linha, que eu... nunca soube que existiu.

Um dia, ela começou a me tocar de uma forma que não era correta. Ela dizia coisas como "Você ama a mamãe, né?" ou "Você faria um favor para a mamãe?" Na época, pensei que fosse apenas mais um trabalho doméstico, como cozinhar ou ajudar a limpar. Mas logo percebi que era algo mais. Ela começou a me... obrigar a tocá-la, enquanto dizia coisas como "Oh, você é com toda certeza melhor que o seu pai!" Ofegante. Ou dizia "Eu fiz certo em ter você!" Coisas tão… estranhas, que na época eu não entendia. Eu ainda não entendo tanto, mas, eu lembro que o gosto daquela "maionese" certamente não era bom. Isso virou um hábito, já que toda vez que ficava bêbada, ela ia em meu quarto e me mandava… "tomar o leite da mamãe", até que eu disse que não queria mais aquilo, e ela gritou comigo dizendo que se não o fizesse eu deixaria de ser seu favorito. Até mesmo sóbria, ela só fingia que aquilo não havia acontecido.

Na adolescência, minha mãe foi expulsa de casa por meu pai, que a chamou de "uma vampira vadia inútil". Alguns dos meus outros irmãos foram embora com ela, outros foram crescendo e aproveitaram para ir embora, mas eu fiquei, o último herdeiro da família. Meu pai queria que eu fosse o orgulho da família, o verdadeiro vampiro daquela casa cheia de "maricas".

Eu tentava meu melhor para atender às expectativas dele, mesmo que não fosse o que eu queria. Meu pai uma vez me disse que eu moraria com ele ao crescer e cuidaria dele. Eu aceitei superficialmente, mas não era o que eu queria. No entanto, não tinha outro lugar para ir, então acabei ficando.

Isso é só um pouco da minha infância. Não sou bom contando essas coisas, mas sinto que precisava. Talvez eu seja dramático demais, mas isso não importa, Eu tenho meu… amigo, Apollo, que se importa comigo. Ele não me deixaria, e eu não o deixaria. Espero que meu pai nunca descubra sobre Apollo. Não quero que ele seja forçado a se afastar de mim. Não vou admitir, mas ele é mais do que importante para mim.

A Benção da Lua de Prata.Onde histórias criam vida. Descubra agora