Capítulo 1.

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A Escuridão Da Noite.

Meu nome é Aaron. Sou um vampiro, habitante das sombras, alimentando-me da vida dos mortais há séculos. Minha jornada noturna é uma dança sinistra entre a escuridão e a lua, esta última, uma aliada incerta em minhas caçadas. Meus cabelos médios, brancos e meio grisalhos, balançam ao vento frio da noite, enquanto minha pele pálida, adornada com sardas singulares, contrasta com os ternos chiques e antiquados que me envolvem. Nesta noite, como tantas outras, a fome aguça meus sentidos, impulsionando-me para as profundezas da floresta urbana, onde rumores de criaturas ocultas ecoam em sussurros. Desprezo tais lendas, pois para mim, a busca por alimento é apenas uma questão de sobrevivência, tão natural quanto a necessidade dos humanos por sustento. Por que deveríamos ser diferentes?

Enquanto meus passos silenciosos cortam a escuridão, avisto uma presa solitária entre as árvores. Um homem, inconsciente do perigo iminente que se aproxima. Aproximar-me dele torna-se uma dança furtiva, uma coreografia entre a caça e o caçador. Entretanto, antes que eu possa saborear meu banquete noturno, um rosnado familiar corta o ar. Um lobo, um inimigo ancestral dos meus semelhantes, emerge das sombras, interrompendo minha caçada. Num gesto instintivo, tento me lançar contra o lobisomem, revelando minha verdadeira forma vampírica. Contudo, minha investida é em vão. O lobo reage com fúria, atacando-me com uma ferocidade incomum. Sua mordida é como um golpe de punhal, perfurando meu ombro com uma força avassaladora. A dor dilacera meu ser, e a fraqueza da fome aliada à ferida profunda é demais para suportar. Caio ao chão, envolto na escuridão que agora me consome, enquanto o homem que deveria ser minha presa foge desesperado.

A última coisa que percebo antes de perder a consciência é a irônica Bênção da Lua de Prata, que ao testemunhar de maneira silenciosa minha derrota nesta noite sombria, brilha com força aos céus.

A Benção da Lua de Prata.Onde histórias criam vida. Descubra agora