Capítulo 12.

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Noite Perfeita.

Eu me encontrava diante da caverna lotada, observando o agito da festa de lobisomens ao lado de Apollo. Uma sensação incômoda de dúvida se instalou em minha mente, fazendo-me questionar por que havia concordado em vir para cá.

— Apollo… tem certeza que esse lugar é seguro para um vampiro? — Perguntei, sentindo o receio crescer dentro de mim. Eu jamais tivera a oportunidade de frequentar uma festa, ainda mais uma exclusivamente de lobisomens.

— O que? Mas é claro que é seguro! Eu vou te proteger, relaxe. — Apollo respondeu, sua animação evidente. Ele adorava uma boa festa, e agora queria que eu compartilhasse desse prazer com ele.

Suspirei em vergonha, sem saber como agir, permitindo que Apollo assumisse o controle de nossos passos na festa.

— Vem, vamos beber algo! — Apollo disse, segurando minha mão e me conduzindo em direção ao balcão.

— Oh oh... Apollo, eu não bebo álcool. — Murmurei, tentando resistir, mas o lobisomem parecia pouco se importar.

— Não bebe? Ah, relaxe! Bebidas alcoólicas de lobisomens são fracas, nada vai te acontecer, prometo! — Apollo assegurou, entregando-me um copo.

Observei o copo por alguns longos segundos, debatendo internamente se deveria ceder ao pedido de Apollo. Finalmente, rendi-me e tomei um gole, surpreendido pelo gosto agradável da bebida.

— Uau... isso é gostoso. — Admiti timidamente para Apollo, que já estava em seu quarto copo.

— Eu disse! Bebe mais um pouco. — Apollo encorajou.

Conforme a noite avançava, deixei-me levar pela animação, bebendo e dançando ao lado de Apollo. A embriaguez gradualmente se instalou, e logo eu estava tão bêbado quanto ele. Juntos, aproveitamos cada momento da festa, sem nos preocuparmos com mais nada.

Ao sairmos da festa, Apollo e eu caminhávamos juntos, ambos bêbados e rindo de nossas próprias piadas.

— Ai… eu não acredito que fui numa festa de... lobisomens! — Deixei escapar uma risada, o efeito do álcool evidente em minha voz.

— Nem eu acredito que levei meu vampirinho para uma festa cheia de... brutamontes! — Apollo brincou, seu sorriso largo iluminando a noite.

Mas então, em meio à nossa descontração, uma pergunta surgiu em minha mente, uma pergunta que eu não tinha certeza se queria fazer.

— Por... — Hesitei por um instante. — por que você não estava lá? — Minhas palavras saíram confusas, mas Apollo pareceu entender.

— Hm? Como assim? Eu estava lá! Eu fiquei do seu lado a noite toda. — Ele respondeu, sem entender o motivo da minha pergunta.

— Não. Por que você não estava lá quando eu precisei de você? — Parei de andar, e Apollo fez o mesmo, perplexo com minha mudança de tom.

— Eu não estou entendendo. — Ele disse, sua expressão agora mais séria do que nunca.

— Naquele dia, na caverna. Que você me salvou. Você me deixou sozinho, eu me perguntei se você iria voltar, mas não te vi retornar. Me questionei, onde você estava? — Minhas palavras saíram mais rapidamente do que eu esperava, revelando meus ciúmes daquele dia.

Antes que Apollo pudesse responder, eu explodi:

— ONDE VOCÊ ESTAVA?! COM AQUELAS GAROTAS? PEGANDO TODAS ELAS COMO SE VOCÊ FOSSE UM GARANHÃO?! — Minha raiva transparecia em cada palavra, revelando a dor que eu havia guardado dentro de mim.

Apollo não ficou calado diante do meu ataque, e suas palavras cortaram como uma faca:

— E VOCÊ?! Você esteve algum dia lá por mim? Você sequer sabe alguma coisa, vampirinho bastardo? — Sua resposta foi áspera, tão cruel quanto as minhas acusações. — O que te faz pensar que eu estava pegando aquelas garotas? Eu NUNCA te abandonaria, nunca! Mas, você vem dizendo que eu nunca te ouvi… nunca tentei nada para te ajudar, me diga o quanto você me ajudou, então. Sabe todas aquelas noites, em que você simplesmente sumiu? Eu pensava, onde meu vampirinho foi? Eu ficava me culpando pensando que não tinha te tratado adequadamente e que você tinha me abandonado, por outra pessoa, vampiro, lobisomem, que seja!

— … - Eu fiquei em silêncio por alguns segundos, absorvendo as palavras de Apollo.

O lobisomem, num momento de estresse, passou suas garras afiadas na árvore ao lado, a perfurando e deixando uma marca grande lá. Me assustando brevemente, já que nunca vi sua enorme força.

— Seu idiota. Você podia ter me procurado… - Digo.

— E não acha que eu fiz isso? Eu procurei por você. Procurei incansavelmente. Mas, você só aparece quando você quer, eu não entendo! - Apollo disse levemente trêmulo. — Você está tirando conclusões precipitadas. As garotas lá, eram somente minhas amigas. Eu ia te apresentar para elas naquele dia, mas você tinha apenas desaparecido o dia todo! Eu fiquei só um tempo com elas, esperando você voltar. Mas, você estava tão emburrado aquele dia, eu nem ousei trazê-las perto de você. Pare de pensar que tudo é sobre você! Pergunte antes de vir para cima de mim com essa patifaria de ciúmes!

As palavras de Apollo eram duras, Eu sabia que não tinha direito de nada, realmente eu tirei conclusões precipitadas, eu não tinha direito de ofender Apollo, nem o questionar de suas amizades. Mas, por que aquelas palavras me machucaram, mesmo que eu soubesse que eu não tenho direito nenhum de me sentir machucado?

— Eu posso ter sido egoísta disso, mas eu não queria perder você. Eu gosto demais de você para te perder. — Confessei, deixando minha vulnerabilidade à mostra.

E, com aquelas palavras, corri dali, deixando Apollo para trás, gritando meu nome em vão. Agora, eu estava sozinho, sentado diante dos portões de minha mansão, as lágrimas caindo livremente.

A noite que parecia perfeita havia se revelado uma ilusão cruel.

A Benção da Lua de Prata.Onde histórias criam vida. Descubra agora