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Yasmin Brunet

Eu vacilei muito, e com certeza este é o maior arrependimento da minha vida. Conheci S/n há quatro anos atrás, e poderia dizer que foi amor à primeira vista. Ela me conquistou com seu humor, sorriso e personalidade; tudo nela me cativava extremamente. Quando a conheci, senti algo estranho, coisas que nunca senti com Evandro e muito menos com Gabriel. Ela me entendia como ninguém no mundo jamais conseguiu entender. No início, foi tudo um choque, afinal, eu tinha 31 anos e estava me apaixonando pela primeira vez, e para complicar, era por uma garota.

Nós começamos a sair, foi algo muito natural. Tudo entre nós ocorreu como deveria. O dia em que descobri que realmente estava apaixonada por S/n é algo que sempre estará guardado na minha memória. Estávamos ficando há pouco menos de seis meses, era algo privado; ninguém além dos nossos amigos mais próximos sabia. Eu não era assumida, e S/n respeitava completamente aquilo.

Estávamos em uma das festas que costumávamos frequentar, algo apenas para beber e nos divertir. S/n estava conversando com Vitória Strada, um nome que sempre foi um tópico sensível para mim. No início do nosso "relacionamento", S/n confessou que ela e Vitória tinham tido um envolvimento rápido, algo de três ou quatro meses, mas mesmo assim foi algo que sempre me deixou desconfortável. Eu era do tipo ciumenta, e essa era a pauta de diversas brigas.

Quando percebi que só a ideia de S/n conversando com Vitória me tirou tanto a paz, decidi logo pôr um fim nesse relacionamento sem rótulo e a pedi em namoro.

Namoramos por dez meses, e foi literalmente os melhores dez meses da minha vida. Nunca me senti tão feliz e amada como me sentia com S/n, mas minha insegurança acabou falando mais alto, o que destruiu nosso relacionamento.

Eu a perdi. Passei um ano e três meses sem nenhum tipo de contato. Eu mandava mensagens, ligava, mandava presentes, fazia de tudo, mas nada adiantava. Perdi amigos, perdi minha felicidade e perdi o amor da minha vida.

Depois de diversas tentativas, S/n me deu a primeira e última oportunidade de esclarecer as coisas, e aqui estou eu, sentada em uma mesa com um copo de vinho vazio e a ansiedade corroendo o meu peito.

O medo de levar um bolo me tirava o sossego, mas S/n nunca foi esse tipo de pessoa. Eu sabia que ela sempre se atrasava para tudo, mas o fato dela ter marcado o encontro para as 18:00 e já serem 18:50 me tirava a calma.

Como se os deuses tivessem ouvido minhas orações, quando desvio meu olhar para a entrada do local, percebo a morena andando até a minha mesa. Ela estava linda, deslumbrante como sempre, conseguia me tirar o fôlego com qualquer mínima ação.

— Yasmin, desculpa a demora, acabei me enrolando e o trânsito estava péssimo — ela se sentou de frente para mim e deu um suspiro, colocando sua bolsa em cima da mesa.

— Ah, tudo bem, o trânsito de São Paulo nessas horas é um saco — dei uma risada apreensiva e me ajeitei na cadeira, observando o rosto da mais nova. — Eu acabei tomando um vinho enquanto te esperava, espero que não se importe.

— Claro que não. Acho que te deixei esperando por tempo demais — ela deu uma risada, e caramba, ouvir o som daquela risada foi como tomar uma alta dose de morfina.

— Obrigada por ter vindo. Isso significa muito pra mim.

— Não precisa agradecer. Acho que já estava na hora de esclarecer as coisas — ela mordeu o lábio inferior demonstrando nervosismo.

Good Luck, Babe! - Yasmin Brunet Onde histórias criam vida. Descubra agora