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Yasmin Brunet.

No fundo do poço, era o local perfeito para descrever onde eu estava, nunca tinha me sentido tão idiota em toda a minha vida, a dor que senti quando vi todas aquelas matérias falando sobre S/n e Vitória terem voltado foi provavelmente uma das piores dores que já senti na vida. Talvez eu tenha tomado uma decisão precipitada em me afastar, mas caramba, a pessoa que você mais ama confessou que ficou com a ex, eu tenho todo o direito de ficar brava. Eu sei que disse que gostaria que ela fosse feliz, mas droga, eu queria que ela fosse feliz comigo.

O que mais me matava era ver que aparentemente ela estava bem, era como se ela não tivesse sido afetada e muito menos se arrependido pelo erro que cometeu. Meus amigos me acham uma idiota por eu me importar com ela, meu ego era grande o bastante para não curtir as fotos e nem os tweets que ela postava, mas entrar no Instagram de Nicolas e Vanessa na esperança de achar pelo menos uma foto dela já tinha se tornado rotina.

Giovanna, Fernanda e Pitel eram quem mais estavam me apoiando. Pitel e Fernanda tinham o papel de me animar e me fazer rir, enquanto Giovanna me obrigava a sair de casa. Ela dizia que eu não poderia parar a minha vida por causa de S/n.

Hoje era aniversário do Nic, ele tinha me convidado para a festa, mas acho que ele já tinha noção de que eu não iria, e isso me fez sentir um pouco culpada. Eu decidi que iria ficar longe das redes sociais até as notícias sobre a festa acabarem. Eu me recusava a descobrir que S/n ficou com alguém ou algo do tipo, então eu estava no meu sofá me afogando num pote de sorvete e assistindo "10 Coisas que Eu Odeio em Você". É clichê, mas eu não ligava.

Quando entrei no meu nível de paz supremo, escutei a campainha do meu apartamento tocar. Suspirei, sabendo que provavelmente era Giovanna ou algumas das meninas, então dei apenas um pequeno pause no filme e me levantei do sofá, caminhando até a porta.

— Giovanna, eu já não tinha te dado a chave? — falei enquanto destrancava a porta, mas quando abri me deparei com a última pessoa que eu esperava ver.

— Oi... — a mais nova disse em um tom ansioso, ela tinha as mãos no bolso do casaco.

— S/n, o que você está fazendo aqui? — tentei disfarçar meu nervosismo, ela não poderia saber que apenas ouvir a voz dela me causava um frio na barriga.

— Eu posso entrar? — ela levantou o olhar e encarou meus olhos, dando um pequeno suspiro.

— Eu não sei, acho que não seria bom — me encostei no portal da porta e desviei o olhar para o chão.

— Só me dá cinco minutos, eu preciso esclarecer as coisas — ela soou um pouco desesperada.

— E você acha que aparecer bêbada no meio da noite vai ajudar em alguma coisa? —

— Não, quer dizer, eu bebi um pouquinho, mas eu não tô bêbada... — ela tirou as mãos do bolso e passou pelos cabelos. — Eu só preciso conversar com você, por favor.

— Tudo bem, entra... — dei um espaço para a garota entrar e logo fechei a porta. — Você quer beber uma água? Não parece muito bem.

— Não precisa, obrigada... — ela murmurou e olhou ao redor do meu apartamento, parecendo um pouco aflita.

— Senta, não precisa agir como se nunca tivesse vindo aqui antes — me sentei no sofá e sinalizei para que ela se sentasse também. — Os cinco minutos já estão contados.

— Certo... Eu tô me sentindo a pior pessoa do mundo, eu fiz merda. Deveria ter te contado quando encontrei Vitória, e deveria ter te contado quando ela me beijou — ela se sentou ao meu lado. — Eu não deveria ter deixado você descobrir por sites de fofoca, e eu também não deveria ter deixado você se afastar de mim tão facilmente.

— Eu não vou mentir, doeu muito descobrir tudo daquele jeito, e doeu ainda mais saber que você continuou saindo com ela mesmo depois de tudo que aconteceu — murmurei em um tom triste. — Parece que tudo que você fez foi pra me magoar, fazer eu sentir o que você sentiu... olho por olho e dente por dente.

— Eu sinto muito por você ter se sentido assim, nunca foi minha intenção... Quando eu te perdoei foi porque eu realmente queria você de novo na minha vida, porque eu te amo, Yas. — ela segurou minha mão.

— Eu não sei o que dizer... Eu não vou falar que não te amo mais, porque seria a maior mentira que eu já teria contado, mas eu também não vou fingir que o que você fez não me doeu —

— Eu sei, eu não espero que você me perdoe ou algo assim, eu só precisava tirar esse peso das minhas costas... Eu tava conversando com minha mãe e isso me fez perceber que você é a pessoa que eu mais amei em toda minha vida. Eu tentei evitar e tentei ignorar, mas é impossível — S/n suspirou e soltou minha mão. — Eu achei que aprenderia a viver sem você, mas eu não consigo... Eu preciso de você quase tanto quanto preciso de ar para sobreviver.

— Eu te amo, S/a. Sei que nosso relacionamento nunca foi algo perfeito, passamos por situações complicadas, mas tudo sempre valeu a pena porque eu estava com você — me aproximei da garota e a abracei. — Eu quero tentar de novo, mas dessa vez eu quero algo sério.

— Eu também quero... Eu não vejo sentido em ficar com alguém que não seja você — ela se aconchegou nos meus braços e beijou minha bochecha.

— Mas eu preciso que você seja honesta, você e a Vitória tiveram algo nesse meio tempo?

— Ela se declarou pra mim, disse que nunca tinha superado o nosso relacionamento e que queria voltar, mas eu não voltei com ela, e nunca mais nos beijamos, só aconteceu aquele dia — ela se afastou do abraço e encarou meus olhos.

— Tudo bem... obrigada por ser sincera comigo — sorri para a garota.

— Obrigada por me dar mais uma chance — S/n beijou minha testa e se levantou do sofá.

— Aonde você vai? — Encarei a garota com um olhar confuso.

— Pra casa, eu meio que escapei da festa e vim pra cá sem contar pra ninguém — ela deu um sorriso tímido.

— Nem pensar, são quase três da manhã e eu não vou deixar você voltar de Uber a essas horas — neguei com a cabeça e andei até meu quarto, pegando uma blusa e uma calça de moletom. — Aqui, vai tomar um banho e se trocar, você vai dormir aqui hoje.

Ela sorriu e pegou a roupa. A mais nova se aproximou de mim e passou os braços ao redor da minha cintura, deixando um selinho em meus lábios, o que me fez dar uma risada.

— Sentiu tanta a minha falta assim? — Ela provocou com um sorrisinho.

— Você deveria ser menos narcisista, sabia? — Dei um sorrisinho e me afastei dela. — Vai logo tomar seu banho, você cheira a álcool puro.

— Qual é, não vai me mostrar aquele biquíni que você disse que comprou? — Ela fez um biquinho fofo, me fazendo dar uma gargalhada.

— Não, eu não fico com bêbados e você não merece nada além de um selinho de boa noite — Dei um sorriso irônico e beijei a testa da garota, que saiu bufando até o banheiro.

Good Luck, Babe! - Yasmin Brunet Onde histórias criam vida. Descubra agora