6. de quem é aquilo?

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Murilo entrou na casa dela sem tocar a campainha. Tinha a chave. Foi direto na direção da cozinha e começou a preparar um café.

Giovanna colocava os brincos enquanto passava por ali.

— Ai Ale.. — Ela se policiou, vendo que quase falou o nome do cantor que atordoava sua mente. — Que susto, Murilo! Porra! Avisa pelo menos, né?

Ela respirou fundo.

— Ué, nunca reclamou antes, tá assustada por que? Ta de namoradinho novo, né? — Murilo enchia duas xícaras de café, uma para ela, outra para ele. — E ai, qual o nome dele?

O ex perguntou interessado, enquanto Giovanna se acalmava e se sentava a mesa com ele.

— Não tem nome de ninguém não, Murilo. Tá ficando doido?

— Então aquela carteira preta masculina ali é de quem?

Giovanna olhou na mesma direção que Murilo olhava. Na prateleira de livros, ali estava uma carteira de couro preta.

— É do Pi? Ele viajou sem carteira? — Murilo se preocupou, se levantando.

— Não, não. — Giovanna se levantou no mesmo momento, correndo na frente dele para pegar a carteira. — Isso aqui é do encanador! Eu chamei ele pra me ajudar e lembro dele botando aqui. Acabou esquecendo, eu já vou ligar pra ele.

— Seu Lúcio esqueceu a carteira aqui? — Murilo estranhou.

— Não. Eu chamei outro, num aplicativo.. Aí Murilo, tá com perguntinha demais, me atrapalhando demais, eu tenho que trabalhar, você sabia? Ou você quer que eu fique o dia inteiro sentada nessa porra dessa cadeira te respondendo as perguntas mais idiotas do planeta até semana que vem? Eu ein

— Não precisa esculachar também, só perguntei! Eu ein! Que bicho te mordeu?

Giovanna respirou fundo olhando a carteira de motorista de Alexandre. O desgramado era bonito até numa foto 3x4.

— To muito estressada com o Pi longe de mim. — Ela respirou fundo. — Só isso. Fico nervosa, não tô acostumada.

— Fica tranquila. Ele tá bem. Nosso menino tá grande, saudável, fazendo coisas incríveis. Ele ainda vai ser famoso e vai bancar nós dois!

Giovanna riu baixo, fechando a carteira.

— Ele vai me bancar. — Giovanna corrigiu. — Você já é famoso e já tem dinheiro suficiente pro resto da sua vida.

— Ah, sim, claro. — Murilo mostrou a língua pra ela. — Eu quero férias também, da licença?

— Finge que não tem dinheiro que eu finjo que eu acredito, Murilo. Pode ser? — Ela passou por ele lhe dando um tapa.

Giovanna percebeu quando o ex se levantou e a puxou pela cintura num abraço terno e carinhoso.

— Nosso menino tá bem. Você não precisa se preocupar, tá bem? — Ele fez carinho na bochecha dela, depois de deixar um beijo em sua testa.

Giovanna o olhou nos olhos. Perto demais.
Fingiu uma tosse e se afastou.

— Vou trabalhar que eu ganho mais. E você, vaza da minha casa. Vai pra tua! Se outra revista postar que você fica visitando sua ex mesmo com seu filho fora do país eu juro por tudo que eu te mato, eu te mato ein Murilo?

Ela tirou boas risadas dele que agora terminava o café.

— Vem, eu te dou carona pro Studio.

— Na verdade.. — Giovanna pegou a bolsa e colocou no ombro. — Eu vou ter que visitar um amigo meu depois do expediente.. Acho que vou com meu carro mesmo.

— Tem certeza? — Murilo estranhou.

Giovanna não era muito de sair da rotina. As caronas eram algo comum, já que o Studio não era tão longe dali.

— Sim, eu aposto que ele tá em algum hotel na Barra.. Então.. Não adianta nada eu conseguir carona e depois ter que me virar. — Ela deu de ombros.

Já tinha enfiado a carteira dentro da bolsa assim que ele se distraiu. Não queria chamar atenção.

— Tá bem. Te vejo na sexta pra gente ligar pro Pi? — Ele ofereceu com um sorriso no rosto.

— Claro! Sexta a noite, depois das gravações. — Ela assentiu.

— Ótimo. Tchau, Gio. Se cuida.

— Tchau. Tenha um bom dia.

Eles ficaram olhando um para o outro com um sorriso leve no rosto, sem saber muito bem o que fazer. Murilo beijou-lhe a bochecha e logo foi para o carro.

Quando Giovanna se fez confortável no banco do motorista, finalmente estando sozinha já que Murilo já tinha partido, ela pegou o celular, apressadamente.
Ligou para o cantor no mesmo segundo.

— Olha só, se não é minha mamãe de fã favorita me ligando. — Ele atendeu num tom brincalhão.

Havia muito barulho ao redor.

— Oi pra você também. — Giovanna bufou. — Você deixou.. A sua carteira na minha casa. — Ela falou coçando os olhos, irritada. Se sentia completamente fora de órbita ao falar com ele. — Me passa o endereço do teu hotel, eu deixo com o teu pessoal. Ou você pede pra algum funcionário seu buscar na galeria, não sei, tanto faz. — Giovanna ofereceu soluções.

— Ah, minha carteira tá com você? — Nero fingiu surpresa, como se estivesse desesperado atrás dela. — Graças a Deus! Eu já estava indo para a delegacia cancelar meus documentos.. — Ele deu um gole na bebida, visto que estava na piscina do hotel tomando um sol de sunga e óculos de sol. — Você pode trazer aqui no hotel? — Alexandre pediu. — Vai me fazer um baita favor.

— Tá, eu entrego pra recepcionista. Em que quarto você tá?

— Giovanna, eu sou famoso. É perigoso você entregar minha carteira pra qualquer um. — Ele a lembrou.

Giovanna encostou a cabeça no banco e respirou fundo.

— Tem razão.

— Vou te mandar uma mensagem com os detalhes do hotel e o número do quarto. Você não entrega a carteira pra absolutamente ninguém, não importa se dizem ser minha equipe, minha família, ok? Só entrega nas minhas mãos.

Ela soltou o ar que não havia percebido estar prendendo.

— Certo. Claro. Am.. Depois do expediente eu passo aí rapidinho.

— Fica tranquila, não tem pressa. Termine de trabalhar, vá pra casa.. Tome um banho bem gostoso, relaxante. Ai você vem pra cá, me entregar. Quem sabe a gente jante juntos ou algo do tipo. — Ele ofereceu.

Antes que Giovanna tivesse tempo de protestar, ele foi rápido e ardiloso.

— Gio, tô entrando numa reunião agora e depois tenho sessão de fotos. Hoje meu dia tá cheio, vejo você aqui quando chegar. Beijos, até de noite. — Alexandre desligou na cara dela.

E ela notou que não tinha como fugir, precisava ir até ele.

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