19. ta comendo não, ta engolindo

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Alexandre ajeitou o sutiã dela, escondendo o corpo que ele mesmo expôs.

Giovanna se levantou do colo dele, o que fez com que ele respirasse fundo. Aquela situação já era desagradável. Excitado, então..

Ele adoraria ter brochado mas aquela mulher, aquela cinturinha, aquele sutiã, aquele cabelo todo bagunçado, a boca toda inchada de tanto beijar.. O fato de terem sido pegos. Porra.

Ele tentou se controlar e levantou ao lado dela.
O olhar de Pietro corria de um para o outro, ambos sem blusa.

— Escuta, a gente pode explicar. Não é nada disso que você tá pensando.. — Alexandre começou, gesticulando para o menino ter calma.

— Como não é o que eu tô pensando? Eu tô pensando que eu tô igual um otario achando que você é maneiro comigo por causa de arte e você na verdade tá comendo a minha mãe!

Giovanna já tinha caçado a blusa pela sala e se vestido.

— Não tô sendo legal com você por causa da sua mãe. Eu sei separar as coisas, beleza? — Alexandre ficou serio. — Tampouco to comendo sua mãe.

— Ta comendo não mermão, ta engolindo. Porra? Eu vi! — Pietro apontava pro sofá.

— Eu amo a sua mãe. Eu me apaixonei por ela desde a primeira vez que eu vi ela no meio daquela plateia enorme. Então você não vai dizer essas atrocidades como se ela fosse só uma coisa na minha vida.

— Calma. — Giovanna apoiou a mão no peitoral de Alexandre, acariciando e tentando acalmar.

Alexandre olhou para ela, meio perdido.

— Eu já sei que você me conhece. — Alexandre desabafou, olhando para Pietro, seriamente. — Eu sei que eu não tenho a melhor reputação. Mas tudo que aconteceu na viagem foi um mal entendido. Eu jamais faria qualquer coisa pra ferir a Giovanna. Eu deixaria tudo amanhã se eu pudesse, por ela. Eu quero a sua mãe, pra sempre. Eu quero namorar, casar, ficar com ela. E eu sei que isso estraga os planos do seu pai, me desculpa por isso. Mas eu não vou abrir mão da Giovanna, não enquanto ela ainda me quiser.

Giovanna engoliu a seco.

— Filho.. — Ela respirou fundo. — Por que você não vai pro seu quarto? Eu vou limpar essa bagunça. Vamos nos acalmar. Amanhã a gente conversa melhor. Pode ser? — Ela deu um passo na direção dele, e ele deu um passo para trás.

— To com a cabeça cheia. Vou sair pra andar de skate. Não me espera. — Ele avisou, sem sequer olhar na cara de Alexandre. Abriu a porta com ignorância e bateu a mesma ao sair.

Giovanna olhou pela janela enquanto ele saia pela rua de skate.
Alexandre já tinha se movimentado pra recolher os cacos de vidro, não querendo que Giovanna se machucasse.
Um silêncio ensurdecedor ficou no ambiente.

— Que horas será que ele volta? — Alexandre disse, preocupado.

— Quando é assim, lá pelas quatro, cinco da manhã. Capaz dele ter a audácia de chegar na hora do café da manhã. — Giovanna murmurou, levando a mala de rodinhas até o quarto dele no andar debaixo.

Alexandre ficou olhando ao redor.
Depois de uma vida boêmia era quase engraçado ter que lidar com aquele tipo de situação.
De alguma forma ele preferia mil vezes estar ali enfrentando o filho de Giovanna do que estar num show, num evento, ou sabe-se lá Deus onde.

Depois de tirar o lixo ele foi lavar o corte que fez na mão em água corrente. A água saiu quente machucando ainda mais, e logo foi esfriando. Murmurou xingando, irritado. A lei de Murphy diz que tudo que pode dar errado, vai dar errado.

E com certeza essa lei estava em aplicação naquela casa.

Giovanna se aproximou dele vendo a feição de dor dele.

— Meu Deus do céu. Vem aqui. — Ela segurou a outra mão dele e subiu com ele até o quarto, rapidamente. O levou para o banheiro, onde ele lavou o machucado de novo.

Ela secou, passou pomada e colocou uma gaze no local do machucado. Terminou de grudar tudo com um esparadrapo.

— Você tá triste? — Ele ficou olhando para ela fixamente.

— Um pouco preocupada. — Ela confessou.

— Me desculpa. — Ele murmurou.

— Desculpa por que? Por fazer eu me apaixonar? — Ela riu baixo, guardando a bagunça em cima da bancada do banheiro. Colocou tudo dentro da gaveta abaixo da pia.

— Desculpa por ter invadido sua vida. Agora você tá tendo que lidar com um monte de coisa que.. Você nem queria. Às vezes era melhor a gente só desistir mesmo. Eu não quero nunca ser um motivo de você perder seu filhote. — Alexandre murmurou baixo, rouco, serio. Não tinha nem coragem de olhar nos olhos dela enquanto dizia isso.

Giovanna suspirou, apoiando as mãos na cintura.

— Olha pra mim. — Ela mandou.

Alexandre o fez no mesmo segundo.

— Eu me senti mal por você ter que abandonar tudo da sua vida e você me disse que era algo que você sempre quis, eu só fui o pontapé que faltava.

Ele assentiu.

— Da mesma forma aqui, Ale. Eu tava na zona de conforto do meu ex, não tendo vida, vivendo por ele e pelo meu filho. Não me leva a mal, eu amo os dois. Mas eu não posso ficar assim pra sempre. Eu e você não fizemos nada de errado, e eu errei em demorar tanto pra trazer um namorado pra dentro de casa. — Ela admitiu.

Alexandre fez uma careta.

— Não errou não, tá ótimo que eu seja o primeiro. — Ele disse, irritado.

Giovanna gargalhou e bateu no braço dele, rindo.

— Meu ponto é.. Estamos todos nos transformando e mudando. Não vai ser fácil, mas eu precisava dessa movimentação na minha vida. Assim como você precisava dessa movimentação na sua. Então nós dois somos.. Literalmente.. O que o outro precisava. Pessoa certa, no momento certo.

Alexandre se derreteu um pouco com essa fala dela. A puxou pela cintura, colocando a mulher no meio de suas pernas. Ajeitou o cabelo dela.

— Ele vai se acostumar e vai ficar tudo bem. Eu sou um puta padrasto maneiro. — Ele comentou, sorrindo com o canto do lábio.

— Ah, você é o melhor padrasto que ele poderia ter. — Ela garantiu.

— Eu vou te fazer muito feliz, Gio. — Ele murmurou contra a boca dela. — Eu prometo que essa bagunça toda vai valer a pena no final das contas.

Giovanna suspirou, sentindo o cantor apertar a cintura dela, contra o corpo dele.

— Já vale cada segundo, Alexandre. Cada segundo. — Ela sussurrou.

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