10. meu enteado

613 58 40
                                    

— Vem comigo de turnê. — Ele pediu pela milésima vez.

— Já te disse que não rola, Alexandre.. — Ela bufou, se levantando da cama do hotel.

Estavam agora em São Paulo. Ela tinha pego um voo de última hora porque ele insistia e era muito bom de lábia. Sabia convencer ela direitinho, com as palavras e promessas corretas.

— Por que não? — Ele parecia uma criança emburrada, se sentando na cama. Só o lençol branco cobria sua cintura, e Giovanna sabia muito bem o que estava ali por debaixo.

Ela vestia a camiseta dele por cima da lingerie.

— Você vai sair do país, maluco. — Ela lembrou.

— E? Você aproveita, visita teu filho. Aposto que ele vai adorar uma visitinha tua. Eu posso até ir junto, se for o caso.

— Você não é nem maluco de vir junto. — Ela ameaçou.

— Ih, qual o problema?

— O Pi é muito apegado ao pai. Muito mesmo. E eu e Murilo sempre tentamos ter uma relação muito boa, tentando priorizar ele, sabe?

Ela suspirou, se sentando na beira da cama, ao lado dele. Alexandre não evitou e em poucos segundos já tinha a mão no rosto dela, o polegar afagando a bochecha e prestando atenção como se Giovanna fosse a única coisa que existia no mundo naquele momento. E era.

— Isso é bom, né? — O cantor roubou um selinho dela. — Vocês foram pais bacanas. Ele deve ser muito grato. Divórcios são complicados e as coisas podem ficar bem feias..

— É, eu só.. Não sei se o Murilo entendeu muito bem. E eu acho que Pietro também não acompanhou. Eu tenho a impressão de que os dois acham que a qualquer momento vamos voltar a ser uma família feliz de comercial de margarina, mas nada podia estar mais longe da verdade. — Giovanna desabafou. — Eu enxergo o Murilo como um amigo. Um irmão, que eu amo, que eu ressignifiquei o amor, por um amor maior que é nosso filho.

Alexandre assentiu, engolindo a seco.

— Bom.. Então eu tenho que me preocupar?

— O que? — Giovanna caiu na risada.

— Eu achei que as coisas entre você e seu ex estivessem bem terminadas.

— Estão. — Ela se explicou.

— Mas..? — Ele pediu por explicações mais profundas.

Ela suspirou.

— Eu fiquei muito tempo sem ninguém. Não sei, acho que.. A lenda diz que no final vamos acabar juntos, mas é só na cabeça deles. Eu te garanto. — Ela foi sincera.

Alexandre olhava para ela um tanto quanto marrento e emburrado.

— Acho bom. Odiaria ter que brigar com o meu fã número um. — Alexandre admitiu.

— Você não pode fazer isso com ele!

— Se ele tentar tirar você de mim pra te dar de bandeja pro pai dele.. Eu faço sim. Tá pensando o que? Você é minha.

— Isso é um pedido de namoro, Alexandre?

O cantor gargalhou balançando a cabeça negativamente.

— Você acha que eu te arrastei pra cá no jatinho numa terça-feira por que, Gio? — Ele sussurrou, os olhos fixos nos dela.

Giovanna amava os olhos dele.
O brilho, a intensidade do olhar.
Era quase como se uma trilha sonora tocasse cada vez que ele a olhava assim, e por sorte ele sempre a olhava assim; como se fosse a primeira vez. Como se fosse a última.

the alchemyOnde histórias criam vida. Descubra agora