3. google

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No dia seguinte Giovanna acordou cedinho e fez o último café da manhã para seu filho, com muito carinho. Aproveitou cada segundo e o levou para o aeroporto.

— Mãe, ontem foi irado. Vou sentir muita saudade, papo reto. — Ele a abraçou, e Giovanna lacrimejou. — To indo felizão. Pode ficar tranquila que eu vou te dar orgulho! — Prometeu. — Obrigado por ter me levado no Maquinaíma ontem. Significou muito pra mim.

Giovanna forçou um sorriso, ainda com os olhos cheios de lágrimas.

— Vai, meu amor. Estuda direitinho, tanto na escola quanto no seu curso. Já falei, músico só depois de..

— ... formado! — O menino suspirou. — Já sei, já sei.

— Eu te amo muito, viu? — Ela o pegou pelo rostinho com ambas as mãos. — Você é o homem da minha vida! Vou sentir saudade mas vou estar sempre torcendo e rezando muito por você.

Ela viu os olhos do filho encherem de lágrimas.

Ele se encolheu nos braços dela num abraço como sempre fazia. Giovanna sentiu seu coração de partir ao ver o filho agora já tão crescido embarcando em uma aventura sozinho.
Normalmente ele só viajava com os pais. Ou com Murilo, ou com Giovanna, ou até mesmo os dois juntos.

Mas agora já era um homem. Tinha seus desejos, sonhos, objetivos. E ela jamais o impediria, muito pelo contrário. Se dependesse dela, o filho conquistaria o mundo.

Já no caminho do trabalho, secou as lágrimas. Quando chegou à galeria se apressou até o andar de cima para retocar a maquiagem. Com a roupa alinhada, se encarou no espelho e respirou fundo. Parecia que nada tinha acontecido, e ela admirava isso em si mesma.

Entrou na galeria, e continuou dando ordens para todos os funcionários. Em duas eles teriam uma exibição especial, e tudo precisava estar perfeito.

— Os garçons do buffet, todos de preto, por favor. Já falei isso sete vezes.

— Eles disseram que só têm uniforme branco.. — Ingrid contrapôs.

— E eu já mandei comprar o preto e disse que eu pago. Porra, qual a dificuldade?

— Tá bem, não tá mais aqui quem falou! — Ingrid cuspiu as palavras. — Sei que você está nervosa, mas vai dar tudo certo.

— É minha primeira vez colocando minhas peças a venda, Ingrid. Eu estou a ponto de explodir. — Giovanna confessou.

— Fica tranquila. Nós somos boas com o marketing, a galeria tá sempre lotada, nós temos clientes fiéis e é literalmente impossível não gostar do que você faz.

— Foi mal. Acho que tô assim por causa do Pi.. — Os olhos dela lacrimejaram mas em poucos segundos ela desviou o olhar. — Não posso perder mais nada hoje.

— Você não perdeu o Pi. E não vai perder nada! Vai ser um sucesso. Qualquer coisa a gente usa o instagram do Murilo para anunciar as peças.

Giovanna a encarou no mais profundo de sua alma. Detestava depender de alguém pra qualquer coisa que fosse, ainda mais a fama que Murilo conquistou logo depois que tiveram Pietro. Ela não era esse tipo de pessoa. Queria conquistar suas coisas, sozinha, por mérito seu.

— To brincando, nervosinha! — A amiga gargalhou jogando a cabeça pra trás. — Tá precisando tomar uma champanhe, vamos.

Quando tudo estava pronto e já era noite, a fila na porta da galeria se formava.
Giovanna tinha colocado seu vestido vermelho, e por mais insegura que se sentisse, não transparecia nem 1% disso.
Parecia ter nascido pronta para aquele momento.

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