13. hora de ir

321 38 53
                                    

— Ei. — Alexandre estranhou. — Cadê o Pi?

— Ele não vem. — Giovanna entrou no quarto de hotel, objetivamente. — Não vai ter mais jantar.

Foi até o quarto e passou a arrumar suas coisas.

Alexandre a seguiu, estranhando tudo aquilo e tentando entender.

— O que foi? Por que você tá arrumando suas coisas? — Ele se apressou para chegar até ela, segurando o braço dela e fazendo com que ela olhasse para ele. — Ei, para. O que foi? Você contou antes da hora? Ele me rejeitou? Foi tão ruim assim?

— Eu não contei nada. Não tive tempo. Tava ocupada lendo os sites de fofoca sobre você e sendo perseguida por paparazzis. — Ela fez um movimento brusco com o braço, se desvencilhando dele.

Andou até o banheiro e começou a recolher seus produtos dali.

Alexandre apalpou os bolsos da calça de moletom e pegou o telefone. Uma enxurrada de fotos e marcações.

Posts sobre ele com algumas mulheres, ele com a ex, e Giovanna estavam em todo o canto.

Ele leu algumas matérias tendenciosas e percebeu no mesmo segundo o que estava acontecendo.
Jogou o celular na cama e andou até ela, que estava no banheiro.

— Para com isso. Para, Giovanna. Olha pra mim. Olha pra mim. — Ele insistia, tentando fazer com que ela se acalmasse.

A mulher estava uma fera.

Ele finalmente conseguiu segurar o rosto e fazer com que a atenção dela se prendesse nele.

Os olhos estavam avermelhados e logo se enchiam de lágrimas de novo.

— Não é nada disso que você tá pensando. Giovanna, você precisa ter mais resiliência emocional se nós formos ficar juntos porque esse pessoal faz isso o tempo todo, eles vivem tirando as coisas de contexto e..

Se nós formos ficar juntos. — Ela riu, com ironia. Comprimiu os lábios, passando a língua neles e os umidificando. — E como vai ser isso? À distância? Eu largando toda minha vida pra te seguir, ou... Ficando sozinha no Rio de Janeiro?

Ela se afastou dele.

— Ou, pera aí... Deixa eu ver, como isso vai continuar? Eu sem meu filho, que não vai gostar de saber que eu tô com você. Afinal eu descobri que ele te admira muito como cantor e artista mas que como homem ele te acha uma piada, afinal você já tem todo um histórico, né? Nem o Pietro vai te levar a sério, e o pior é que ele vai ter razão. O mundo tem razão de me achar uma otária. Uma corna. Porque eu não me preocupei em saber quem você é.

— Você sabe quem eu sou. O Alexandre de verdade. Não o que a mídia conta. — Ele insistiu, machucado. — Eu. Que te amo. Que quero ficar com você mais do que tudo no mundo. Você sabe quem eu sou de verdade, Giovanna.

— Sei? — Ela piscou algumas vezes, atordoada, chocada. — Eu achava que sabia mas aparentemente você esconde muita coisa.

— Eu não saí pra jantar com a Marina, eu fui encontrar com o meu empresário e..

— E lá vamos nós com as desculpas. Eu aposto que você tem um milhão delas e que elas devem ser muito boas, mas eu to sem tempo agora, eu tenho um avião pro Brasil pra pegar. — Ela recusou, se virando de volta para a bancada.

Voltando a recolher suas coisas.

Alexandre ficou olhando para ela, machucado e um pouco decepcionado de vê-la caindo naquela pilha toda de repente.

— Então é isso? O que aconteceu com.. Contar tudo pro Pietro, juntos? Viajarmos... Eu não vivo em turnê, Giovanna. É uma fase. Você sabe dos meus planos, sabe que eu não quero isso pra mim. Que eu tenho meus planos de carreira solo, que turnê não é algo que eu..

Ela suspirou, se virando para ele.

— Eu não quero cada passo meu registrado num site de fofoca. — Ela admitiu. — Eu não quero estar em público sendo perseguida por um paparazi, e eles cronometrarem direitinho a hora de soltar uma matéria sobre você pra pegar na íntegra minha reação olhando pro telefone. Isso é doentio. Essa vida não é pra mim. Não era quando o Pietro era um bebê e eu era casada com o Murilo, e definitivamente não é agora.

Ela pegou a bolsa com seus produtos e maquiagens e enfiou dentro da mala. Foi agora até a gaveta recolher suas roupas, e depois disso foi a vez dos sapatos.

— Eu.. — Alexandre gaguejou. — A gente.. Tava tudo tão bom. Eu não acredito que você tá realmente jogando tudo fora por causa disso.

Ela terminou de fechar a mala com o zíper e girou os números do cadeado, trancando a mala.

— Eu não quero viver minha vida assim. Foi loucura pensar por um segundo que eu conseguiria. Faça bom proveito das suas ex, das suas ficantes em Roma e Lisboa e no Rio e não sei mais onde. Felicidades pra vocês todos. — Ela esticou a alça da mala e rolou a rodinha pelo quarto indo até a porta.

O quarto dele impediu sua passagem.

— Por favor, não faz isso. Não vai agora, vamos conversar. Você sabe que eu não consigo interromper a tour pra ir atrás de você no Rio de Janeiro, vamos conversar, por favor.

Giovanna o olhou nos olhos, e engoliu a seco quando ele mencionou a parte de não poder ir pro Brasil. Ele estava preso. Os próximos destinos seriam na Europa e ela sabia disso, porque até então iria com ele.

Se deu conta de que não o veria pelo próximo ano.

Engoliu a seco, correndo os olhos por ele todo. Assim de pertinho, em cada detalhe. O perfume, os olhos, os lábios. Tudo. Ela sentiria saudade.

— Eu tenho que pegar meu vôo. — Ela foi breve, olhando para a frente. — Se o Pietro te perguntar você finge por favor que nunca houve nada entre nós dois e tudo isso não passa de uma ilusão desses malucos. Ele acha que você tem uma surpresa pra ele. Estávamos quase vindo pra cá pra contar do namoro quando tudo aconteceu, e eu não consegui controlar isso. Finge que ia ajudar ele com alguma coisa e deu tudo errado, não sei. — Ela fez pouco caso.

Alexandre engoliu a seco, assentindo. Tirou o braço da porta. Ela parecia decidida, irredutível.

Giovanna passou por aquela porta, saindo do hotel. Em direção ao aeroporto, tentou se disfarçar o máximo que podia, para não ser reconhecida.

Iria voltar pra casa o mais rápido possível.

the alchemyOnde histórias criam vida. Descubra agora