the alchemy

23. lave, leve, love

Estavam no lounge do aeroporto.

— Oi meu amor. — Ele falava ao telefone. — To com o Pi aqui no lounge. Não, ele não quis comprar a passagem junto comigo. Tá lá num canto de fone e comendo. Já eu, aproveitei pra te ligar. Você gostou da entrevista?

Uma moça entrou na área buscando por Pietro Antonelli Benício em voz alta. Pietro não notou.

— Um segundo, amor. — Alexandre manteve o telefone ao ouvido, mas afastou a boca dele para poder conversar com a moça. — Eu aviso o Pi, algum problema?

— Não, senhor. Seu filho requisitou a mudança de vôo e conseguimos a poltrona perto do senhor que ele pediu. E nós conseguimos fazer as alterações, acabei de imprimir o documento de embarque dele..

— Ah, ótimo. — Alexandre agradeceu, pegando o papel da mão da moça. — Deixa que eu entrego pra ele. Muito obrigado mesmo.

Ele sorriu esperando a moça se afastar.

— Gio, você não vai acreditar. — Ele falou ao telefone, animado.

Ele desligou o telefone depois de contar tudo para ela. Foi se servir porque estava com fome depois de tanto tempo na rua. Tentou pensar se falava para Pietro que ele sabia de tudo, ou se fingia naturalidade. Não queria sufocar o garoto.

— Que isso, lek. Tá tranquilo, já não te falei? O Nero é meu padrasto, irmão. — Pietro falava ao telefone enquanto Alexandre se aproximava com sua comida e sua bebida.

Ele se sentou ao lado do garoto e ficou ouvindo o papo.
Pietro revirou os olhos, irritado. Pegou o telefone e colocou no viva-voz.

— Ae, o Nero tá te escutando. Não avacalha. — Pietro avisou o amigo do outro lado do telefone. — Oh Nero, não é na moral que tu falou que não vai largar de cantar pra sempre que é só uma mudança de plano mas que tu vai continuar nessa?

— Que isso? To numa entrevista de novo? — Alexandre reclamou zoando Pietro.

— Reponde na moral aí brother eu tô falando que tu namora a minha mãe que eu já conversei disso com você cinquenta e sete vezes tu já falou na porra do programa da televisão e esse MALUCO ensandecido ainda cismou que tu tá se aposentando mermão puta que pariu Henrique você me estressa!

Alexandre gargalhou tomando um gole da cerveja.

— Oh Henrique fica na paz aí brother. — Alexandre falou ao telefone. — Se o Pi tá te falando, vai na dele. Não tem motivo pro cara mentir pra você, e nem pra eu mentir em rede nacional, entendeu?

— É fã maluco isso. Ta parecendo aquelas menininha do twitter que fica o dia inteiro brisando, papo reto. Vira gente, Henrique. Senão vou achar que tu tem um fake e fica lá tacando hate na minha mãe porque tá com o Nero.

Alexandre prestou atenção nessa última parte.

— Tem isso?

— Tem. Junto com a galera que diz que eu não ia fazer sucesso nenhum porque eu não tenho talento, eu só tenho você. — Pietro admitiu.

Alexandre ficou sério por um segundo, deixando o impacto daquelas palavras tomarem ele por inteiro. Agora ele entendia parte da rejeição de Pietro.

— Tchau Henrique, vai surtar pra lá irmão. A gente se fala no lançamento do CD novo do Nero. Claro que eu vou escutar antes de você porra não viaja o cara namora minha mãe! — Pietro falava como se fosse óbvio. — Lógico que eu não vou vazar pra você se manca — O garoto gargalhava ao telefone. — Ta, vou ver se tu tá merecendo se eu te convidar lá pra casa. E se o Nero tá com saco de conhece fã maluco.