16. faz dar certo

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Giovanna acordou extremamente cansada da noite anterior. Seu corpo estava dolorido, é a vontade era de ficar na cama o final de semana todo.

Ao abrir os olhos deu de cara com Alexandre, que olhava para ela pensativo. Ela estava deitada no peitoral dele, ganhando um carinho nas costas.

— Se arrependeu? — Ela murmurou, rouca.

— Nunca. — Ele respondeu quase que instantaneamente. — Já conversei com a minha assessora e ela tá dando entrada nos processos de me tirar da banda. Ela também já soltou algumas notas fantasmas pros sites de fofoca e uma hora dessas todo mundo sabe o que vai acontecer. — Ele arrumou o cabelo dela, que estava caindo no rosto dela. Jogou o cabelo para trás, para poder ver seu rosto melhor.

— Você é maluco. Eu não queria causar tudo isso na sua vida. Não queria ser a razão do que destruiu sua carreira.

Ela apoiou os cotovelos no colchão, dando impulso para levantar um pouco o tronco. Os longos cabelos castanhos ondulados caíram ao redor de seus ombros, e pelas costas.

Alexandre olhava para ela completamente admirado pela beleza dela ao acordar.

— Não pensa assim, não. — Ele tocou o queixo dela com o polegar. — Pensa que.. Eu tava na zona de conforto fazendo algo que não me fazia feliz por muito tempo. E você foi o empurrãozinho que faltava pra eu finalmente ter a coragem de fazer o que eu sempre quis.

Giovanna suspirou.
Mexeu nas longas unhas pintadas de esmalte preto, nervosa.

— O que acontece se um dia você acordar e se arrepender de tudo isso? E me culpar?

Alexandre deu risada.
Puxou o corpo dela de modo que ela se deitasse em cima dele mais uma vez.

— Presta atenção porque eu só vou falar uma vez. Ta prestando?

O rosto dela estava bem próximo ao dele. Ela assentiu, curiosa. Cautelosa.

— Eu não sou o Murilo. — Ele disse baixo, tentando não ser grosso. — Eu respeito muito tudo que você viveu e todas as impressões ruins que isso deixou em você. E eu tô mais do que disposto a te mostrar que vai ser diferente comigo. Mas você precisa se lembrar todos os dias que eu não sou o Murilo.

Giovanna engoliu a seco.
Como ele sabia?
Ela nunca tinha contado.
Bom, talvez fosse óbvio de onde as inseguranças dela vinham. E só ela não percebia.

Ela ficou quieta e abaixou o olhar. Ele tinha razão.
Alexandre inclinou o rosto para baixo, alcançando a boca dela, e roubou um selinho.

— Nós temos um problema, no entanto. — Alexandre começou, um pouco inseguro.

— Tava demorando. — Giovanna se levantou, ansiosa, vestindo a lingerie.

Tentou ignorar os olhares dele, afinal, estavam tendo uma conversa séria.

— Eu.. — Alexandre se sentou na cama, o lençol cobrindo a cintura. — Am.. — Ele coçou a nuca, um pouco perdido. — Eu não vou conseguir sair imediatamente. Eu ainda tenho alguns compromissos a cumprir, e depois eu consigo me livrar oficialmente de tudo. Isso pode demorar.. Alguns meses. O que significa que você precisa decidir se consegue me esperar.

— Como assim? — Giovanna cruzou os braços olhando para ele confusa.

Alexandre se desvencilhou dos lençóis, descendo da cama só de cueca. Andou até ela e segurou as mãos de Giovanna, enlaçando os dedos aos dela.

— Se você não estiver confortável, a gente termina agora e eu volto quando tudo estiver pronto. — Ele ofereceu, sendo completamente altruísta.

Não.. — Giovanna murmurou, incômoda. Ele estava fazendo tudo aquilo em partes por ela, e ela iria virar as costas pra ele assim?

— Eu não quero que você sofra no processo. Você tinha razão. Eu vou estar longe de você por algum tempo, por mais que eu sempre volte pra você. Você vai ter que lidar com um namoro a distância, com a mídia pegando fogo.. E eu não posso e nem vou te pedir pra passar por tudo isso. Sem contar o filhote, que vai me dar um trabalho danado.. — Alexandre suspirou ao pensar no garoto.

Giovanna riu. Era extremamente engraçado o jeito como Alexandre percebia absolutamente tudo nela. Até o apelido carinhoso que ela tinha dado pro filho.

— Eu aguento o relacionamento a distância. — Ela começou, despretensiosamente.

— E a mídia? — Ele pressionou os olhos olhando na direção dela, suspeito.

Giovanna deu de ombros.

— Vou tentar entender esse mundo mais uma vez.

Tentar entender não. — Alexandre corrigiu. — Você precisa ignorar por completo.

Giovanna fechou os olhos e respirou fundo.

— O que foi?

— Eu me sinto uma idiota toda vez que a mídia fica em massa dizendo uma coisa e eu não acredito. Parece que todo mundo sabe a verdade, menos eu.

Alexandre fez carinho no rosto dela.

— Eu entendo a sensação. Quando eu comecei também foi assim. Mas até que eles mostrem provas de verdade, eles podem manipular absolutamente tudo. Essa sensação de que todo mundo tá dizendo a mesma coisa não significa que tá todo mundo dizendo a verdade. Isso é algo difícil de separar na nossa cabeça. Eu entendo.

Giovanna engoliu a seco, assentindo.

— Tá. Eu vou tentar. — Ela admitiu.

O sorriso no canto direito da boca dele, ele não conseguiu evitar, acabou escapando.

— E o Nelli? — Alexandre perguntou fazendo graça.

— Pietro. — Ela corrigiu, bravinha. — Eu dou um jeito nesse. É responsabilidade minha. — Ela suspirou. — Você cuida dos seus problema e eu dos meus. — Ela sugeriu.

Alexandre gargalhou e a puxou pela cintura, beijando sua boca.

— Dividir e conquistar. Gostei. Parece que vai dar certo.

— É, parece. — Giovanna sorriu leve. — Tomara que dê. Eu tô torcendo pra que sim.

— Claro que vai dar certo. A gente faz dar certo.

Eles ouviram a campainha.

— Meu Deus. — Giovanna entrou em estado de alerta. — Será que são os repórteres? Gente, eu não tô esperando ninguém, eu..

— Calma aí, Nelli mãe. — Ele recebeu um tapa no braço e gargalhou. — Eu pedi café da manhã. Não tem nada na sua casa, por causa da viagem.

Ele foi colocar o roupão para atender a porta.

Você vai atender? — Ela se chocou.

Você que não vai. — Ele encarou o corpo dela com a lingerie.

Tocaram pela segunda vez.

— Já vai! — Ele falou, num grito. Roubou um selinho dela e desceu.

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