Gabriel
Estamos no meio do show.
Até agora tudo estava correndo bem. Mas alguém resolveu que tudo bem invadir o palco. O show está em pausa, escutamos gritos e xingamentos do lugar onde o staff nos colocou para os seguranças conterem as pessoas que invadiram o palco. Aproveitei para ficar ao lado de Ariane e segurar sua mão.
Imagino que esteja dando tudo certo e que vão nos chamar daqui a pouco. Mas então escuto a voz mais nojenta que eu já ouvi chamando meu nome de novo.
Madalena está vindo do corredor dos camarins em minha direção e abraça meu pescoço.
“Me solta, agora”, falo entre dentes.
Ao invés de me soltar, a vadia me beija, enfiando os dedos nos meus cabelos, eu solto a mão de Ariane e tento empurrar Madalena, mas ela puxa meu cabelo tão forte que chega a doer.
Então, Madalena é puxada de cima de mim com um grito, vejo Ariane a segurando pelos cabelos.
“Sai daqui antes que na sua ficha conste assédio sexual, além de agressão física, sua vagabunda”, Ariane a empurra e vem me checar, “Você está bem?” Ela verifica meu rosto e minha nuca.
Alguém enxota uma Madalena aos berros de onde estamos.
“Sim, podia ser pior”, respondo aceitando a garrafa de água que Luan me oferece.
Coloco um tanto na boca, faço um bochecho e cuspo onde não tem ninguém. Pode ser nojento, mas eu precisava tirar a sensação de nojo que Madalena deixou em mim.
“Aquela vaca deixou batom no seu rosto”, Ariane se aproxima, limpando com um lenço de papel. De onde ela tirou isso?
Ela acabou tirando um pouco da minha maquiagem, mas alguém veio consertar.
Tem como esse show dar mais errado?
Voltamos para o palco, Ariane e eu estamos um pouco abalados, mas executamos as coreografias com quase toda a perfeição habitual.
Em algum momento durante a última música, algumas pessoas começaram a gritar o nome de Ariane, que no fim me olha confusa.
Eu a abraço e falo no microfone, “Acho que vocês gostaram da nossa dançarina”, os gritos confirmam, “Muito bem, essa é Ariane Torres, pessoal!”
Aplaudimos ela no palco, o público aplaude e grita seu nome e sobrenome de forma ritmada, do mesmo modo que gritam os nomes dos integrantes do The7, é um momento muito bonito.
Ariane se curva em agradecimento, acena, sorri e manda beijos. Eu a chamo com o dedo, tentando ser discreto, quando ela chega perto, eu a abraço.
A seguro e giro com ela segura em meus braços.
“Abrace os meninos também”, peço em seu ouvido.
Ela abraça cada um dos nossos amigos e depois se junta a nossas outras dançarinas.
Nós nos despedimos do público e também saímos do palco.
Estou exausto.
Morto com farofa, como diriam os parentes de Ariane.
Chegando ao camarim, Ariane está em frente ao espellho, tirando sua maquiagem muito colorida. Eu a abraço por trás e dou um beijo em seu pescoço.
“Você foi perfeita”, sorrio para ela pelo espelho.
“Você que foi perfeito”, ela ri e continua limpando o rosto.
“Deixa eu fazer isso”, eu a puxo para uma cadeira.
Pego o demaquilante que ela está usando e os pedaços de algodão que ela separou e começo a passar o algodão molhado em seu rosto delicado. Ela fecha os olhos e posso ver um sorriso querendo se formar em seus lábios.
“Obrigada, Gabriel”, ela diz.
“Por?”
Ariane abre os olhos, “Pelo que fez no fim do show, me apresentar daquela forma”, sorrio, “Obrigada”.
“É mérito seu, Ari”, ela revira os olhos, “As pessoas notam quem está no palco com a gente, eles sabem que você é nossa amiga, puxaram sua capivara, lembra?”
“Queria esquecer disso”, ela ri.
“Eles te conhecem agora, Ari”, termino de tirar sua maquiagem e beijo seu rosto.
“Sua vez”, ela diz e se levanta, “Senta aí”.
Ela me faz sentar na cadeira e começa a tirar minha maquiagem, de forma delicada. Seus dedos com o algodão parecem plumas passeando pelo meu rosto e pescoço.
“Isso é bom”, sorrio.
“Eu sei, foi bom quando você fez por mim também”, ela sorri pra mim e me dá um beijo no rosto ao terminar, assim como fiz com ela.
O sorriso morre em seus lábios, “Você acha que a Madalena vai te deixar em paz?” Pergunta.
“Não sei”, coço a testa, “Eu esperava que ela me deixasse em paz depois do que houve no estúdio ontem, mas ela é persistente”.
“Alguém já falou com o jurídico pra saber se encaixa em stalking?”
“Que eu saiba, não, mas faremos isso depois do fim de semana”, eu garanto, “Não vejo a hora de ela nos deixar em paz”.
“Nós quem?” Ela mexe na roupa.
“Eu, você, o The7, pode escolher”, passo a mão pelo cabelo de novo, “Ela só persegue, tenta beijar ou abraçar quando sou eu. Ela nunca incomodou mais ninguém, mas eu sei que ela é um problema que respinga nos caras”, suspiro, “Eu venho tentando me livrar dela desde antes de…” hesito.
“Mais de cinco anos atrás”, ela completa e eu confirmo.
“Quando vai me deixar falar, Ari?” Eu sei que estou soando patético, “Preciso que você saiba”.
“Dessa semana não vai passar”, ela me dá um selinho, “Prometo, Gabriel, só precisamos achar um momento”, ela sorri.
Sorrio de volta e seguro seu rosto, beijo sua boca de leve, então uma ideia me ocorre, me afasto para ver seus olhos.
“Posso ser seu namorado?” Pergunto.
“Isso é um pedido oficial?” Ela levanta a sobrancelha.
“Se você aceitar, sim, se não era só uma dúvida”, sorrio.
“Eu acho que sim…”
“Por que acha?” Eu a solto.
“Eu não sei o que você vai dizer, Gabriel”, ela suspira e segura as têmporas, “E se você me disser algo que vai fazer eu ficar com raiva? Ou que faça eu não confiar em você? Ou…”
“Ari, se acalma”, pego suas mãos, “Eu só quero que você saiba o que aconteceu. Você sempre comenta sobre não confiar em mim e eu quero ser digno dessa confiança” eu a abraço, “Não quero que algo tão antigo atrapalhe a gente, Ariane, eu amo você desde a escola”, eu a olho e ela parece emocionada, “Eu te amo, eu quero que você me escute e espero que acredite em mim, quero que você confie em mim”.
“Eu…” eu ponho um dedo em seus lábios.
“Não quero que se sinta forçada a responder isso”, falo com sinceridade, “Quero que você saiba como me sinto”.
“Não estou me sentindo forçada”, ela diz, “Eu amo você também”.
Então eu a beijo, essas quatro palavras fizeram meu coração correr como nunca antes. As mãos dela voam para minhas costas, eu seguro seu cabelo, tentando ser delicado, mas provavelmente falho, pois sinto seu gemido leve na minha boca.
Quando provavelmente o beijo se tornaria incontrolável, uma batida na porta nos separa. Rafael está nos chamando para irmos embora.
Ignoro minha prudência e saio de mãos dadas com Ariane, mas felizmente está tudo vazio, não tem fãs nem paparazzi.
O caminho de van é tranquilo, Ariane descansa a cabeça em meu ombro e quando chegamos, ela está dormindo.
Eu a carrego para o quarto dela e a deito na cama, ela se mexe e me viro para sair, mas ela segura minha mão.
“Desculpa te fazer acordar”, falo e me ajoelho para ficar de frente para ela.
“Você não ia dormir comigo logo depois de me pedir em namoro?” Ela sorri.
“Você não aceitou”, mexo em seu cabelo.
“E se você me contar tudo hoje?” Ela da um tapinha na cama. Saio do chão, deitando com ela.
“Tem certeza que não vai dormir enquanto falo?” Ela deita a cabeça em meu peito, com certeza ela vai dormir.
“Tenho”, ela boceja.
“Acho que você vai dormir, Ari”, mexo em seu cabelo, “Por mais que eu esteja ansioso pra te contar, você precisa descansar, Arizinha”, beijo sua cabeça.
“Ta bom, seu chato”, ela me dá um selinho, “Boa noite, Gabriel”.
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Dançando Outra Vez -The7 Saga #1
FanfictionAriane Torres viu seu namorado beijando a garota que a humilhava na escola e simplesmente correu, literalmente. Passou cinco anos estudando dança, que é sua paixão, e agora está de volta ao seu grupo de amigos, que inclui o namorado que a traiu. Ga...