CAPÍTULO 11

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Gabriel

"Se o Gabriel quiser ser meu namorado, ele pode voltar no tempo e não me trair há cinco anos!"
Pausa.
"Mãe, de verdade, eu não vou namorar o Gabriel de novo, nem que minha vida dependa disso!"
Eu não devia estar na porta do quarto de Ariane tão cedo. Eu não devia ter aberto uma fresta para chamar ela.
Eu sei bem disso.
Mas a primeira coisa que eu pensei, depois de receber uma ligação do empresário do nosso grupo totalmente surtado por causa de um vídeo da balada, foi verificar se a Ariane já tinha visto alguma coisa.
Pelo jeito ela já viu a matéria e dona Jamile também.
Me afasto da porta, fechando a pequena fresta que tinha aberto e volto para o meu quarto, me deitando na cama.
Tenho lágrimas nos olhos, o que Ariane disse para a sua mãe me magoou. Óbvio.
O que me fere mais é ela não saber o que de fato aconteceu…

Há cinco anos

Estou quase atrasado para chegar no estúdio, infelizmente eu tive uma prova de última hora.
Avisei os meninos pelo grupo e me apressei em direção ao estúdio o máximo que pude.
Assim que entrei na quadra onde o estúdio está localizado, eu a vi.
Madalena.
Isso não vai ser bom, previ.
"Gabriel!!!!" Ela gritou ao me ver. A voz dela era irritante.
"Oi, Madalena, tô atrasado, até mais!" Passei por ela rapidamente, tentando evitar o contato, mas ela segurou meu braço e grudou como um durex. "Me solta", pedi.
"Ah, só uma foto, eu to com saudade" ela puxou o celular e eu tentei de novo me afastar, "Poxa, Gabriel, você tá fazendo isso por que?"
"Madalena, tem dois motivos", eu parei e a olhei nos olhos, "Primeiro, eu tenho namorada, eu amo a Ariane e você se jogar pra cima de mim não vai me fazer mudar de ideia" eu respirei, estava cansado da corrida, "E segundo, estou atrasado para o ensaio do grupo. Se quiser ajudar em alguma coisa, você pode assistir a gente no YouTube e tiktok".
Voltei a correr, mas a garota veio atrás de mim. Subi as escadas correndo e já estava até vendo a porta da nossa sala reservada e meus amigos lá dentro.
Senti um puxão na minha mão, me virei e era a insistente Madalena me puxando.
"Eu não terminei de falar com você, Gabriel", o jeito que ela falava meu nome chegava a me deixar enjoado, "Eu só quero uma coisa de você".
Olhei para a porta da sala, queria acabar logo com isso, "O que você quer?"
"Um beijo".
"Nunca, você sabe disso", me virei para ir até a sala.
Mas a mão de Madalena apertou meu pulso e me puxou, fui pego de surpresa, então não resisti ao puxão.
Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ela me puxou, colando sua boca na minha.
Minha primeira reação foi empurrá-la pelos ombros, mas ela estava encostada na parede e agarrou meus cabelos, me puxando mais para si.
Que menina forte!
Quando consegui me livrar dela, limpei minha boca, com nojo. Ela sorria, triunfante.
"Nunca mais chegue perto de mim, garota, você é louca!" Eu voltei a correr para a sala.
Cheguei lá e, pelos olhares dos meus amigos, sabia que havia algo de errado.
"Vacilão!" Rm me deu um pescotapa. "O que?"
“Ela viu”, Pedro diz.
Eu fiquei louco de preocupação, precisava falar com Ariane sobre o que aconteceu.
"Ela saiu correndo", Luan provavelmente percebeu que eu estava procurando por ela.
Então vi a porta de emergência da sala aberta e corri.
Eu desci as escadas mais rápido do que se estivesse acontecendo a porra de um incêndio no prédio.
Cheguei ao lado de fora e a vi. Ela estava pegando ar, praticamente dobrada ao meio pela corrida.
"Ariane!" Chamei, pronto para chegar até ela, mas ela nem olhou para trás.
Ela se recompôs muito rápido e saiu correndo.
Logo depois meus amigos chegaram em mim, eu estava pronto para correr até a casa de Ariane e fazer ela me ouvir sobre o que viu.
"Deixa ela", Rafael segurou meu braço, "Ela vai precisar de um tempo".
Senti algo molhado no meu rosto. Lágrimas. Eu magoei a garota que eu amo, e o pior é que nem foi culpa minha.
"Eu preciso explicar o que aconteceu!" Tentei me livrar do aperto firme de Rafael, mas Matheus também me segurou, "Me larga, eu vou explicar pra ela!"
"Você não vai chegar nem perto dela!" Guilherme gritou na minha cara, ele sempre foi muito protetor com Ariane, "Você acabou de trair ela na frente dela, cacete!"
"Não foi culpa minha!" Gritei de volta, tentei me soltar de novo, mas meus amigos são mais fortes que eu.
Continuei chorando e gritando que não foi culpa minha, Rafael e Matheus me arrastaram de volta para o estúdio, me obrigaram a subir as escadas de novo e entrar naquela sala e me sentar num canto.
Pedro, Felipe e Luan estavam ligando e mandando mensagens para Ariane, para saber se ela tinha chegado em casa e se estava bem.
"Se não foi sua culpa, se explique", Guilherme estava na minha frente, me olhava nos olhos enquanto estalava os dedos de forma ameaçadora.
Eu sabia que iria levar um belo soco se ele não ficasse convencido.
Expliquei tudo que aconteceu por entre minhas lágrimas e soluços.
"Eu não quero perder a Ari por uma coisa que eu não fiz!"
Lamentei ao terminar o relato.
"Eu sabia que aquela Madalena não era flor que se cheire…" Guilherme, que tinha ficado o tempo todo quieto enquanto eu contava, colocou uma mão no meu ombro, "Eu vou acreditar em você, mas se eu descobrir que é mentira…" ele foi interrompido pelo barulho da porta abrindo.
Me levantei rapidamente, "Ariane!", gritei, mas fiquei frustrado.
A vagabunda da Madalena entrou na sala, sorrindo e até saltitando.
Como ela poderia estar saltitando?
"Gabriel!" Ela falou naquela voz enjoada, quase tive uma ânsia de vômito, "Agora que aquela Ariana que não está mais com você, você vai me namorar, oppa?"
Meu sangue ferveu e eu não me lembrava de algum dia ter sido tão agressivo com uma garota.
"Madalena!" Eu gritei enfurecido, "Você nunca mais vai chegar perto de mim ou desse grupo, entendeu?" Eu a peguei pelos ombros e a sacudi, "Coloca nessa sua cabeça oca que eu nunca, eu repito, nunca vou namorar você!" Eu a olhei nos olhos, "Se você chegar perto de mim de novo eu vou fazer questão de te atropelar assim que tirar minha habilitação!" Eu a empurrei.
Por sorte ela não caiu, mas estava chorando, "Oppa, não fala assim comigo!" Ela choramingou de novo.
"Não me chama assim!" Eu gritei, estava fora de mim, com toda certeza, "Eu não sou seu oppa, seu namorado e nem caralho nenhum pra você!" Eu comecei a chorar de novo, mesmo estando muito bravo, "Madalena, você é idiota?" Eu puxei meus cabelos, "Eu acabei de
perder a pessoa que eu mais amo por causa da sua burrice!" Desabei no chão de novo.
Não sei quem tirou Madalena da sala. Não sei quem me tirou da sala.
Não sei nem quem me levou para casa naquele dia e me impediu de espancar a campainha de dona Jamile para falar com Ariane.
Em algum momento, eu acabei dormindo, mas não antes de tentar a todo custo mandar mensagens e ligar para Ari.
Ela me bloqueou assim que chegou em casa, aparentemente.
Meus amigos acreditaram em mim depois de ver a cena de Madalena no estúdio de dança, eles disseram que tentariam fazer Ariane falar comigo.
Mas eles nunca conseguiram…

Dançando Outra Vez -The7 Saga #1Onde histórias criam vida. Descubra agora