Gabriel
A semana que passou foi complicada.
Tivemos ensaios no estúdio da gravadora e nos locais dos três shows que tivemos durante a semana.
Finalmente consegui acertar a coreografia da última música com Ariane, o que me deixou aliviado, pois a música deveria entrar na turnê essa semana sem falta e eu era o único que estava sem um acerto com meu par.
É o último show da semana.
Terceiro show da Ariane com a gente. Entramos no palco às nove da noite. Ariane está tremendo. De novo.
Estou sentado no sofá do camarim, comendo algumas castanhas e observando a cena se desenrolar.
"Ari, já falei que ontem foi ótimo", Guilherme diz a ela.
"Você pode estar mentindo e alguém está fazendo o acordo de quebra do meu contrato nesse exato momento", ela retruca.
"Pelo amor de Deus, garota", nossa dançarina, Elena, a segura pelos ombros, "Ariane, você foi a melhor ontem, quando você fez o breakdance com o Pedro todo mundo gritou pra cacete!"
"Pelo Pedro!" Ari está se abanando agora.
"E quando ele parou pra te dar espaço e todo mundo continuou gritando?" Elena sorri.
"Tá, eu acho que nisso você tem razão", Ariane sorri.
Ela finalmente se senta e bebe um pouco de água.
Faltam quase trinta minutos para entrarmos no palco, estou um pouco ansioso e nessas horas queria que pudéssemos subir no palco antes do horário previsto.
Matheus recebe uma ligação e atende imediatamente. Ele escuta e depois responde "Vou falar com eles", desliga e mexe no cabelo.
"Pessoal, a gravadora acabou de ligar e disse que recebemos dois convites", ele se levanta, estamos todos atentos, até as meninas fixam seus olhos em nosso líder, "Recebemos convites para o Grammy, fomos indicados e convidados para performar", todos batemos palmas e comemoramos, "O segundo convite é para irmos ao Met Gala", mais comemoração, "Nosso empresário ainda não sabe o tema das roupas, mas temos que confirmar a presença nos dois eventos logo".
Estamos todos fazendo barulho para comemorar, todos nós estaremos confirmados em breve.
Um dos staffs do show de hoje entra, avisando que faltam quinze minutos para subirmos no palco.
As dançarinas correm para conferir a maquiagem e cabelo, eu e os meus amigos ficamos em nossos lugares, minha perna não para de balançar.
Luan coloca a mão no meu joelho, "Para, irmão", ele pede.
"Não consigo, cara", respondo, parando de mexer a perna pelo peso da mão dele.
Todos se juntam e alguém grita "Hora da selfie!"
Me levanto, coloco o blazer que vou usar no palco e me junto ao grupo, Matheus está segurando o celular e temos quatorze pessoas para caber em uma única foto. Acabo ficando do lado de Ariane e nos esprememos o máximo possível e Matheus bate a foto.
"Gabriel, troca com o Guilherme", ele pede, "Não vamos dar mais corda pros tablóides com você e a Ari".
Guilherme e eu trocamos de lugar e outra foto é tirada e postada na conta oficial do The7.
Pouco depois estamos posicionados para entrar no palco e o mestre de cerimônia do local nos anuncia.
Os gritos são abafados graças aos retornos que utilizamos em nossas orelhas, as dancarinas também usam um com o beat da música para se guiar nos passos.***
A última música chega.
Vejo nos olhos de Ariane como ela não está segura.
Aproveito que não é minha vez de cantar quando me aproximo dela e sussurro, "Você consegue, só sente a música", é o melhor que posso fazer nesse momento.
Eu guio nossos passos, sabendo que ela conhece cada passo tão bem quanto eu.
Chega a minha linha na música e estou cantando quando a pego no colo, seu corpo se choca contra o meu enquanto a seguro e ela executa os movimentos com os braços.
A diferença geral? Eu a peguei de mal jeito e agora minha mão está em sua bunda. Ela não parece se importar, seu profissionalismo é invejável, sua expressão não mudou nem por um segundo, mas eu vacilei com minha voz. O público canta e volto a me concentrar, pareceu proposital, certo?
Seu corpo está esfregando contra o meu em nossos movimentos.
São quatro minutos dessa tortura, seu corpo contra o meu por dias seguidos... isso me provoca imagens mentais que eu preferia não ter.
O pior é que sei que eu vou fazer isso de novo.
A música finalmente acaba, demoro mais que o necessário para me afastar.
"Tudo bem?" Ela pergunta, com as mãos ainda nos meus ombros. Afirmo com a cabeça, soltando suas mãos dos meus ombros.
O show acabou.
Ela se reúne com os outros dançarinos, eles se curvam em agradecimento e deixam o palco pelas laterais.
Eu e os meninos fazemos o mesmo, dizemos algumas palavras de despedida e nos retiramos do palco.
Voltamos ao camarim felizes, deu tudo certo, estamos em clima de comemoração, um staff nos traz garrafas de champanhe e taças.
Estouro uma garrafa e Guilherme a outra, servimos as taças e compartilhamos com quem está por perto.
"Devíamos sair para comemorar", Pedro sugere.
"Eu acho que é uma ideia incrível!" Felipe responde, mal segurando a emoção.
"Vocês têm certeza?' Ariane pergunta, "Estou cansada".
"Deixa disso, Ari", Guilherme diz, "Você sabe que quer, amanhã estamos de folga".
Ela concorda, todos concordamos, inclusive as outras dançarinas, que estão com a gente.
Nos organizamos para os carros da equipe de segurança nos levarem até o Maniac novamente.
Fazemos como há uma semana: temos o camarote reservado e as pessoas da staff que foram com a gente entram junto, subimos, pedimos bebidas e nossos staffs vão para a pista.
Bebo meu whisky devagar, sentado no bar, observando o ambiente, para um domingo, está bem cheio.
Vejo Ariane na pista com Pedro, esses dois têm uma energia quase infinita para dançar, mesmo afirmando estarem cansados. A sincronia entre eles é bonita de se ver, não é a toa que os dois sempre estavam à nossa frente quando começamos a gravar as coreografias.
Termino meu whisky rapidamente e vou em direção a Ariane. Ela está de costas para mim, dançando de um jeito que é tão provocante para mim, que poderia ser perigoso.
Entro no ritmo dela e de Pedro, que me viu chegar, e a pego pela cintura, acompanhando seus movimentos fluidos.
Ela olha por cima do ombro e quando me vê, seu olhar parece se iluminar, mas pode ser por causa das luzes da boate. Ela continua dançando de forma provocante e eu e Pedro a acompanhamos.***
Eu mal bebi essa noite, fiquei com receio de alguém tentar alguma coisa com Ariane de novo, porém me diverti muito com todos os amigos em volta.
Na hora de virmos embora, percebi que Ariane está muito alterada. Guilherme ajudou ela nas escadas e a entrar no carro.
Em algum momento, ela estava com a cabeça deitada no meu ombro, o carro estava silencioso, estávamos todos esgotados.
Ao chegar em casa, Ariane não acordou, Guilherme me ajudou a tirar ela do carro e levá-la para dentro, então a colocamos no sofá. Os caras dão boa noite e sobem.
"Temos que levar ela pra cima..." Guilherme diz.
"Sim..."
"Eu to muito bêbado pra isso", ele passa a mão no cabelo, "Eu vi que você mal bebeu, você leva ela".
Ele se vira e sobe as escadas sem esperar que eu responda.
"Lá vamos nós de novo, Ari..." eu a pego com cuidado e subo as escadas devagar.
Abro sua porta com uma certa dificuldade e entro para colocar ela na cama. Consigo afastar suas cobertas e a coloco na cama. Antes de cobri-la, tiro seus sapatos, não sei como ela aguentou fazer meio show com esses saltos e ainda dançar por horas no Maniac.
Deixo os sapatos no canto de seu quarto e observo sua roupa. Vai ser desconfortável para ela dormir assim, mas eu não vou ousar tentar trocar sua roupa pelo pijama.
Eu a cubro com cuidado e deixo um beijo em sua testa. "Boa noite, Ari..." sussurro de olhos fechados.
"Boa noite, Gabriel", ela suspira, abro meus olhos e os dela estão me encarando.
"Te acordei?" Falo baixo, me sentando ao lado da cama e passo a mão em seu cabelo.
"Não sei, acho que estou dormindo", ela responde, se ajeitando na cama e seu rosto fica de frente com o meu, "Estou sonhando?"
"Você me diz, Arizinha", respondo, ainda com meus dedos em seu cabelo.
"Se for um sonho eu não posso me arrepender de nada, né?" Ela fala enrolado e leva sua mão até o meu rosto.
"Imagino que sim, o que quer fazer?"
Ao invés de responder, ela se levanta um pouco e puxa meu rosto para o dela, sinto sua respiração contra minha boca e meu corpo está zumbindo com a expectativa.
"Ariane..." falo em tom de alerta.
"Gabriel, o sonho é meu", ela responde de olhos fechados, posso até sentir o movimento de seus lábios contra os meus, "não me faça acordar chateada".
Então sua boca se choca contra a minha, ao mesmo tempo que é familiar, é totalmente novo, sua mão está na minha nuca, puxando meu cabelo, sua boca se abre e sua língua invade minha boca de forma deliciosa, quase que travando uma batalha erótica contra a minha.
Sem saber como me controlar, eu seguro seu rosto e me ajoelho, fazendo Ariane deitar na cama, a parte de cima do meu corpo está sobre ela, a sensação do corpo dela contra o meu é diferente aqui... até que me lembro que ela estava bêbada e dormindo...
Me afasto, mesmo que ela esteja puxando meu cabelo, sem querer me deixar ir. Deixo um breve selinho em seus lábios.
"Fica..." seus olhos estão fechados, "meu sonho ainda não acabou".
"Se eu ficar, seu sonho vai acabar, Ari", beijo sua testa de novo e me levanto, "durma bem".
Ela se vira, abraçando um urso vestido com meu casaco, dou uma risada leve e saio do quarto, fechando a porta e entro no meu.
Meu corpo está pegando fogo, sinto minha pulsação em todos os pontos possíveis. Estou até um pouco envergonhado, pois acho que meu pau nunca esteve tão duro na vida.
Ariane está me desconfigurando.
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Dançando Outra Vez -The7 Saga #1
FanficAriane Torres viu seu namorado beijando a garota que a humilhava na escola e simplesmente correu, literalmente. Passou cinco anos estudando dança, que é sua paixão, e agora está de volta ao seu grupo de amigos, que inclui o namorado que a traiu. Ga...