CAPÍTULO 29

3 1 0
                                    

Gabriel

Dias se passaram desde que processei Madalena. O advogado que está cuidando de tudo para mim já me avisou que ela será presa, mas que provavelmente só vai pagar a fiança e ficará livre.
Por mim tudo bem, desde que a humilhação pública e a prisão a assustem e ela pare de ficar atrás de mim.
Estamos na academia de casa hoje, fazendo treinos leves, apenas para não perder o ritmo, é verão, época de férias e temos poucos shows e poucos compromissos, gostamos de passar as festas de fim de ano com a família em nosso antigo bairro.
“Então cada um fica na sua casa mesmo?” Felipe pergunta, “Não vamos ter a ceia de Natal e ano novo com todos juntos igual todo ano?”
“Claro que vamos”, Matheus responde, “Só não sabemos em qual casa”.
“Se for pra jantar com a família toda de todos nós”, começo, “Seria melhor fazer isso aqui, nossa área externa é grande o suficiente para oito famílias, mas as casas dos nossos pais, não”, volto a executar meu exercício.
“Não é má ideia”, Rafael diz, largando uma barra no chão, “Nossas famílias nunca vêm juntas para cá, podemos verificar se a equipe de segurança vai ter plantão para levar nossos pais para suas casas”, ele pensa, “Caso não, o que é mais provável, vamos comprar colchões infláveis e nós dormimos na sala para ceder os quartos para nossos pais”.
“Ótima ideia, Rafael”, Ari diz ainda executando o exercício, “Meus pais já estavam tristes achando que eu ia passar o Natal aqui sem chamar eles, mas eu teria ido para a casa deles de qualquer forma”.
“Eu vou mandar mensagem pra saber”, Matheus diz e pega o celular.
“Mafe vai vir para cá?” Guilherme pergunta.
“Não”, Matheus suspira, “Estamos meio em crise, mas nada demais, já aconteceu antes”, ele balança os ombros, “Pode ser que até o Natal nós estejamos resolvidos e ela passe por aqui, mas eu não contaria com isso”.
“Espero que se resolvam”, Pedro diz e aperta o ombro do amigo.
“Eu também”, Matheus checa o celular, “Sem seguranças em carros para levar nossos pais para casa, vamos providenciar os colchões infláveis”.
Todos concordamos, logo encerramos o treino e subimos para almoçar.
Então me lembro de uma coisa.
“Nós não temos decoração de Natal”, falo quando todos se sentam à mesa, “Precisamos de decoração se vamos receber todos aqui”.
“Mas vocês não podem simplesmente sair para comprar né?”, Ari pergunta, “Ir no shopping ou em algum lugar do tipo é meio inviável para vocês, certo?”
“Normalmente podemos ir, desde que com seguranças”, Guilherme responde, “E um grupo pequeno, mas já fomos todos juntos e nunca tivemos problemas”.
“Se chamarmos os seguranças podemos ir sem problemas”, falo, “O problema geral é se demorarmos e alguém postar onde estamos”.
“Podemos ir hoje”, Matheus diz, já mexendo no celular, provavelmente chamando uma equipe para nos levar, “Vamos comer, tomar banho e sair, assim vamos num horário meio livre, já que é segunda”.
Todos confirmamos e seguimos o que foi dito.
Em menos de uma hora, a van está estacionando no shopping, seguida de dois carros pretos, temos oito seguranças hoje.
Nós estamos vestindo roupas escuras, bonés e máscaras, tentando passar incógnitos.
“Eu acho que a máscara chama mais atenção”, Ariane diz, ajeitando o cabelo sob o boné azul.
“A ideia é disfarçar o rosto”, Felipe fala, “Mas meio que não dá certo, parece que nossos fãs têm visão de raio-x”.
Entramos no shopping e fomos direto para uma loja indicada por Ariane que teria uma árvore artificial, bolinhas, luzes e outras decorações para enfeitar nossa casa.

Ariane

Os meninos fizeram a festa na loja comprando as decorações em cores vibrantes.
No fim de tudo, noto a ausência de Gabriel, assim como a de um segurança. Estou pronta para ligar para ele ou avisar os meninos quando Gabriel aparece no corredor do shopping.
“Onde você estava?”, pergunto.
“Tive que ir ao banheiro”, ele diz, “Meu babá me acompanhou, fique tranquila”, ele aponta o segurança, que ri do comentário.
“Pessoal, agora temos que comprar presentes”, Luan diz, “Pelo menos para nossos pais e irmãos”.
Concordamos e fomos andando pelas lojas, comprando uma ou outra coisa para nossas famílias e notei também que eles compraram presentes discretamente uns para os outros, o que eu também fiz.
Só não consegui encontrar nada que me agradasse dar para Gabriel, ainda pensaria em algo e pediria pela internet se fosse o caso.
Então, Matheus sugere a livraria, o que acho ótimo, talvez tenha algum livro ou item de papelaria para eu me dar de presente!
“Pra que a livraria?” Luan pergunta.
“Bom, a irmã do Rafael vai passar o Natal com a gente certo?” Matheus pergunta ao amigo.
“Sim, ela não perderia por nada”, Rafael responde.
“Ela gosta de ler, me pediu indicações de alguns livros há um tempo”, Matheus balança os ombros, “Eu indiquei alguns que tenho certeza que ela ainda não leu, pensei em comprar para ela”.
“Como sabe que ela não leu?” Guilherme pergunta.
“Ela posta as leituras no Instagram”, Matheus diz, “Ela tem até um destaque para isso, então eu deduzi que ela ainda não leu”.
“Você é muito atencioso”, digo.
“Não custa nada por uma amiga de tantos anos”, ele sorri e pega dois livros, observando as capas.
Puxo Gabriel para o corretor de livros religiosos e de auto ajuda, está vazio.
“Que foi, Ari?” Ele está confuso.
“A irmã do Rafael”, eu olho em volta, todos estão distraídos, “Não é ela que é apaixonada pelo Matheus desde… sei lá, sempre?”
Gabriel ainda está um pouco confuso.
“Sim”, dou um pulo com o som da voz de Rafael, “A Ali é completamente apaixonada pelo Matheus desde de antes dela saber o que isso significa”, ele pega um livro da prateleira e o analisa, “Só não falem isso pra ele, ela me mataria e depois mataria vocês”, ele dá um sorriso triste, “Minha irmã não deixou de viver por isso, mas sei que ela fica triste de ver ele com a Mafe nas festas”.
“Ela nunca pensou em falar com ele?” Pergunto, baixinho.
“Acho que não, mas não importa agora”, ele deixa o livro onde pegou, “Ela diz que está bem admirando de longe, só resta eu acreditar”, ele balança os ombros e se afasta.
“Tadinha da Alícia”, digo, “Deve ser horrível ver a pessoa que a gente ama com outra”, seguro a mão de Gabriel.
“Se ela diz que lida bem com isso”, ele diz, ajeitando meu boné, “Só nos resta acreditar nela”.
Concordo e saio do corredor, indo para literatura estrangeira para escolher um livro para mim e Gabriel se afasta para a área de papelaria.
Antes que eu possa colocar os olhos em qualquer livro, vejo o que poderia ser o presente perfeito para Gabriel, por mais que seja simples, já sei que ele não tem nada igual no quarto e que vai gostar.

Dançando Outra Vez -The7 Saga #1Onde histórias criam vida. Descubra agora