CAPÍTULO 1

12 3 0
                                    

Ariane - Cinco anos depois

Pisar no aeroporto de Guarulhos pela primeira vez em cinco anos é estranho.
Passei tanto tempo longe da família e amigos que eu acho que não vou conseguir reconhecer ninguém.
Claro que eu fiz meus pais irem me visitar, mas eu nunca voltei até agora.
Meus amigos e Gabriel conseguiram um contrato incrível com uma gravadora logo depois de eu ir para Nova York, estudar dança, estão fazendo sucesso com o grupo, que nomearam de The7. Eles explodiram quase no mundo todo após apenas um ano do debut, o que é um feito quase inimaginável.
Notei que estou errada em pensar que não reconheceria ninguém quando vejo quatro dos meus seis homens preferidos logo depois de passar pela porta automática de saída.
Eles estão vestidos exatamente iguais: óculos escuros, máscaras pretas, conjunto de moletom preto e cinza e tênis de corrida.
Matheus, Rafael, Felipe e Guilherme estão completamente tapados, mas eu os reconheço e eles acenam para mim assim que me veem.
Saí correndo, quase esbarrando numa senhorinha com uma mala pequena que estava na minha frente e me joguei em cima dos meus meninos…
Quando estou prestes a gritar de felicidade, Guilherme tampa minha boca e faz sinal de silêncio para mim antes de soltar.
Rafael pegou minha mala e Matheus e Felipe me dão os braços e saímos mais quietos do que eu gostaria.
Eles me conduziram para o carro de Rafael, que colocou minha mala no porta-malas e quando entramos dentro do carro de vidros fumê, eu finalmente pude expressar minha felicidade em vê-los.
"Meu Deus, que saudade de vocês!" Eu beijei seus rostos, mesmo com dificuldade de chegar até Rafael e Guilherme que estão nos bancos da frente.
"Também sentimos sua falta, Ari", Matheus me abraçou, meio sem jeito.
Rafael deu a partida no carro e o rádio começou a tocar uma música do The7 que não conheço.
"Essa é o novo trabalho de vocês?” perguntei, ansiosa.
"Sim, Arizinha, só não pode falar pra ninguém que escutou", Guilherme aumentou o volume e começou a cantar junto.
Assim que a música termina, muda para a faixa que os fez ficar famosos, Guilherme abaixou o volume e se virou para me olhar.
"Gostou?" Eu balancei a cabeça, afirmando, "Matheus e Pedro que fizeram a letra". Ele se vira para frente e eu olho para Matheus.
"Que incrível, Matheus!" Dou outro beijo em seu rosto, estou muito feliz de estar perto deles novamente.
"Mas você ainda não nos contou por quê está voltando para o Brasil se estava se dando bem dançando em Nova York, Ari." Felipe cobra.
Eu sabia que ia ter que explicar.
"Vocês sabem que depois do curso de inverno ganhei a bolsa para um curso completo, certo?" Eles acenam com a cabeça, confirmando, "Bom, durante o curso fiz alguns testes para teatro musical, entrei em alguns e outros não".
"Eu lembro que fui te ver numa apresentação." Rafael me olhou pelo retrovisor, um sorriso estampado em seus lábios, "Você foi incrível!"
"Obrigada, Rafael!" Então continuei: "Na última semana antes da formatura, uma professora chamou alguns alunos de canto e nos disse que uma certa agência estaria fazendo testes de dançarinos de palco fixos para alguns músicos e grupos." Simplesmente parei, imaginando que eles vão deduzir o que aconteceu.
"Vai dizer que nossa agência que abriu os testes?" Guilherme se vira para mim de novo.
"Eu não sabia até sair o resultado, mas sim!" Todos comemoram, Rafael bate no volante.
"E o motivo de você estar de volta…?" Felipe gesticula para que eu fale.
"Bom, eu não sabia que era a agência de vocês, fiz o teste para dançarina fixa de palco, consegui a vaga e quando descobri que eu sou a mais nova dançarina para o grupo The7, eu quase surtei, né?" Terminei a história.
"Então você fez o teste sem saber que era pro nosso grupo?" Rafael perguntou.
"Na verdade, tinham mais alguns grupos ou cantores solo precisando, me disseram que o meu tipo de dança no vídeo de teste é mais compatível com o grupo de vocês", expliquei.
"Temos que comemorar, nossa garota voltou para nós!" Matheus disse.
Todos concordam, inclusive eu. Eles combinam entre si e, pelo visto, teremos uma boa comemoração em breve.
O restante do trajeto é atualizando algumas coisas que perdi e não puderam ser contadas por mensagem ou e-mails. Mantivemos contato, mas foi difícil por causa dos shows deles e minhas apresentações e aulas malucas.
Matheus conta sobre a garota incrível que namora há muito tempo, desde antes do debut, Pedro continua sendo o centro das atenções nas danças durante os shows e focado apenas nisso, mal sai do estúdio de dança deles, Guilherme está querendo abrir uma cafeteria para quando resolver se aposentar da música, Felipe está sendo chamado para algumas participações em filmes ou séries, mas ainda não decidiu se vai aceitar, Rafael virou modelo nas ‘horas vagas’ e Luan está causando problemas com o hábito de mulherengo dele, eu sempre soube que isso seria difícil de mudar.
"E o Gabriel?" Pergunto e eles me olham confusos, "Vocês sabem que eu ainda tenho mágoa do que aconteceu, mas eu vou trabalhar com todos vocês… quero saber."
"Ele e o Luan podem dar as mãos", Rafael diz, com sua cara de desgosto.
"O que?" Não acho que entendi certo, Gabriel era bem tímido até mesmo quando terminamos, como ele poderia dar as mãos com o Luan?
"Ele deve ter aprendido com o Luan, Ari", Guilherme diz sem me olhar, "Ele não chega a dar problemas pra gente por ficar com as groupies, mas ele sai com uma garota diferente a cada fim de semana ou a cada folga".
"E ninguém falou com o Luan e o Gabriel sobre isso ainda?" Estou levemente horrorizada.
"A gente tenta, mas o Luan é cabeça dura, não acha que é errado sair com as groupies, desde que sejam maiores de idade e estejam sóbrias", Felipe responde, "E o Gabriel… bom, desde o que aconteceu entre vocês ele mudou muito, mas continua a mesma pessoa de sempre."
Fico pensativa sobre isso, Gabriel não ter mudado quem é, só ter perdido a timidez com os anos é bem a cara dele. Só espero que sua lealdade com os amigos não tenha ficado pelo caminho… quer dizer, parte dessa lealdade foi pras cucuias há cinco anos, já que, antes de namorados, nós éramos amigos, mas os meninos nunca deixaram ele de lado e eu nunca liguei deles continuarem a amizade, o grupo, os sonhos de serem o que são hoje…
Eu só não queria ser atualizada da vida do meu ex namorado traidor. E agora vou ter que trabalhar com ele.
***
Assim que saio do carro de Rafael, sou atacada por um abraço de urso duplo. Meus pais estavam me esperando na porta de casa.
Depois de muitos beijos e abraços apertados, consigo sair do meio dos meus pais, que por acaso me viram há três meses, na formatura.
Rafael deixou minha mala na sala de casa e os meninos se despediram de nós. Eu só tenho trabalho amanhã, mas eles têm um pouco de dança para praticar ainda hoje e um programa de entrevistas de noite.
Depois que eles saem, minha mãe lamenta. "Preparei muita comida, achei que todos viriam para nossa casa almoçar!" Ela passa a mão no rosto.
"Se cada um de nós comer duas vezes, damos conta?" Eu pergunto, indo para a cozinha. Mas percebo que minha mãe pretendia fazer um banquete para minha chegada. "Você exagerou, mãe."
"Eu disse para ela que os meninos são muito ocupados, mas ela não me ouviu." Meu pai tira o dele da reta e se senta na sala de jantar.
"Vamos almoçar, filha." Mamãe me leva até a cozinha, "Podemos fazer marmitas para os meninos e você leva para eles?"
"Claro que levo, mãe!"
Ajudo mamãe com as travessas de algumas das minhas comidas preferidas e nos sentamos para comer.
Tento contar tudo que aconteceu nos últimos três meses que não nos vimos e peço que me contem também, afinal, mal conseguimos nos falar pelo telefone, mesmo que o fuso fosse quase nada.
Conto que vou começar a trabalhar com os meninos, como nos velhos tempos, eles ficam felizes por a turma se juntar de novo.
"Mas e o Gabriel, filha?" Meu pai pergunta.
"Ah, papai, tenho que ser profissional, pelo menos na frente das outras dançarinas e da equipe, mas os meninos sabem o que aconteceu e sabem que eu prefiro ter distância." Dou de ombros, "Imagino que ninguém vai me obrigar a dançar como par dele, se tiver alguma coreografia em pares".
Ah, como eu estava errada!

Dançando Outra Vez -The7 Saga #1Onde histórias criam vida. Descubra agora