O desabafo de um gato solitario

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Depois da troca de olhares entre amigos, a sala de aula se manteve em silêncio pelo restante do tempo até chegar o horário do lanche, a professora Caline após se acalmar, voltou a normalidade sendo uma professora muito boa em transmitir o que quer ensinar para seus alunos, trazendo também um pouco de graça para sala de aula para que os alunos se sentissem mais à vontade e que participassem mais da aula.

Mesmo que aqueles últimos dois anos com aquela turma tenha sido uma experiência nova e bem perigosa, por conta da influência do Shadow Moth em transformar pessoas em super vilões, muitos dos seus alunos foram transformados mas mesmo passando por alguns perrengues com essa turma, ainda teve muitos momentos de ouro com eles e amava a individualidade de cada um, sempre vendo como suas diferenças muitas vezes trazia a união entre eles, porém tinham aqueles indivíduos na sua sala que faziam com que o astral de outros colegas fosse lá pra baixo.

Infelizmente ela não consegue tomar uma ação mais efetiva sem se prejudicar, mas ela reparou que os seus alunos mais complicados estão de pouquinho e pouquinho aprendendo com suas ações, ao menos é o que ela acha, tendo como exemplo Chloe Bourgeois, nos últimos dias ela tem ficado muito na dela e sempre responde qualquer pergunta feita a ela de forma rápida e direta. Um comportamento estranho, mas ainda é algo que como professora ela precisa analisar com mais tempo antes de tomar qualquer atitude.

Bem, após as primeiras aulas, chegou o horário do lanche e os alunos foram liberados da sala de aula.

Visão do Nino

Caraca, aquele olhar… aquilo foi assustador e não sai da minha cabeça, na hora que eu pude sair da sala, não pensei duas vezes e meti o pé e já fui caminhar um pouco pela escola, cara, não sei por que aquilo me deixou tão assustado, será que era por conta do jeito que ele me olhou, de maneira tão fria e ao mesmo tempo focado. O Adrien que eu conheço não costuma ser assim, normalmente ele mantém um ar jovial, bondoso e cordial, praticamente aqueles príncipes em histórias de contos de fadas.

Deus, será que eu deixei alguma coisa passar? Não é possível, claro que ele tava parecendo “cansado” esses dias e ainda tava mais arrumado, pra mim toda essa mudança repentina não faz sentido, mas que tem alguma coisa acontecendo com ele é óbvia… QUE FRIO!

—E aí? Aceita? – Adrien do nada surgiu do meu lado encostando uma latinha de refrigerante na minha bochecha.

—Meu Deus do céu cara, de onde você veio? – Falei bastante assustado.

—Ué? Não me ouviu correndo atrás de você, tava até te chamando só que você nem deu bola, daí achei que um refrigerante geladinho iria ajudar a “quebrar o gelo” – Nossa… essa foi tão ruim que doeu, mas que cara é essa que ele tá fazendo, parece a mistura da cara de um convencido e um piadista de quinta, pfff… não deu… essa cara é engraçada.

—Pfff… hahaha, meu mano, que cara é essa?

—Que cara? Esse é o meu rosto de sempre Nino, qual o problema? Tá dizendo que tô ficando feio? – ele estende o refrigerante de uva, logo o meu favorito, golpe baixo Agreste. Pego a latinha e a abro.

—Feio não, porque pra mim você nunca foi bonito, só que a sua expressão tava bem diferente saca, de uma maneira que eu nunca tinha visto você fazer – dou um gole no refri.

—Ah… entendi, uma expressão diferente do habitual, mas isso te incomodou? – ele me perguntou já mudando de novo a sua expressão, porém dessa vez o seu olhar está sério e focado como foi na sala, Ah… agora sim eu entendi, do por que me assustei só com essa olhar naquela hora.

—Pra ser sincero, incomoda um pouco, por que tem horas que sua feição está relaxada e brincalhona, o que me lembra o irmão do meu pai, que é um canalha piadista, uma pessoa que eu gosto apesar dos defeitos, mas daí a sua feição muda de novo e fica fria e distante de maneira que sinto medo e julgamento, o que me lembra o seu pai, alguém que eu detesto.

Deu pra perceber que isso o deixou surpreso, sua expressão demonstrava isso, dá pra ver que ele tá diferente, ele não era um cara tão expressivo assim.

—Que bom que você é sincero – ele começou a caminhar até o pátio da escola onde tem bancos de madeira, o acompanhei e sentamos lado a lado em um desses bancos, daí ele continuou – que bom que você me avisou, vou tentar me segurar um pouco de agora em diante.

—Como assim cara, segurar o que? – perguntei sem entender.

—As expressões né – ele aponta pro próprio rosto – se está incomodando, vou tentar não fazer essas expressões tão diferentes.

—Não cara – levo minha mão até minha nuca e coço, de verdade isso me incomodou um bocado – você entendeu errado cara, a expressão que você fez na sala de aula e agora a pouco eu realmente não gostei, me lembrou muito aquelas expressões do seu pai, mas tirando isso, não me incomoda esse seu novo jeito, só que convenhamos Adrien, tu é um cara estranho, mas isso já tá passando dos limites e tá me preocupando mesmo, não acha que precisa falar o que tá te incomodando também?

—Nino – ele desviou o olhar de mim e encarou o refrigerante que ele também estava bebendo – quem me dera poder te falar tudo que tá acontecendo, eu gostaria muito de verdade, contudo tem uma série de fatores que não me deixam te contar tudo.

—Ok, então o que você pode me falar?

—Bem, a um tempo atrás uma amiga minha, que você não conhece e provavelmente nem vai conhecer, começou a se afastar de mim, parou de me chamar pra sair, de conversar comigo e pra ser sincero consigo entender o porquê disso, ela recebeu uma responsabilidade muito grande e tá tendo que lidar com as consequências disso, mas ainda sim machuca ela ter ficado tão distante.

—Olha só, meu camarada Agreste – dou uns tapinhas nas costas dele – quer dizer que você tava tendo uns problemas com “Ladys” e nem falou, chega até ser cômico, mas aqui entre nós, você pelo menos tentou falar com ela sobre isso?

—Ainda não, e pra ser sincero estou tentando não falar com ela esses dias, eu estaria mentindo se te dissesse que já superei todo o drama, porém tô cansado de ficar passando pela mesma situação várias vezes. Essa semana que se passou, eu passei ela tentando ser eu mesmo, sem ficar preso a figura que meu pai quer que eu sempre seja, o garoto perfeito com o sorriso brilhante, “O príncipe de paris” pfff – ele ri desse título.

—Hum… isso explica mais ou menos esse seu novo “estilo”, mas você não acha que tá exagerando, tipo, uma semana não dá pra mudar toda a personalidade de uma pessoa, pelo menos não naturalmente.

—Eu sei disso, por isso que não mudei Nino, o que você tá vendo sou eu sem as amarras, sem as correntes que me prendem, porém tem tantas correntes e cordas que preciso desamarrar primeiro antes que possam me ver de verdade. Vai demorar e de antemão já peço desculpas se te magoar ou se meu verdadeiro eu não te agradar.

—Cara… – Antes que pudesse terminar a frase, escutamos o sinal, porém não era o sinal comum, era o sinal de aviso de ataque de Akuma – acho que vamos conversar depois né?

—É, vamos mesmo.

Miraculous: Vamos Recomeçar Onde histórias criam vida. Descubra agora