Noite perigosa em Paris

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Pov Narrador
Mais tarde naquele mesmo dia.
Noite, às 20:00 da noite.

A lua estava cheia naquela bela noite e o clima frio e agradável, mesmo com a noite subindo, as luzes da cidade do amor brilhavam intensamente, mas como qualquer cidade, os seus maiores problemas surgem a noite e não são as vítimas do Shadow Moth, mas sim os verdadeiros vilões de qualquer sociedade, os foras da lei que se aproveitam das brechas da lei para tocarem os seus negócios clandestinos, na prática pra esse povo o crime compensa, mas tudo isso depende de um sistema bem frágil que a maioria dos criminosos de Paris obedece fielmente. Criado por uma família mafiosa antiga, existe um conjunto de regras que quem atua em Paris deve seguir para não chamar tanta atenção das autoridades e isso vale principalmente para as gangues menores e vagabundos solitários, é um equilíbrio bem frágil e tênue.

Contudo, sempre tem um “peixe fresco no mercado” que não foi bem instruído e sai por aí pra fazer merda, infelizmente, nessa noite um desses peixes quis sair pra caçar. Entre a multidão que andava tranquilamente pelas ruas de paris, passava um sujeito peculiar, roupas comuns que não chamavam atenção tirando o lenço envolta do pescoço, usando também um boné azul para esconder os seus olhos sorrateiros e atentos, como de um predador que está escolhendo minuciosamente a sua presa.

Esse peixe foi de rua em rua, pacientemente analisando suas opções e tentando ao máximo se controlar para não fazer nenhuma decisão equivocada. O peixe sabia de sua inexperiência, por isso tentava fazer como via em filmes e como seus irmãos já lhe mostraram. Mas como sua indecisão era grande, ele preferiu ficar de tocaia de frente para um beco específico que fica na frente de um restaurante famoso de 1 estrela Michelin. O peixe era inexperiente, mas a sua primeira “ação” foi feita dessa forma, ficar num canto não muito suspeito, ficar mexendo no celular e vigiar quem entra e sai pela porta da frente, não adianta mirar nos funcionários, eles normalmente são mal pagos e não vale a dor de cabeça tentar roubar pessoas que já estão acostumadas a sofrer a pressão de uma cozinha de um restaurante chique.

Mas a paciência é a maior virtude desse peixe e ele é bem recompensado por isso, uma chance surge quando as portas deste restaurante se abrem e de lá sai uma bela mulher de cabelos castanhos, traços italianos e está bem vestida, muito bem arrumada mas só pelas roupas o peixe reconhecia que aquela moça não tinha tanto dinheiro, mesmo jantando num restaurante caro desses. Para melhorar a noite dele, a moça parecia meio bêbada por conta de alguns tropeços e o vômito que sujou a calçada. Em prontidão, o peixe começou a seguir a moça, indo se aproximando aos poucos para não chamar atenção indesejada, porém quanto mais ele se aproximava mais sentia um peso sobre suas costas.

“Que sensação é essa” ele pensou. a cada passo mais próximo daquela moça, mais pesado a pressão se tornava, “o que tá acontecendo, isso é medo… excitação… que sensação é essa”. Quando ele viu que a rua ficou deserta, o peixe continua se aproximando da moça, rapidamente ele puxa uma faca do bolso e passa o braço direito em volta do corpo dela e encostou a faca no seu flanco.

—Ai meu… – o peixe puxou a faca pra mais perto do rosto da moça, ela na hora fechou a boca.

—Cala a boca moça, faça o que eu mandar e você sairá ilesa, mas se me desobedecer eu vou te furar tanto que os legistas vão achar que você foi fuzilada por uma metralhadora, balança a cabeça pra frente se você entendeu – a mulher balança a cabeça pra frente e o peixe faz o mesmo gesto – Maravilha, que bom que estamos na mesma página, vamos por ali porra.

O peixe foi arrastando a moça para o beco ao lado deles, ao entrar por ali, ela percebe que era um beco sem saídas e sem portas, além de ser muito escuro, ela tinha plena noção que ninguém iria percebê-los ali quanto mais eles chegavam ao final do beco.

“Por favor, alguém me ajuda… qualquer um… Ladybug, por favor” ela pensou. Quando chegaram no final do beco, o peixe a jogou contra a parede de frente para ele.

—Por favor, Por favor, não faz nada comigo, eu sou só uma contadora medíocre, comecei a trabalhar na Indy recentemente e… – o Peixe desfere um tapa repentino no rosto daquela moça, ele cai de joelhos erguendo os braços pra tentar se proteger, as lágrimas descem e seu coração se enche de terror, mas mesmo vendo aquela cena, o malandro à sua frente não se compadece e já a puxa de novo pelo braço e a coloca contra a parede novamente e faz um pequeno talho na bochecha da moça.

—Já falei pra calar a boca e colaborar, passa a grana e qualquer eletrônico que tiver, quero os cartões também – ele dá espaço pra ela mexer na sua bolsa e ela começa a tirar a sua carteira… Porém.

“Ok… que merda é essa… eu tenho certeza que isso não é medo, nem empolgação, nem êxtase e nada do tipo… isso é terror… mas por que eu tô sentindo isso, por que esse peso não desaparece… o que tá acontecendo comigo – ele pensou.”

Até que ele escuta vindo de trás dele o barulho de passos, seu sangue gelou por que esse som não veio da única entrada e saída desse beco, e quanto mais alto os passos ficavam, mas a pressão aumentava sobre ele, agora sentia pelo corpo todo e uma certa ardência crescia no seu peito. A mulher a sua frente tem visão do que se aproximava atrás dele, mesmo estando num beco escuro, a pouca luz que entrava por ali era o suficiente para ela ver ao menos traços da figura que parou atrás dele, que se sentia como um peixe fora d'água.

O malandro ia tentar falar alguma coisa, mas quando ele percebe um brilho verde iluminando a parede a sua frente, o medo lhe impediu de fazer qualquer coisa.

—Que bastardo teimoso você é, tenho certeza que sabia da minha presença, mas mesmo assim continuou nessa perda de tempo – antes que ele pudesse responder, algo atinge o seu braço, algo forte mas esguio e firme que o joga contra a parede do beco ao lado daquela moça, batendo forte sua cabeça e começa a sentir o mundo girar ao seu redor.

Ele apoia a mão na parede, tentando se escorar, só que a tentativa é falha quando ele percebe que seu braço está entortado. O pavor suprime a dor e ele começa a gritar, um grito agudo que é interrompido pela mão que o segura e o empurra contra a parede. Mesmo com o mundo girando, a visão daquela criatura obscura envolta de uma aura verde era tão clara como o dia para ele.

—Toda vez quando acordar, olhe pra esse braço e lembre-se dessa noite, essa memória é um aviso do que vai acontecer com miseráveis que nem você que ousam machucar outras pessoas, para a sua sorte não lhe entregarei a polícia, quero que espalhe para todos o destino de quem passar do limite na minha área, entendeu meu chapa, você vai colaborar?

O peixe mesmo com sua cabeça sendo pressionada contra a parede, ele balança o máximo que consegue de forma desesperada.

—Que bom que estamos na mesma página, agora tenha bons sonhos – a figura leva a sua mão livre até o pescoço do sujeito e desfere um soco, a dor fazia parecer que sua jugular tinha sido arrancada e pelo susto ele não conseguia respirar, a figura solta o malandro que aos poucos vai perdendo a consciência por falta de ar.

A mulher que estava ali do lado transparecia em sua expressão o puro terror, ela estava assustada e bebada demais pra fazer qualquer coisa naquela situação. Depois do sujeito perder a consciência, a figura olha para ela de cima a baixo e vai se aproximando com cautela dela, mas mesmo com todo o cuidado, ela se retrai em resposta.

—Ah… isso vai parecer meio estranho, mas não precisa ter medo de mim, eu estou aqui justamente pra te salvar – quando aquela figura disse isso, a moça se acalmou um pouco – desculpa pelo atraso, ao menos ele não fez nada pior, vamos… eu vou te acompanhar até em casa.

—Obrigada, muito obrigada… mas queme é você? – moça perguntou enquanto arruma as suas coisas.

—Hum… ah é… tá bem escuro pra você né? Bom, sou o gato negro favorito de toda Paris, o insubstituível Cat Noir.

Miraculous: Vamos Recomeçar Onde histórias criam vida. Descubra agora