Capítulo 12 - Enfermaria

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Ao abrir os olhos, Seraphine sentiu uma pontada de dor latejando em sua cabeça, como se alguém a tivesse acertado com um taco. Aos poucos, sua visão começou a clarear e a primeira coisa que ela viu foi uma mulher idosa sentada ao canto da sala, cantarolando enquanto cuidava de um garoto que parecia bastante como o garoto que Lukas empurrou mais cedo ele definitivamente estava bastante machucado quem quer que fosse o adversário dele não pegou leve. Assim que Seraphine olhou ao redor, notou outros três alunos sentados, cada um deles visivelmente abatido um pior que o outro, sentindo uma tontura leve enquanto tentavam se levantar.

— Como eu vim parar aqui?

A mulher idosa parou por um momento de cantarolar e olhou na direção de Seraphine antes de responder:

— Você está na enfermaria docinho parece que todos vocês tiveram uma disputa e tanto... felizmente, nenhum de vocês está mortalmente ferido.

Seraphine estava tentanfo processar as informações, sentindo-se um pouco confusa e atordoada. Ela se esforçou para se sentar, percebendo a dor em seu ombro à medida que se movia.

— Obrigada pela ajuda...mais eu já posso me retirar

— Se você quiser ir eu não vou te impedir, mais espere um momento.

A enfermeira se levantou brevemente, pegando alguns frascos contendo líquidos estranhos. Enquanto ela se dirigia à mesa, Seraphine notou uma caneta feita de penas escrevendo sozinha. Apesar de estar familiarizada com a magia, ela ainda se sentia perplexa com a complexidade e o mistério que a envolviam. A magia, embora rara entre os humanos, parecia estar em toda parte, uma presença constante e misteriosa. A enfermeira interrompeu os pensamentos de Seraphine enquanto pegava o papel e falava calmamente.

— Aqui estão as instruções, querida.

Seraphine olhou para o papel que a enfermeira lhe entregou, vendo as instruções escritas em uma caligrafia elegante. Ela agradeceu à enfermeira e começou a ler a primeira coisa que viu foi um aviso que aumentava suas aulas práticas.

— Por que aqui está escrito que minhas aulas práticas serão dobradas em duas semanas?

— Bem, docinho pelo que me falaram você realizou 3 feitiços e desmaiou e olhando para o seu físico, posso dizer que você mal pratica atividades físicas assim, você não vai ter resistência para lançar feitiços.

— Eu preciso ter um físico bom para lançar feitiços?

— Docinho, você não achou que era só estudar livros de magia e praticar feitiços, não é? Isso não adianta se seu corpo não estiver preparado os feitiços consomem muita mana, e a mana vem do nosso corpo, ele precisa fazer um grande esforço para liberar essa energia e transformá-la em magia. Os cajados facilitam a saída da mana do nosso corpo, e isso aumenta a potência dos feitiços, mas seu corpo ainda precisa suportar um esforço considerável.

— Eu agradeço os remédios e a explicação senhora.

— Por favor me chame de Mary.

Fazendo um aceno com a cabeça Seraphine saiu da enfermaria, mas assim que saiu teve uma enorme surpresa ao encontrar Erlys encostada na parede de braços cruzados. Os olhos das duas garotas tinham se encontrado mais elas novamente estavam se encarando sem falar nada.

— Você quer alguma coisa, Erlys?

— Eu queria ver você.

— Sempre soube que no fundo você me amava.

— Cala a boca, eu queria ver se tinha te machucado muito.

— Você literalmente lançou um feitiço de lanças afiadas e soltou um raio de luz em mim.

— E se não me engano, você usou dois tipos de magias contra mim gravitacional e de água.

— Engano seu.

Seraphine reconhecia a inteligência de Erlys e sabia que uma explicação superficial não bastaria. Precisava de tempo para preparar uma justificativa convincente ou torcer para que Erlys nunca mais levantasse essa questão. Considerando toda a situação, Seraphine definitivamente preferia a segunda opção. Ela só precisaria inventar desculpas variadas toda vez que fosse questionada.

— Então você quer me explicar de onde saiu aquela barreira feita de água?

— Bla bla bla bla.

Erlys estava de boca aberta com essa resposta ela ficou definitivamente surpresa com essa resposta inesperada ela sabia que Seraphine não iria admitir que tem dois tipos de magias diferentes, mas não esperava algo assim. Afinal, que tipo de idiota responderia alguém com um "bla bla bla"?

— Você não consegue ter uma conversa minimamente decente comigo? Quanta infantilidade.

Erlys se virou rapidamente e começou a andar, no entanto após alguns metros, a elfa notou que Seraphine a seguia em silêncio pela primeira vez.

— Por que você está me seguindo Seraphine?

— Eu não estou te seguindo.

— Você está andando atrás de mim como um patinho.

— Bem...eu não sei voltar para o quarto sozinha.

— Ah, você conseguiu admitir alguma coisa nesse curto período? Pelos deuses, você está desenvolvendo o que chamamos de educação estou ficando até emocionada.

— Por que você não pode simplesmente ir direto para o quarto em silêncio, e eu vou logo atrás?

— Poxa, Seraphine eu estava achando tão bonitinho você ter um pinguinho de educação, mas você teve que abrir a boca não é? Já que eu te acho uma idiota completa quer que eu te dê a minha mãozinha para você segurar? Afinal, com essa sua inteligência, você pode acabar se perdendo igual um bebê.

— Eu não sou um bebê, sei me virar muito bem.

— Se você acha isso.

— Você pode me falar que horas são, por favor?

— Umas nove horas da noite.

— Eu fiquei desmaiada por 4 horas?

— Sim, mais se serve de consolo você ficou em 10º lugar na sala.

— Mas eu perdi para você então como fiquei em decimo?

— Os professores não avaliam somente a vitória, eles consideram destreza, magia, resistência, conhecimento mágico e esse tipo de coisa. Além do mais, todos já sabiam que você nunca ia me vencer.

— Exibida.

As duas garotas, apesar das grandes diferenças, seguiram até o dormitório sem mais discussões. O clima entre elas até poderia ser considerado amigável, de certo modo. Seraphine não pôde deixar de notar como, apesar das brigas e dos desentendimentos, havia algo intrigante na dinâmica entre ela e Erlys. Mais ao chegarem na porta do quarto, Erlys rapidamente destrancou-a e apontou para um prato sobre a escrivaninha.

— Eu achei que você poderia estar com fome e pedi à senhora do refeitório para fazer um sanduíche para você.

— Você pegou um sanduíche para mim? Sem querer nada? Você colocou veneno?

— Eu ainda posso jogar fora, eu não posso fazer nem um gesto de bondade?

— Se for assim, acho que me apaixonei.

— O que você disse?

— Eu disse obrigada, por quê?

— Eu achei que tinha ouvido outra coisa.

— Impressão sua.

Após o breve momento de gentileza, Seraphine aceitou o sanduíche com um sorriso agradecido. Enquanto comia, ela sentiu o cansaço do dia começar a se apossar de seu corpo. Após terminar sua refeição, decidiu tomar um banho relaxante para aliviar a tensão. Mais ao sair, percebeu que Erlys já havia ido para a cama seguindo o exemplo dela, Seraphine foi se deitar e fechando os olhos, permitiu-se cair no doce abraço do sono.

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