Capítulo 4 - O castelo

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Goldef observou Merethy com um olhar cansado. Ele sabia que tinha uma responsabilidade enorme nas mãos.

— Eu prometo, Merethy eu farei de tudo para garantir a segurança de Seraphine, vou garantir que no castelo gelado ela tenha otimos exemplos.

— Isso funcionou com a Elizabeth Goldef?

— Cuidado com suas palavras, Merethy

O velho mago, irritado com tudo o que a elfa da lua disse, saiu da sala batendo a porta tão forte que alguns itens da prateleira quase caíram. Ele sabia que se fosse qualquer outra pessoa a dizer algo desse tipo para ele, essa pessoa teria a língua arrancada no mesmo instante.

Mais eles não eram os únicos a estarem tendo uma conversa assim que eles entraram para conversar no escritório, Seraphine estava explorando a loja, maravilhada com cada item mágico que encontrava. Ela experimentava diferentes acessórios, vendo cada um com sua própria luz mágica.

Ao mesmo tempo, uma sensação de desconforto pairava, ela não conseguia entender completamente o que estava acontecendo, mas sabia que algo estava errado. Ela sentiu um medo inexplicável ao olhar para os lados, não viu nada mais ao olhar para trás viu uma sombra escura sentada em cima de um armário a encarando ao ver aquela cena ela queria gritar de medo mais não conseguia ela não sabia o porquê ela simplesmente não conseguia.

"— Vejo que você está se divertindo muito com aquele velho mago, Seraphine"

  — Q-Quem é você? Eu acho que já te ouvi antes

"— Claro que você já me ouviu antes. Eu te ajudei sou uma boa pessoa ou alguma coisa assim, sabe nos jamais poderíamos deixar você morrer "

  — Foi você que matou aquele monstro na floresta.

"— Não não isso foi você sua bobinha... nós só te ajudamos"

   — Por que você fica falando 'nós'

"— Isso, minha garotinha é algo que você vai descobrir com o tempo por enquanto, você tem que se concentrar em outras coisas eu posso te ajudar quando você estiver com problemas relacionados a magia mais lembre-se que tudo tem um preço, mais eu sou barato eu juro, hahaha. "

Seraphine não sabe explicar muito bem, mas simplesmente sente um medo inexplicável só de olhar para aquela sombra, como se a qualquer momento fosse acontecer alguma coisa ruim. Seu coração está batendo rápido como nunca antes.

"— Sabe nos sempre vamos estar com você, Seraphine mais fui eu que te ajudei na floresta, se você quiser pode me chamar do que achar melhor. Eu só quero que você me faça um pequeno favorzinho no futuro, nada muito complicado coisa simples se me prometer isso eu posso te ajudar uma ou duas coisas "

   — Eu não estou entendendo.

"— Ora, ora basta dizer sim confie em mim."

  — Não?

"— hahaha você vai me dar trabalho mais depois conversamos mais"

A voz desapareceu, deixando Seraphine com mais perguntas do que respostas. No entanto, ela sentiu um sentimento de dúvida, aquela sombra trazia para ela uma sensação de medo. Ela voltou sua atenção para os itens mágicos ao seu redor, ela não tinha o mesmo entusiasmo de antes, mas ainda tinha curiosidade para olhar ao redor. Assim que ouviu um barulho, olhou para a porta do escritório e viu Goldef saindo de lá com uma expressão irritada.

Assim que saiu do escritório, Merethy não pôde deixar de olhar para Seraphine. Ela sentiu uma tristeza enorme ao pensar que possivelmente essa garotinha iria se corromper igual a todos os outros que tinham aquela magia. Ela não estava presente na época dos dois primeiros, mas sabia que eles enlouqueceram todos da mesma forma. Ela se lembra muito bem do terceiro portador, que estava tão dominado pela ganância e loucura que matou o Rei do reino de Sommar, usurpando o trono e manipulando a todos, convencendo diversos reinos a ficarem do seu lado foi aí que tudo deu errado.

Uma parte principal que Goldef não contou para Seraphine foi que o motivo da magia de observação ser extremamente desejada e ter uma fama péssima é porque aquela garota pode simplesmente roubar a magia de outros magos, mas isso acaba os matando no processo. Tirar a magia é o mesmo de tirar a energia vital de uma pessoa, ou ela pode simplesmente imitá-los só de observar, mas ela não consegue reproduzir a magia da mesma forma, ela sai mais fraca e menos potente. É aí que nasce a ganância, aquele Rei estava tão obcecado que atacou um Reino inteiro de forma covarde para roubar qualquer traço de magia que os habitantes possuíam. Ele conseguiu o que queria e fez uma chacina com os elfos da lua. Merethy presenciou tudo, ela viu seus pais e seus familiares morrendo bem na sua frente. Foi isso que deu início à primeira grande guerra e foi onde o Reino de Luna virou uma mera lembrança. Os elfos da lua que sobreviveram abandonaram o que sobrou daquele reino e criaram uma cidade isolada de todos, onde qualquer humano ou ser mágico que não seja um elfo acaba sendo morto.

É disso que a elfa da lua tem medo com as tensões entre os Reinos aumentando, a chance de ter uma segunda grande guerra só aumenta, especialmente agora que Gelidum tem Seraphine. Enquanto o mago só via coisas boas naquele reino, Merethy sempre viu um lado diferente de Gelidum, sempre viu um lado cruel dessa terra, com reis gananciosos travando guerras e mais guerras, caindo um após o outro. Mas isso mudou há muitos anos, quando aquele reino foi tomado pela rainha. Crianças eram levadas ao castelo para virarem soldados: quem tinha magia era rastreado por diversos magos diferentes e levado ao castelo muitas vezes essas crianças eram compradas, e quando a família recusava, era usada violência. Essas crianças mal iriam se lembrar de suas famílias, então que diferença iria fazer?

A cada segundo que passa, a elfa da lua percebe que o Goldef que ela um dia conheceu não existe mais. Às vezes, ela se pega pensando se isso foi causado pela culpa de ter sido responsável pela morte da sua filha. Logo depois, cego pela raiva, ele matou o próprio irmão para colocar sua sobrinha no poder, achando que tudo ia melhorar. Ao invés disso, acabou indo numa direção sombria.

O velho mago já estava farto de tudo isso. Ele não queria demorar mais tempo para chegar ao castelo. Ele estava disposto a pagar uma alta quantia por um item bem especial. Enquanto continuavam em silêncio, ele andou até uma prateleira no canto da loja e sussurrou algumas palavras tão baixas que mal podiam ser escutadas, mas que revelaram uma luz que Seraphine nunca tinha visto antes. O item que o mago estava tão disposto a pagar caro era um orbe de teletransporte. Eles são conhecidos por serem extremamente caros e pela sua demora de produção. Assim que pegou o orbe, o mago foi até Merethy e a entregou uma bolsa de moedas de ouro que continha 20 moedas. Merethy já sabia o que isso significava. Só podia se despedir de Seraphine, mas antes dela partir, a elfa da lua entregou um colar de proteção a ela e desejou-lhe sorte.

Goldef, nem quis se despedir de Merethy e apenas disse as palavras: "Palácio do inverno" e quebrou os dois orbes fazendo uma intensa luz azul aparecer.De repente, ele e Seraphine estavam numa sala de clima gelado, cercados de soldados os observando. Porém, quando eles perceberam que o velho mago era quem estava lá, abaixaram as armas num piscar de olhos.

Goldef segurou firmemente a mão de Seraphine enquanto saíam da sala gelada, sem nem mesmo dizer uma palavra para ela ou para os soldados que os cercavam, os quais nem ousaram encará-lo. Andando pelos corredores do palácio em silêncio, Seraphine observava ao seu redor, maravilhada e um pouco assustada com a beleza gélida do lugar. Havia diversas esculturas de gelo, uma mais bonita que a outra, criadas com maestria e detalhes impressionantes. Algumas dessas esculturas eram de pessoas, suas feições congeladas em expressões que mostravam seriedade outras eram de belos animais entalhes nas paredes havia intrincados gravados no gelo, retratando cenas de batalhas ferozes e vitórias triunfantes.

Finalmente, depois de passarem por uma série de corredores labirínticos, eles alcançaram uma porta gigantesca e maciça, que tinha facilmente mais de 3 metros de altura adornada com entalhes de gelo reluzentes. Goldef olhou para Seraphine com seus olhos cansados, sabendo que o que os esperava do outro lado.Com um leve aceno de cabeça, ele empurrou a porta, adentrando naquela sala.




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