No outro dia, bem cedo, aquela mesma sirene tocou novamente. Seraphine nunca ia se acostumar com isso, mas o principal problema era Erlys, que estava sentada na escrivaninha perfeitamente arrumada enquanto estudava.
— Você tem exatamente 30 minutos para se arrumar, Seraphine, e seu uniforme está em cima da sua mala.
— Eu odeio isso.
A garota lembrava bem do dia anterior. Ela definitivamente não queria chegar atrasada novamente, mas assim que se apressou para se arrumar, se deparou com um problema: ela não sabia fazer curativos. Considerando as possibilidades, Seraphine decidiu deixar as desavenças para trás e engolir seu orgulho pelo menos uma vez. Com um suspiro, a jovem chamou a elfa do sol.
— Erlys, você pode vir aqui me ajudar, por favor?
Erlys parou rapidamente de ler e se perguntou se havia escutado corretamente. Ela tinha dúvidas sobre Seraphine ser um ser pensante e duvidava mais ainda do fato de ela ter o mínimo de educação. Relutantemente, a elfa do sol caminhou de forma cautelosa até o banheiro, esperando o pior.
— Erlys, você vai me ajudar ou não?
— Perdão, eu acabei me distraindo com meus pensamentos... mas você quer ajuda com o quê exatamente?
— Eu não sei nada sobre fazer curativos, mas eu também estou com nojinho de olhar meu ombro. Então, você pode me ajudar? Por favor?
Com um suspiro, Erlys pegou uma atadura e começou a encarar Seraphine em dúvida.
— Você não vai tirar sua blusa?
— Tirar minha blusa?
— Seraphine, como você espera que eu coloque novas ataduras com você usando uma blusa?
— Tá, eu entendi, mas você tem que se virar.
— Claro, mas você sabe que eu ainda vou te ver sem blusa, né?
— Erlys, só se vira.
A elfa do sol se virou, mas não conseguia entender por que Seraphine não podia agir com lógica. Ela considerou que talvez aquela garota estivesse começando a ficar gripada ou que, depois do que aconteceu no dia anterior, estivesse começando a ter febre, o que poderia estar afetando seu raciocínio.
— Você já pode se virar.
Se virando, Erlys começou a se aproximar de Seraphine e desfez o antigo curativo na ferida no ombro dela. Ela observou que não estava tão ruim considerando o fato de que sua magia havia atravessado o ombro dela, mas ao observar a ferida em carne viva, é inegável que a elfa do sol estava começando a se questionar se havia pegado muito pesado.
— Isso pode doer um pouco.
Seraphine apenas assentiu, mordendo o lábio inferior, tentando se preparar para a dor. Erlys limpou a ferida com cuidado, tentando ser o mais gentil possível, passando o remédio estranho que a enfermeira havia entregado e colocando uma nova atadura.
— Pronto, acho que está bem feito — disse, com um tom satisfeito. — Agora você só precisa tomar cuidado para não fazer movimentos bruscos.
Seraphine soltou um suspiro de alívio, sentindo a dor diminuir um pouco com o novo curativo. Ela rapidamente colocou sua blusa de volta. Enquanto se vestia, refletia sobre a breve troca com aquela elfa do sol, imaginando que talvez ela tivesse um lado gentil.
— Se eu fosse você, me arrumaria mais rápido. Eu não vou te esperar muito e tenho certeza de que você não quer chegar atrasada novamente.
Seraphine percebeu o olhar da elfa do sol recaindo sobre ela, aqueles olhos dourados brilhando com o que ela acreditava ser impaciência. Ela não podia deixar de se perguntar o que Erlys pensava dela. Até agora, a elfa tinha sido reservada, com uma postura rígida que não revelava muito sobre suas emoções.
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Prosperum o despertar da magia
FantasySeraphine é uma jovem garota que assim que despertar um dom incomum para a magia, acaba sendo vendida para um velho mago por seus pais. Ela é levada em uma jornada rumo a um misterioso reino gelado, onde se depara com uma série de desafios ao ingres...