Capítulo 16 - Morte

12 5 13
                                    

Enquanto todos estavam distraídos com o que estava acontecendo, não conseguiram ouvir a tempo os sons que vinham diretamente da floresta. Era como se algo se arrastasse pela neve, o som abafado pelos próprios pensamentos e pelo caos recente. A tensão da batalha havia consumido toda a atenção deles, e a exaustão começava a dominar seus sentidos.

A criatura, atraída pelo barulho e pelo cheiro das árvores queimadas, se aproximava lentamente. Seus enormes braços se arrastavam no chão, e seus inúmeros dentes afiados brilhavam na pequena luz fraca que penetrava a floresta densa. A criatura tinha um corpo disforme, com uma pelagem branca que se misturava com a neve. Seus olhos eram pequenos e vermelhos, fixos no grupo de alunos, mas especialmente na figura trêmula de Julieta, que estava afastada dos restantes.

Quando finalmente perceberam a presença da criatura, já era tarde demais. Um som gutural e macabro ecoou pela floresta, fazendo todos se virarem de repente. Julieta sentiu um arrepio gelado subir pela espinha, mas já era tarde demais. A criatura já havia saltado com suas mandíbulas se abrindo amplamente.

Num instante aterrorizante, a criatura mordeu a cabeça de Julieta, seus numerosos dentes afiados cravando-se profundamente na carne. O som do osso rachando e o grito agonizante de Julieta ecoaram pela floresta, deixando todos paralisados de horror. Sangue jorrou da ferida, manchando a neve ao redor de um vermelho escarlate. De repente, os gritos pararam e tudo o que os alunos presenciaram com seus olhos arregalados em choque foi o corpo de Julieta cair no chão.

Jasmine só conseguia pensar em correr enquanto a criatura estava distraída, puxando e rasgando a cabeça de Julieta. A cena era grotesca e brutal. Cada movimento da criatura fazia o coração de Seraphine bater mais rápido, o medo crescendo exponencialmente. Ela não conseguia reagir; era como se tudo ficasse em câmera lenta, e os únicos sons que conseguia ouvir eram os que vinham daquele monstro rasgando pele e músculos daquilo que um dia já foi Julieta.

Coward, ainda tremendo visivelmente, deu um passo para trás, quase tropeçando. Jasmine, em estado de choque, olhou para a cena horrorizada e tentando tomar a melhor decisão correu até Seraphine.

— Precisamos sair daqui agora! — disse Jasmine com uma voz repleta de medo, agarrando o braço de Seraphine e puxando-a.

Seraphine finalmente conseguiu sair de seu estado de paralisia e começou a correr, segurando a mão de Jasmine com a maior força que conseguia. Coward num gesto que ninguém imaginava pegou uma das bolsas com seus passos desajeitados e desesperados e correu o mais rápido possível atras de do grupo. Karina e seu grupo, aterrorizados, imitaram o gesto de Jasmine e correram, mas no desespero, cada um acabou indo para um lado diferente. A criatura, ainda ocupada com os restos de Julieta, não percebeu imediatamente que suas presas estavam fugindo.

Os três corriam pela floresta sem rumo, seus corações batendo freneticamente, o som de seus passos na neve ecoando ao redor. Seraphine olhou para trás uma última vez e viu a criatura se levantar e olhar na sua direção com seus olhos vermelhos e sua boca enorme coberta de sangue. A criatura, diferente do que se esperava, não correu na direção do grupo. Ela apenas ficou lá, encarando Seraphine com o que podia se dizer um sorriso enorme e macabro.

A visão da criatura parada, com seus dentes afiados brilhando e a boca ainda gotejando sangue, era aterrorizante. A luz fraca da floresta refletia em seus olhos vermelhos, criando uma aparência ainda mais sinistra. O contraste entre a neve branca e o sangue escarlate tornava a cena ainda mais macabra. A expressão no rosto da criatura parecia exalar uma malícia quase humana, como se ela estivesse se divertindo com o medo deles.

Enquanto Seraphine tentava entender o que estava acontecendo, a criatura deu um passo lento para frente, ainda mantendo o olhar fixo nela. O sorriso macabro parecia crescer, e um som gutural, quase como uma risada distorcida, ecoou da garganta da criatura. O coração de Seraphine acelerou ainda mais, e ela soube que não podiam parar de correr.

— Não olhe para trás! — gritou Jasmine, puxando Seraphine para continuarem correndo.— Não parem de correr por nada!

A adrenalina os impulsionava enquanto corriam pela floresta, desviando de árvores e pulando por sobre raízes expostas. A cada passo, o som da criatura parecia mais distante, mas a imagem horrível de seu sorriso macabro continuava gravada na mente de Seraphine. Depois de algum tempo correndo, eles finalmente avistaram um pequeno riacho. Jasmine, sem parar de correr, apontou para o outro lado.

— Vamos atravessar! A água talvez nos ajude a disfarçar nosso cheiro!

Atravessaram o riacho, sentindo a água gelada que chegava até suas cinturas, mas sem diminuir o ritmo. Do outro lado, continuaram correndo por mais alguns minutos antes de finalmente pararem, ofegantes e exaustos. Foi então que avistaram um buraco que aparentava ser uma toca de algum animal, escondida entre as raízes de uma árvore.

— Ali! - gritou Coward, apontando para o buraco.

Eles se apressaram para entrar na toca, se esgueirando pela abertura estreita. Dentro, era escuro e úmido, mas maior do que imaginavam, oferecendo um esconderijo temporário. O ar era pesado e cheirava a terra úmida e folhas em decomposição. A luz mal entrava pela abertura, deixando o interior em completa escuridão.

Prosperum o despertar da magiaOnde histórias criam vida. Descubra agora