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— Eu quero ver um filme do Adam Sandler — Jisung diz no sofá da sala, os pés em cima da mesinha de centro como se não tivesse educação nenhuma.

Felix não fala nada, mas olha para Chan com o rosto contorcido em uma expressão de nojo; chega a botar a língua para fora em seguida, como se estivesse vomitando.

— Tipo qual do Adam Sandler? Joias brutas? — Changbin pergunta a fim de tentar melhorar a situação.

— Claro que não! Pode ser Como se fosse a primeira vez ou então Espanglês... — Ele dá de ombros. — A gente também pode ver um filme de Natal, talvez aquele que eles trocam de casa, sabe?

— O amor não tira férias?

— Isso!

Pai!, Felix faz com a boca, o cenho franzido em desespero. Chan gostaria muito de rir ao perceber que nenhuma das opções agrada o filho, mas, ao mesmo tempo, ele se recusa a falar para não ser indelicado com Jisung. Até poderia, mas, surpreendentemente, ainda há algum resquício de respeito em Felix. Pelo menos até aquela noite.

Eles marcaram uma noite de filmes, porque Chan está com o filho e Jisung disse que não queria ficar sozinho nem sair. Ele parecia bem sério ao telefone, mas agora age como se fosse um adolescente contrariado.

De qualquer forma, Chan percebe como ele se comporta de um jeito diferente. Não está rindo por qualquer besteira nem contando muitas piadas ou encorajando Changbin a fazer ou falar qualquer bobagem, está mais quieto, mais sério, mesmo que Felix lhe arranque um sorriso ou outro com algum esforço.

Jisung não fala nada, ninguém pergunta. Talvez seja a presença de Felix, talvez não esteja preparado, mas nenhum deles vai pressioná-lo a contar enquanto ele não estiver à vontade o suficiente para tomar a iniciativa.

Chan encontra uma solução simples: pede para Jisung e Felix decidirem o filme e vai para a cozinha com Changbin para prepararem algo para comer. (Ou estourar pacotes de pipoca no microondas, se for o caso.)

— Acha melhor a gente pedir mais cerveja? — Changbin pergunta com a porta da geladeira aberta.

— Melhor a gente não beber hoje, não sei se Jisung tá legal pra isso.

— É uma boa mesmo.

Changbin puxa uma coca fechada da e, antes de pensar em abrir para colocar nos copos em cima da pia, Felix chega na cozinha com um sorriso no rosto, mesmo que os olhos não desgrudem do celular nas próprias mãos.

— Querem ajuda?

— Não, filho, quero que vocês escolham o filme.

— Já escolhi, Jisung deixou — ele diz com uma expressão tão convencida que Chan não consegue conter a risada. — E agora comprovei mesmo que vocês não tinham brigado.

— Vocês quem?

— Meu pai com vocês dois.

Chan arregala os olhos com o teor daquela conversa, porque sabe muito bem onde pode dar, ainda mais quando Felix fala demais e Changbin sabe mais do que deveria.

— Felix se confundiu, foi só isso.

— Por quê?

— Nada de mais.

— É que meu pai tava aqui com um amigo que eu nunca tinha visto, aí estranhei, né?

— Agora você viu que não era nada — Chan diz, tentando sorrir quando, na verdade, quer esganar o próprio filho.

— Pois é, seria muito estranho, mas tudo bem.

— Tem que confiar no seu pai quando eu digo. — Chan se força a soltar uma risada. — Agora vai lá ver se Jisung vai mesmo botar no seu filme.

Amigo é meu pau | jeongchanOnde histórias criam vida. Descubra agora