𝒟𝑜𝒸𝑒 𝓁𝒾𝒷𝑒𝓇𝓉𝒶𝒸𝒶𝑜 - 𝒩𝑜𝒷𝒶𝓇𝒶 𝓍 𝑅𝑒𝒶𝒹𝑒𝓇

¸.·✩·.¸¸.·¯⍣✩𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏𝟗¸.·✩·.¸¸.·¯⍣✩

(𝐒𝐧 𝐩𝐨𝐯)

- Eu sei que pode parecer bobo, mas quero que meu primeiro beijo com uma mulher seja especial. Tipo, sei que não vai ser o primeiro beijo da minha vida, mas ainda quero que seja especial. - Digo, corando um pouco. Sinto que é um pensamento meio infantil, então não posso deixar de me sentir envergonhada de expor.

- Ah, então você é de fato do tipo romântico. Fofo. Eu não acho bobo, cada pessoa vê as coisas da sua forma. E... Tipo... Sei lá... Você... Você já sabe com quem quer dar esse primeiro beijo? - Nobara me pergunta. Ela parece nervosa, o que também é uma novidade. Parece que esse tempo na casa dos meus pais está me mostrando partes dela que nunca vi.

- Sei, mas tenho medo de dar o primeiro passo. Além de que, sei lá, as vezes é melhor deixar as coisas do jeito que estão do que estragar elas, entende? - Digo, meio sem graça.

- S/n... - Ela chama, me fazendo olhar para ela. Ela tá... corada?

- Sim? - Digo, ficando com vergonha também. Ela não responde, só me encara. Não consigo evitar e acabo olhando para a boca dela. Que linda é, tão perfeitamente delineada, como se fosse desenhada a mão por Deus. Tão... beijável? Meu Deus, o que eu tô pensando? Mas ao mesmo tempo, não consigo evitar de me aproximar mais ainda ao perceber que ela também está se aproximando. Estamos sentadas uma do lado da outra, com os rostos tão próximos que não deixo de sentir seu hálito doce e quente. Estamos perto o suficiente para eu notar cada detalhe do seu lindo rosto, e que rosto meus amigos! Isso é uma deusa em sua forma mais pura, com o vento batendo em seus cabelos e o sol iluminando cada parte de seu rosto encantador. Queria emoldurar essa cena, essa Nobara. Queria ter esse momento guardado ao lado da minha cama, para ver assim que acordar.

Quando estamos perto o suficiente para sentir a respiração uma da outra e a um triz de nos beijarmos, escuto a porta de casa abrir.

- Meninas, vocês podem... Ah, meu Deus, desculpa!!!! - Minha mãe diz, tapando os olhos. Eu e Nobara nos afastamos instantaneamente, meu Deus, que vergonha. Minha mãe tira as mãos dos olhos e sorri. - EU SABIA!!!! HAHAHAHA AMOR VOCÊ ME DEVE 50 REAIS

- Nem fodendo... - Eu digo, olho para o lado e Nobara está rindo muito, o que me incentiva a rir também. Nos duas voltamos a deitar no chão para rir. Não consigo deixar de notar o quão linda ela fica deitada na grama rindo, meu Deus...

- Cara, eu não acredito que sua mãe apostou que a gente ia se beijar. Puta que pariu, eu amo a sua mãe - Ela diz, chorando de rir. Falar sobre o beijo acaba me deixando sem graça, nem chegamos a conseguir nos beijar de verdade. Será que eu devo tentar de novo? Só tem um jeito de decidir...

- Nobara. - Digo

- Oi, S/n - Ela responde, recuperando o ar.

- Me fala um número de 0 a 10.

- Por que?

- Só fala!!!! - Digo, urgente

- 3?

- Ok. - Respiro fundo. Você consegue, S/n, você consegue. - Espera aqui um pouco, ok? - Digo e saio correndo.

Depois de olhar um pouco, acho o que estava procurando. Um pequeno canteiro de flores, mas especificamente crisântemos. Dão nessa época do ano e são lindos. Pego um tufo deles e vou em direção a Nobara, que me espera sentada.

- Tá, olha, eu to nervosa. Eu nunca fiz isso antes... - Digo, sentindo minhas bochechas queimarem mais que tudo no mundo. - Você me daria a honra de ser meu primeiro beijo? Se não quiser não tem problema, é claro. Também é obvio que eu não estou pedindo isso só porque você gosta de mulheres, pelo amor não quero te reduzir a isso. É só que... Você é muito especial para mim e seria incrível compartilhar esse meu primeiro momento com você. Desculpa, eu tô nervosa e não consigo parar de falar quando eu estou nervosa!!!! TOMA! - Digo, estendendo o tufinho de crisântemos que peguei.

Ela me olha meio em choque, de boca aberta e bochechas vermelhas. Isso me deixa nervosa, eu não deveria ter dito isso, somos só amigas, eu estou estragando tudo. Antes que eu possa pedir desculpas e pedir para ela esquecer tudo isso, ela sorri para mim. Um sorriso lindo, daqueles que os olhos sorriem junto, sabe? Os olhinhos fechados enquanto ela sorri.

- Achei que nunca fosse pedir. - Ela diz, pegando as flores. - É claro que pode.

Encaro sua boca por uns segundos e começo a fazer um zigzag frenético, revezando entre seus olhos e sua boca. Já tenho a permissão, é só ir. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAATONERVOSA

Ok, respira, calma, é so um beijo. Um beijo de uma mulher linda que por acaso é minha melhor amiga e eu estou apaixonada? Sim, mas ainda é só um beijo.

Me aproximo dela, pegando gentilmente em sua nuca. Antes de beijar sua boca, deixo um selar em sua testa para demonstrar carinho. E então, finalmente, me direciono a sua boca. 

É um beijo calmo, mas com sinais de paixão. É um primeiro beijo digno dos filmes. Me preenche de uma sensação indescritível, como se fosse o sinal que meu corpo precisasse para oficializar de vez meus sentimentos pela morena. Peço passagem com a língua, a qual ela concede, começando um beijo que, apesar de ter faíscas de desejos sexuais, ainda parece um beijo inocente. Um beijo apaixonado. Porra, que beijo gostoso. Boto a mão livre em sua cintura, deixando ela mais próxima de mim. 

Nos afastamos pela falta de ar, mas ainda encaro sua boca por uns segundos antes de percorrer meu olhar por todo seu rosto. Ela consegue estar mais linda ainda. Seu rosto carrega um olhar difícil de decifrar, é como se fosse alegria, paixão e surpresa, como se não esperasse que eu realmente fizesse isso. Nobara, mulher, você me tem nas mãos.

- Cumpri os requisitos do primeiro beijo? - Ela diz, ainda me olhando 

- Cumpriu para caralho. Posso te beijar de novo? - Digo, fazendo ela rir

- Quantas vezes você quiser. - Ela diz, sorrindo

Porra...

𝘾𝙤𝙣𝙩𝙞𝙣𝙪𝙖...

(𝟏𝟎𝟑𝟏 𝐩𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬)