Heaven and Hell

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Nathan olhou fixamente para McCarthy, seus olhos transmitiam uma sensação de cansaço. Ele suspirou profundamente e se levantou e ficou sentado sobre a cama, massageando seus pulsos vermelhos, pela pressão das algemas.

— Prossiga. — Suspirou McCarthy.

— Bom, pelo conhecimento e experiência que tenho com drogas tanto lícitas e ilícitas. Essa tem um efeito muito forte no corpo. — Fez uma breve pausa como se estivesse pensando nas palavras.

McCarthy estranhou vendo ele olhar para as mãos como se estivesse algo errado, ele tocou em seus próprios braços, e piscou algumas vezes se mostrando estar um pouco tonto e ludibriado.

— Nathan...

— De onde eu parei? Ela está começando a fazer efeito. Estou bem... — Ele apertou e soltou os seus próprios dedos, e tombou a cabeça para os lados.

— Sobre os efeitos fortes que ela tem no corpo.

O sargento se levantou, indo em direção à pia, e começou a lavar a sua boca, ao sentir o sangue já seco de Nathan, contrair a sua pele de seu rosto, e o sabor ferroso já não estava mais em seus lábios, pois havia lambido tudo.

— Bom, a ecstasy...

— Não precisa me falar os efeitos da Ecstasy, eu a conheço muito bem! — Cortou a fala de Nathan.

— Como você sabe? — Arqueou a sobrancelha.

Com a boca escorrendo o líquido vermelho fraco e aguado, ele olhou em direção a Nathan percebendo no que ele havia se entregando se certa forma que era usuário de MDMA, mesmo que de forma implícita. Engolindo em seco, ele pensou em uma alternativa para disfarçar o que ele havia dito.

— Há muito tempo trabalhando em lugares imundos como esse, seu merda, prossiga! — Ele revirou os olhos, voltando a lavar seus lábios.

— Você conhece os efeitos negativos?

Claro que conheço seu filho da puta! Você acha que eu nunca tive uma crise de pânico devido à, ecstasy? Que pergunta idiota! Uso essa droga, há um ano seu bosta. Não sei como eu ainda não morri... — Pensou e revirou os olhos.

— Pode aumentar as crises das doenças mentais como: depressão, ansiedade, paranoia, despersonalização e muitas pessoas têm um alto nível de psicose ou um surto de mania. — Comentou Nathan olhando para o chão um pouco distraído.

O sargento acabou tendo flashbacks das vezes que acabou sofrendo esse tipo de efeito em seu corpo. Era horrível ter que passar por aquela situação, toda vez que ele exagerava na dose ou quando ficava muitos dias limpos. Abstinência de MDMA é um inferno, as noites que ele passava acordado, com maldita insônia que ela provocava, trazia os demônios e as memórias de seu passado, influenciando muito mais do que apenas pensamentos suicidas e violentos. Ele lutava contra ele mesmo esses malditos dias de abstinência para não tomar mais um daqueles comprimidos coloridos, e acabar com aquele sofrimento — pensou McCarthy da sensação de seus músculos contraindo a cada minuto, e sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Virando-se ligeiramente para olhar para Nathan, ele puxou um pequeno pano de um seus bolsos da calça e disse:

— Por que está me dizendo isso, Nathan? — McCarthy perguntou, tentando manter a voz firme enquanto enxugava o rosto com um pano úmido. — Você não está me dizendo nada que eu já não saiba. Acelere essa explicação.

Nathan olhou diretamente para McCarthy, seus olhos semicerrados em um misto de compreensão e desafio. Ele suspirou, mas continuou falando em um tom mais controlado.

— Eu estou te dizendo isso, sargento, porque você precisa entender o que está acontecendo comigo. — Ele fez uma pausa, respirando fundo. — Você sabe como é, não sabe?

Sombras da PrisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora