God Is Dead?

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O céu estava cinza, com nuvens densas e carregadas para uma grande tempestade, a luz cinzenta e escura estava na escuridão do quarto. O vento úmido entrou pela janela aberta do quarto mal iluminado, trazendo consigo uma brisa gelada. As portas das janelas se batem com força, fazendo um estrondo de madeira chocando-se contra o concreto da parede. As cortinas brancas sujas com marcas pretas de mãos feitas por poeira pareciam se mexer dançando sobre o tecido, elas levantaram-se com o vento mostrando sua leveza. O som estrondoso do impacto, assustou o pequeno garoto que brincava sobre o chão gélido e sujo, com seus bonecos. Seu coração palpitou forte, e um calafrio subiu em sua espinha, o suor frio percorreu cada centímetro do corpo da criança. A penumbra do quarto crescia conforme aqueles grandes olhos negros como turmalina, varriam cada centímetro daquele cômodo, a temperatura do quarto caia gradualmente, deixando aquele ambiente da vez mais gelado. De suas narinas saem partículas de vapor, seu queixo batia, e seu corpo tremia de medo e frio. Sua respiração ficou ofegante, seus pulmões pareciam falhar em cada tentativa de respirar adequadamente, parecia que uma corda apertava sua garganta conforme ele tentava se estabilizar. Seu corpo tremia em pavor, era possível ouvir seus batimentos cardíacos alterados. O choro surgiu em sua garganta acompanhado com lágrimas em seus grandes olhos. Suas mãos gélidas apertavam aqueles bonecos de plástico fortemente.

O olhar inocente cai sobre seus brinquedos, vendo-os se transformar em uma figura macabra, olhos negros e profundos escorrendo uma espécie de líquido preto e pastoso, sussurros estranhos saíram dos bonecos, com cheiro azedo de comida estragada lhe causando náuseas. O garoto largou os bonecos se arrastando para trás, seus olhos arregalados, cheio de lágrimas e seu rosto tremendo em pavor. A expressão de horror estava estampado em cada linha expressiva de seu rosto, as lágrimas caíram sem parar. Com as mãos trêmulas, a pequena criança tentou as enxugar com as mangas de sua blusa. Os olhos cheios de medos e agonia caíram sobre suas mãos, um grito alto ecoou em sua mente, suas mãos estavam encharcadas de sangue.

O desespero tomou conta de cada célula nervosa emitindo um sinal de alerta ao cérebro, causando-lhe um ataque de pânico. O garotinho se levantou correndo da escuridão que se aproximava, vozes saiam de dentro dela ficando cada mais alta. Nas trevas ele não encontra, mas a saída, perdido sem saber para onde ir. Ele começa a chorar em desespero, pedindo ajuda divina, gritando por seus pais, clamando por ajuda, mas ninguém o ouvia. Uma luz se clareou em meio a escuridão, sem pensar ele correu, batendo na frente de um espelho. Ele bate no espelho com suas pequenas mãos em busca da saída daquele tormento. Seus olhos cheios de lágrimas olharam para o seu reflexo. Estava lavado em sangue da cabeça aos pés, olhos negros escorrendo lagrimas pretas, de seu nariz escorria o mesmo liquido, ao abrir sua boca ele cospe aquela gosma preta, tossindo e sentindo cada musculatura de sua laringe ser sufocada com algo maior do que sua garganta conseguia suportar. A pequena criança caiu sobre joelhos tremendo, tossindo e tentando tirar o que estava dentro de sua laringe. Seus olhos veem um ser se moldar nas trevas através do espelho. Chorando baixinho, ele negou com a cabeça.

- Não, por favor... - Ele suplicou.

Das trevas duas mãos grandes e negras agarrou o pequeno corpo do garoto, tentava lutar tentando agarrar o espelho, ele gritava com toda a sua força, até suas cordas vocais estourarem. Ele segura o espelho sentindo suas mãos doerem e começou a escorrer se segurando nas pontas dos dedos, Ele suplica e grita aos céus, pedindo misericórdia, seus dedos escapam do espelho, e seu corpo é consumido pelas trevas o levando para dentro do abismo.

Os olhos negros de turmalina sem brilho se abriram fitando o teto branco, a escuridão se esvanecia gradualmente conforme os primeiros raios de sol do dia entrava sobre sua janela. Descendo seu olhar frio, pode ver as últimas fagulhas das trevas se esconder atrás dos móveis. O silêncio agoniante do quarto trazia uma sensação de que estava sendo observado. Aquele silêncio agonizante é quebrado quando seu celular começa a tocar o alarme indicando que estava na hora de levantar. De suas narinas sai um suspiro pesado e cansado. Sua mão alcançou o celular, desligando o alarme. A luminosidade do aparelho clareou seu belo rosto que permanecia em uma expressão fechada e exausta.

Sombras da PrisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora