Rats

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— Sim...

— Ótimo venha até a minha sala.

McCarthy olhou rapidamente para os oficiais que olhavam para ele curioso. Com uma ordem silenciosa todos mantiveram a postura alta, em frente a porta da UTI. Chegando na sala, McCarthy se sentou na cadeira em frente ao médico, e tentou não parecer ansioso.

— Sargento? — O médico fez uma expressão de dúvida franzindo a testa.

— McCarthy.

— Sou o doutor Walter. Sou o médico geral daqui do hospital. — Ele sentou-se na frente do policial com a ficha de Nathan em mãos. — Sargento, eu preciso fazer umas perguntas para entender melhor a situação do paciente, Nathan Russel.

— Certo.

— Ele chegou aqui em um estado crítico entre a vida e a morte, com um ataque cardíaco, após sofrer uma convulsão. Coletamos sangue e um pouco de urina, para fazermos exames. — McCarthy engoliu em seco. — Poderia me dizer como aconteceu essa convulsão?

As mensagens que Clarke havia lhe enviando, passaram na mente de McCarthy. Ele suspirou e olhou para o médico tentando parecer o máximo possível estar neutro diante daquela situação.

— O Nathan, ele é usuário de drogas.

— E como ele conseguiu drogas dentro da prisão?

Ele é burro? Droga em ambiente prisional é mais comum do que ratos passeando por lá. — Pensou McCarthy sentindo sua cabeça pulsar de dor.

— Na prisão existe contrabando e tráfico de drogas. É mais comum do que o senhor imagina. — Disse ríspido.

— E qual substância química ele é dependente? — O médico pegou uma caneta para anotar.

A mente de McCarthy voltou à ficha criminal de Nathan, lembrando das drogas que ele era viciado e seus transtornos mentais.

— LSD, MDMA e Cannabis.

— Quanto tempo de uso? Sabe me responder?

— Não. Mas dizem que desde 2019, ele é usuário dessas drogas.

— Como você o encontrou?

Um nó se formou na garganta de McCarthy, ele não havia o encontrando, ele assistiu todo o surto psicótico até ele cair ao chão em uma overdose. Um calafrio percorreu toda a sua espinha, o rosto distorcido de Nathan grudou em sua mente, a risada, os gritos ele ainda os ouvia. Foi um verdadeiro inferno.

— Encontrei na hora que ele estava tendo um surto psicótico...

O doutor parou de escrever para olhar para McCarthy que olhava para um ponto indefinido para o chão. Ele olhou para o doutor mantendo sua expressão séria, mas nítido que ele estava exausto.

— Ele possui algum transtorno ou doença mental?

— Sim. Transtorno bipolar, sociopatia e despersonalização, se eu não me engano. — McCarthy balançou a cabeça como se estivesse tentando lembrar de todas as informações de Nathan.

Ao ouvir cada doença, os olhos do médico se arregalaram, e seu corpo congelou no lugar, o medo cresceu dentro dele. Largando a caneta ele encostou nas costas da cadeira e fitou McCarthy que o encarava nos olhos.

— E ele teve um surto psicótico?

— Acredito que sim...

— Descreva para mim como ele estava...

McCarthy respirou fundo, tentando reunir os fragmentos daquela noite caótica em uma descrição coerente. Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, e começou a falar lentamente, escolhendo cuidadosamente suas palavras.

Sombras da PrisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora