Capítulo 6

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Laura cobriu meu braço com uma camada fina da sua base que, por ser grossa, disfarçou muito bem a vermelhidão. De quebra, ela fez uma maquiagem tão perfeita e delicada em mim, que mal me reconheço quando olho no espelho. Não costumo me maquiar com frequência, até porque sou uma negação, faço o básico e para mim, é o suficiente. Deixo meu cabelo com o ondulado natural que está e coloco uma presilha de pérolas do lado direito.

— É melhor usar calças — Laura sugere, com um sorriso gentil. —, assim não precisamos passar base nas pernas também.

— Eu não trouxe calças — constato. Odeio calças, me sinto presa.

— Posso te emprestar uma — ela diz, já saindo do quarto.
   
Olho para Maju que me encara pelo espelho. Laura está sendo muito simpática, isso é estranho. Não sei reagir a isto.

— Acho que ela finalmente decidiu conquistar a cunhada. — Maju dá uma risadinha, retocando seu blush.
   
Ela está usando uma minissaia plissada na cor rosa e corset também rosa (sendo feito por mim, inclusive), combinando com o seu cabelo com pontas rosas. Eu preciso dizer qual é a cor preferida dela? Ela bagunça seus fios curtos para deixá-los mais volumosos e conserta seu piercing minúsculo na lateral do nariz.
   
Laura entra novamente em meu quarto, segurando duas calças. Elas têm o tecido mais leve em alfaiataria e uma é verde bandeira e a outra preta. Escolho a preta e visto, procurando uma blusa com estampa mais divertida para compor meu look.
   
Quando nós três estamos prontas, descemos, encontrando os meninos no sofá da sala. Meu irmão e Ravi seguram uma garrafa de cerveja, assistindo atentamente o jogo de futebol que passa na TV.
   
Laura para na frente dela para chamar a atenção de Matteo. Depois que ele a vê, o mundo parece sumir e sua atenção é toda voltada a ela.

— Puta merda, eu namoro a mulher mais gata do mundo! — diz, se levantando e a agarrando.
   
Reviro os olhos enquanto ele quase engole a cara dela.

— Temos reserva — Samuel avisa, depois de um tempo, visto que eles não param de se agarrar.
   
Quando finalmente meu irmão desgruda da cara de sua namorada, seguimos todos para fora de casa e eu tranco a porta.
   
Laura e Matteo vão nos bancos da frente e vou espremida no meio entre Maju e Samuel. Laura sai com o carro, enquanto observo Ravi tirar uma moto da garagem que eu nem sabia da existência, mas é muito a cara dele.
   
Ele acelera feito um doido, cortando o carro e sumindo da nossa visão.
   
Ravi está parado na porta do restaurante à beira-mar que Samuca conseguiu reservar de última hora. Descemos do carro depois que Laura estaciona e seguimos para dentro.
   
É o restaurante preferido da minha mãe aqui no litoral. O ar é calmo, com música instrumental tocando ao fundo, o ambiente é elegante e aconchegante com o piso de madeira brilhante e tudo fica melhor com o cheiro do mar e o barulho de suas ondas se quebrando.
   
Samuel escolheu uma mesa redonda de seis lugares no deque, com vista privilegiada para a praia. Ele puxa a cadeira gentilmente para eu sentar e o agradeço com um sorriso. Ravi arrasta a cadeira do meu lado e se joga, soltando um suspiro. Eu me encolho entre os dois e o que resta para Maju, é o lugar vago ao lado de Laura.
   
Há um cardápio para cada na mesa. Eu abro o meu, mesmo sabendo de cor o que vou pedir. Enquanto deslizo meus olhos pelas várias opções de prato, de relance, vejo Ravi se ajeitar na cadeira, consertando suas calças cor de caqui e meus olhos instintivamente vão parar lá.
   
A imagem dele debaixo da ducha mais cedo, preenche meus pensamentos e não demora muito para meu coração bater mais rápido. Não sei se Ravi percebe onde meus olhos estão, mas escuto sua risada sendo abafada pela mão. Trato logo de desviar o olhar, escondendo meu rosto com o cardápio.

— Já sabe o que vão pedir? — Matteo pergunta, fazendo um gesto para o garçom vir até nossa mesa.

— É claro que sim! — Fecho o cardápio com um sorriso, o pedido na ponta da língua.

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