Epílogo

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3 meses depois...

Sinto que serei pedida em namoro hoje. Samuel nunca foi bom com surpresas, e suas perguntas constantes sobre como e onde eu gostaria que isso acontecesse, além de que tipo de anel eu gostaria de ganhar, me deram todas as pistas. Sem falar na semana inteira que ele passou "ocupado", mal conversando comigo por mensagem, apenas para, de repente, me chamar para jantar hoje à noite. Juntando tudo isso com a caixinha de aliança que encontrei na gaveta de sua mesinha de cabeceira — sim, eu xeretei —, só pode significar uma coisa: hoje é o dia. E, confesso, estou surtando. Nunca tive um pedido de namoro de verdade, e Samuel sabe disso. Como o cavalheiro perfeito que ele é, tenho certeza de que está planejando algo especial.

Amo o que temos. Desde que voltamos de viagem, nossos dias têm sido perfeitos. Nossa sintonia é algo que nunca experimentei antes, e parece que, a cada dia que passamos juntos, me apaixono mais. Não consigo parar de sorrir quando estou com ele ou quando falo dele. Tinha me esquecido de como essa sensação é gostosa. Mas, ao mesmo tempo, vivo uma montanha-russa interna. A culpa pelo beijo com Ravi é uma sombra constante sobre mim. Cada sorriso de Samuel, cada gesto de carinho, me faz sentir ainda mais a dor desse segredo. Tenho medo de que, ao revelá-lo, tudo o que construímos desabe. Mas, ao mesmo tempo, sinto que quanto mais o tempo passa, mais me afundo em uma mentira que pode destruir tudo o que amo.

Talvez seja cedo demais para dizer isso, mas... eu o amo. Amo demais. Só de pensar em perder isso, meu peito dói. Ainda não dissemos essas palavras um ao outro, e confesso que tenho medo de dizer. Apesar de nos conhecermos há algum tempo, tem apenas três meses que estamos juntos. Tenho medo de assustá-lo.

Enquanto encaro meu reflexo no espelho da penteadeira, meu coração está tão acelerado e minhas mãos suando frio em excitação e ansiedade. Laura dá os retoques finais na minha maquiagem, e Maju finaliza as ondas do meu cabelo com o babyliss. Sei que estou produzida demais para um encontro no apartamento de Samuel, onde ele vai cozinhar para mim, mas meu objetivo é estar tão irresistível que ele não consiga resistir.

— Prontinho! — Maju desliga o babyliss, enquanto amassa a última mecha para esfriá-la.

Laura termina a maquiagem e eu me aproximo ainda mais do espelho. Nós três estamos sorridentes, satisfeitas com o resultado. Elas fizeram um trabalho incrível.

— E, para fechar com chave de ouro... — Laura desaparece no closet e retorna segundos depois segurando um vestido preto no cabide. — Vestida para matar!

O vestido é curto, com um recorte ousado que deixa uma parte da barriga à mostra, tomara que caia e bem justo. Provavelmente Laura o comprou escondido, pois ainda está com a etiqueta.

Levanto-me para tocar o tecido grosso, estilo montaria. "Difícil de tirar"— penso, com um sorriso travesso.

— Vocês vão ter que tirar meu pai da sala para eu conseguir sair de casa com esse vestido — brinco, mas amei o recorte e o tecido.

Laura e eu nos aproximamos muito desde a viagem. Ela tem sido uma ótima cunhada, amiga e conselheira. Maju e ela se dão muito bem também, apesar das farpas ocasionais. De dupla, viramos um trio inseparável e estou amando nossa amizade.

Contei a elas sobre minhas suspeitas de que Samuel me pediria em namoro hoje, e, na mesma hora, as duas apareceram aqui em casa para me ajudar a arrumar.

Eu queria estar irresistível para Samuel hoje, e acho que, com essa produção e esse vestido, consegui.

— Você vai ficar impressionante nesse vestido, tenho certeza! — Laura pisca para mim, enquanto guardo as maquiagens de volta na bolsa, deixando apenas meu batom vermelho indispensável para fora.

Apenas dez dias Onde histórias criam vida. Descubra agora