Capítulo 13

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 O dia está chuvoso quando me levanto pela manhã, encontrando a casa silenciosa, como sempre

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O dia está chuvoso quando me levanto pela manhã, encontrando a casa silenciosa, como sempre. Desço as escadas, sentindo a cabeça latejar e vou direto para a cozinha. Samuel não está, mas sei que ele já está acordado, pois há café fresquinho e bolo assando no forno. Vou até o armário em busca de um remédio que acabe com essa dor de cabeça insuportável e depois me sirvo uma xícara de café, que combina perfeitamente com o clima de hoje. Me escoro no batente do portal que dá para o quintal, enquanto bebo o café e observo a chuva grossa cair. É costume pegarmos um pouco da chuva de verão nas nossas férias; pelo menos dessa vez conseguimos aproveitar seis dias de puro sol e calor.

Uma rajada de vento forte bate contra meu rosto, jogando alguns respingos de chuva em mim, e giro meu corpo, tentando me esconder dela. Estou prestes a voltar para dentro quando vejo Samuel em uma das mesas do jardim coberta por um guarda-sol. Contenho meus pés, observando-o por um tempo.

Ele parece disperso, enquanto observa a água da chuva se fundir com a da piscina.

Tenho certeza de que ele viu ontem que estava rolando um clima entre mim e Ravi quando entrou no quarto. Não consegui parar de pensar que agora ele tirará conclusões precipitadas de que só fiquei com ele para causar ciúmes em Ravi. Não foi. Nem nos meus dias mais felizes imaginei que Ravi se declararia para mim e ainda me beijaria como fez ontem. Eu estava disposta a seguir em frente, esquecer nossa história e dar uma chance a Samuel, que sempre me fez muito bem, mas depois de ontem, tudo se tornou uma confusão na minha cabeça e não consegui dormir direito de tanto pensar.

Eu gosto de você, Malu. Eu gosto pra caralho de você.

Porque eu ainda sinto algo por você, Malu. Porque não teve um dia sequer nesses últimos três anos que não pensei em você, que não tive vontade de conversar com você.

Deus, estou ferrada.

De um lado, tem o cara mais gentil, educado, cavalheiro e amoroso que já conheci na vida. Do outro, tem o cara que já foi meu melhor amigo de infância, meu primeiro beijo e meu primeiro amor.

Passei três anos esperando ver Ravi de novo, estar com ele de novo e ser beijada por ele de novo. E, não vou negar, sua declaração de ontem me partiu; eu cederia tudo e me entregaria a ele se ele pedisse.

Mas durante esses três anos, Samuel sempre se fez presente — mesmo que virtualmente, já que Matteo não podia saber de nossas interações por não sabermos qual seria sua reação. A questão é que ele estava lá, levantando minha autoestima, me fazendo sorrir, me dando forças quando terminei meu namoro, se esgueirando pelos cantos da casa para me ver quando Matteo não estava por perto, me elogiando e me apoiando em tudo que eu decidisse fazer.

Não posso descartar isso como se não fosse nada.

E, não sei definir, mas também sinto algo por Samuel. Eu só gostaria que Samuel tivesse me dito o que sentia antes de virmos para cá. Talvez as coisas seriam diferentes.

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