Malu tem uma quedinha por Ravi desde a infância. Ravi foi seu primeiro beijo em um jogo bobo de girar a garrafa, depois disso, tudo desandou. Agora prestes a completar dezoito anos, Malu irá dividir a casa de praia com ele e Ravi não está disposto a...
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Meu celular apita com as milhares de mensagens de felicitações de até pessoas desconhecidas. Respondo todas e jogo o celular para o lado, me espreguiçando na cama. Já são quase onze da manhã, mas não quero me levantar. O dia de ontem foi terrível, tenho medo que hoje seja do mesmo jeito. Quero evitar Ravi e, preciso me desculpar com Samuel. Sinto que ele não gostou nada de me ver indo atrás de Ravi.
Me levanto quando chega uma mensagem de Maju, perguntando se estou acordada. Passo no banheiro para escovar os dentes e depois vou para seu quarto, encontrando sua cama vazia e arrumada, o que é estranho. Maju nunca arruma a cama, ela diz ser uma perda de tempo.
Desço as escadas devagar e tudo está silencioso. Vou para a cozinha, encontrando-a vazia, mas sorrio ao escutar os cochichos do outro lado da porta que leva à grande sala de jantar.
Reviro os olhos. Não acredito que eles estão tentando me fazer uma surpresa.
Eu empurro a porta de correr.
— Surpresaaaaa! — gritam em uníssono.
Estão todos em volta da grande mesa de doze lugares da sala de jantar espaçosa. Desde que chegamos, nem viemos aqui. Tinha me esquecido como esse ambiente ficou lindo e luxuoso depois da reforma da minha mãe. Há um lustre de cristais em cascata no centro da mesa, paredes em tons neutros com boiserie, grandes janelas vitorianas e um aparador com pés dourados encostado nelas. O piso de madeira na cor carvalho deixou o ambiente mais aconchegante e o grande vaso de flores num dos cantos deu um ar mais alegre, apesar delas serem de plástico. É tudo mais lindo pessoalmente do que ver só por fotos. Se eu não conseguir me livrar da faculdade de design de interiores, pelo menos quero ser boa como minha mãe.
— Malu? — Maju me chama e eu finalmente volto a olhar para eles, terminando de entrar no cômodo.
— Não acredito que fizeram isso — digo com um sorriso, me aproximando da mesa farta.
Há tantas opções, que fico indecisa sobre o que quero comer primeiro.
— Nós não, o Samuel — explica Maju e eu encontro os olhos dele do outro lado da mesa. — Mas eu aceito levar os créditos porque fiz o suco.
Eu olho para o bolo redondo no centro da mesa e para tudo ao redor dele.
Não acredito que Samuel fez isso sozinho. Ele deve ter acordado muito cedo para preparar tudo. Achei que depois do modo como ele virou as costas para mim ontem, eu mal receberia um "bom dia", mas aqui está ele me surpreendendo outra vez. Enquanto isso, Ravi nem aqui está e acredito que nem dormiu em casa. Durante a madrugada eu ouvi alguns barulhos em seu quarto, depois a porta abriu e fechou e não ouvi ele voltar mais. Logo quando estava criando coragem para ir até lá e questionar sobre tudo que está acontecendo em sua vida.
Mas mais uma vez: Maju e Laura talvez estejam certas, estou insistindo no cara errado.
— Parabéns, maninha! — Matteo me puxa para um abraço, me erguendo no ar.
