Malu tem uma quedinha por Ravi desde a infância. Ravi foi seu primeiro beijo em um jogo bobo de girar a garrafa, depois disso, tudo desandou. Agora prestes a completar dezoito anos, Malu irá dividir a casa de praia com ele e Ravi não está disposto a...
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Meus avós e meus pais sempre foram o meu parâmetro para relacionamento. Lembro que era muito nova quando minha avó me disse que, se eu quisesse o namorado ou marido perfeito, eu tinha que pedir para Deus. Ela pediu e recebeu. Eu tinha que fazer o mesmo. Lembro-me dela me dando um pedaço de papel amassado que guardava numa bíblia. Nele, havia uma lista de como ela queria que seu namorado fosse, com características físicas e tudo o que tinha direito. Vovô Walter foi seu primeiro e único namorado, assim como meus pais. Sempre pensei em como eles eram sortudos por encontrarem "amor verdadeiro" logo de cara, mas acho que vovó estava certa: isso depende muito mais de fé do que sorte.
Fiz minha própria lista aos quatorze anos, já visando o futuro, e para ser sincera, toda ela foi pensada em Ravi. Sempre achei que seria tão "sortuda" quanto as mulheres da minha família e que meu primeiro amor seria o "amor para minha vida", mas agora, depois de nove dias morando também com Samuel, já não tenho mais tanta certeza disso.
Beijei muitos garotos, me apaixonei por alguns e até me arrisquei a namorar uma vez. Mas honestamente, nunca me dediquei a relacionamento algum. Estava com a ideia fixa na cabeça de que reencontraria Ravi, ele me perdoaria, nos apaixonaríamos de novo e viveríamos felizes para sempre. Era algo tão óbvio de acontecer. Minha avó acreditava nisso quando deu este anel que está em meu dedo ao Ravi, minha mãe aprovava e ainda aprova isso; até Matteo, que momentaneamente o odeia, sabia que Ravi e eu estávamos destinados a acontecer. Então por que agora que isto está prestes a se concretizar surgiram tantas dúvidas?
As palavras de Samuel não saem da minha cabeça, e cada vez que elas ecoam em meus ouvidos, mais meu peito se aperta.
Rolo na cama, bufando e giro o aro do anel em meu dedo.
Eu tenho que me decidir.
Preciso fazer o que Samuel falou: conversar com os dois e deixar tudo às claras. Mas toda vez que penso ter chegado em uma conclusão, acabo voltando em minhas decisões.
Ligo a tela do celular para checar as horas. Já são quase onze e ainda não tive coragem de sair do quarto, apesar de meu estômago estar roncando, implorando para ser alimentado. Há algumas mensagens de Maju e de Laura, mas não me dou ao trabalho de abrir. Estou decidida a passar o dia inteiro dentro do quarto para não trombar com nenhum dos dois até que eu saiba o que quero.
Mas meus planos começam a falhar quando escuto a fechadura da porta rodar e me ajeito na cama, com a testa franzida.
Segundos depois, Maju enfia a cabeça dentro do meu quarto.
— Como você destrancou a porta? — pergunto, com curiosidade e uma pitada de irritação na voz.
Ela levanta a faca de serra com um sorrisinho.
— Bota um biquíni e vamos pra piscina.
Maju anda em direção às cortinas, escancarando-as, e eu fecho os olhos, quase sendo cega pela claridade. Ela já está usando biquíni azul vibrante e uma saída de praia amarela, que destaca seu bronzeado.