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🖇️ | Boa leitura!

Sopro a fumaça para cima e me encosto contra a porta de madeira atrás de mim

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Sopro a fumaça para cima e me encosto contra a porta de madeira atrás de mim. São mais de quatro da tarde, o sol está baixo e o clima mais fresco com a proximidade do verão, possibilitando que as crianças voltem a brincar na rua. É bom ver que as novas gerações ainda não sucumbiram totalmente às tecnologias e ainda veem vantagem em correr e chutar uma bola com os amigos na frente de casa.

Enquanto fumo nas escadas dos fundos da cafeteria durante a minha pausa, observo os pequenos correrem e ouço seus gritos e risadas. Uma mãe espreita de uma janela no andar de cima de uma casa, vigiando sua criança de tempos em tempos. Ela sempre está segurando algum objeto destinado a limpeza toda vez que aparece. Uma vassoura, um espanador, na última foi um desses rodos de pia. Me pergunto quem faz faxina na casa no meio da tarde de uma sexta-feira.

Talvez ela seja só uma dona de casa que não tem muito com o que se ocupar. A maioria das mães de família vivem assim. Ela acaba desviando o olhar para mim, então eu sorrio e ela sorri de volta antes de sumir da janela, deixando a cortina azul escura voltar a cobrir a vidraça.

De repente, a porta atrás de mim se abre sem que eu esteja esperando por isso, então eu arregalo os olhos e meu corpo vai para trás, mas por sorte, uma mão se apoia na parte alta das minhas costas, impedindo que eu encontre o chão da cozinha. Olho para cima, meu rosto ainda preso na expressão de surpresa. Vejo o rosto de Christopher, seu cabelo caindo em sua testa enquanto ele me encara com um meio sorriso.

— Bom reflexo. — falo com meu peso ainda contra a mão dele.

— Obrigado. — ele me dá um leve empurrãozinho para eu voltar à posição de antes.

Depois de fechar a porta, ele senta ao meu lado no degrau e me olha com repreensão, tampando o nariz quando levo o meu cigarro à boca.

— Fresco. — zombo. — O que está fazendo aqui?

— Estava entediado e resolvi vir encher o seu saco. — ele diz enquanto abre a sua bolsa tiracolo, porque acabou de ver um cachorro de rua se aproximar e é claro que ele está carregando ração.

Observo em silêncio quando ele levanta e coloca a porção na frente do vira-lata marrom, que balança o rabo e começa a comer muito feliz. Christopher está sorrindo enquanto o assiste comer e eu assisto esse sorriso sentindo uma coisa se aquecer em meu peito – e não é a fumaça do meu cigarro.

— Por que você não tem um animal de estimação? — questiono curiosa. — Poderia adotar um de rua.

— O Poncho é alérgico a qualquer animal que tenha muitos pêlos. — responde com um tom de desapontamento.

— Então ele é alérgico a si mesmo?

— Ele já estaria morto. — ri. — Enfim, eu até tenho vontade de levar cada animal de rua que vejo pra casa, mas o Poncho iria ficar todo empolado e sem conseguir respirar de tanto espirrar.

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