Capítulo 2: Auto confiança 🥊

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Centro de Seul, 4h15 AM

Todas as manhãs, antes do amanhecer e com a cidade ainda envolta em silêncio, começo meu treinamento diário. Mesmo em meus dias de folga, sinto a necessidade de me movimentar, então, levantei cedo para correr pelo centro de Seul, deixando meu noivo na cama. A tranquilidade e o frescor das primeiras horas da manhã são relaxantes para mim.

Quase sozinho, ouvindo Kanye West, experimento uma paz singular. Sob o moletom Adidas, o calor do meu corpo faz o suor brotar, intensificado pelas passadas rápidas. Correndo pelas largas avenidas cercadas por arranha-céus, com suas fachadas de vidro refletindo o primeiro brilho do sol, sinto-me em sintoneia com a cidade.

O silêncio do amanhecer no fim de semana é pacífico, sem barulhos de pessoas, carros, caminhões ou vendedores. Correr me distrai das reações físicas ao esforço — aceleração cardíaca, suor, aumento da temperatura corporal — e o vento no rosto me traz uma sensação de liberdade. Passo pelo Rio Han, observando suas águas calmas e os parques vazios ao redor.

Hoje, acordei mais cedo que o usual, às 04h30, para retornar antes que Jihoon acordasse e reclamasse sobre minha necessidade de descanso. Considero a corrida um descanso ativo, buscando adrenalina, mas o dia promete descanso. Meu plano falhou ao checar o horário e ver uma mensagem de Hoon:

King of The ring: Haru, posso acordar ao lado do amor da minha vida pelo menos uma vez? 

Eu: Sem drama, estou voltando. Está carente? 

King of The ring: Sim, quero atenção! 

Eu: Nem vai perguntar onde estou? Poderia estar te traindo. 

King of The ring: Não, só vem! 

Amo profundamente esse homem. Apesar de tudo que vivemos, ele mantém a leveza de um romance juvenil. Jihoon busca uma normalidade fora da academia e dos ringues, compensando o tempo perdido. 

Admiro sua maturidade em separar o pessoal do profissional, fortalecendo nosso vínculo. Ainda não casamos oficialmente devido às leis do nosso país, mas planejamos fazer isso no exterior, durante um campeonato.

Nos consideramos casados, ele é meu e eu sou dele. Apesar de algumas discussões sobre meu treinamento excessivo, — porque às vezes ele age como se nunca tivesse feito o mesmo — temos um relacionamento saudável e feliz. 

Mesmo assim, discutir não é algo que eu quero no momento, por isso vou voltar para casa para curtir o final de semana ao lado de meu príncipe. 

웃🥊유 

— O que você quer fazer hoje? — Jihoon questionou, sentando-se na outra ponta da mesa para tomar café comigo. — Eu estava pensando em algo como pipoca e cinema, transar na varanda, jantar em um restaurante e talvez sexo na piscina. 

— Tudo o que planejou tem a ver com comida ou sexo? — assentiu enquanto levava uma torrada até a boca. — Você sabe que não podemos fazer certas coisas na varanda ou na piscina, pois moramos em um condomínio com vizinhos, certo? — concordou novamente. — Eu também não posso quebrar minha dieta.

— Ah, que chato, Ru! Entre no clima, diga que só vamos sair ou algo do tipo. Que homem chato você está, deixa disso... Fica aí tomando seu café sem graça igual a você, sem açúcar — exclamou apontando com desdém para meus dois biscoitos de gergelim e meu café.

— Amor, não finja que não entende minha dieta, meus treinos e tudo mais — disse, me inclinando na mesa para tocar seu maxilar.

— Haru, me escute, estive nos ringues de competição por anos, com dietas e todas as exigências dos holofotes, treinos e mais treinos. Depois do acidente, tive que me readaptar e ainda estou aqui, com a academia, meus lutadores e você — suspira, inclinando o rosto em direção à minha mão para sentir melhor meu carinho. — Você sabe disso, estava comigo o tempo todo. Agora sou seu treinador e entendo todas as pressões, inclusive aquelas que você mesmo se impõe. Sei mais do que ninguém que, quando as luzes se apagam, é importante ter pessoas que te amam ao seu lado. Segunda-feira nossa rotina maluca recomeça e quase não teremos tempo para conversar. Custa se esforçar um pouquinho para termos 24 horas de uma vida comum?

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