Capítulo 15: Nascido assim 🥊

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Jihoon

Do mesmo modo que Minho havia previsto, sair da arena foi deveras complicado. Deste modo, colocando sua competência em evidência, conseguiu uma forma de Haru e eu sairmos ilesos de prováveis abordagens. Sua previsão de que a coletiva seria um bom negócio também estava correta. Tudo saiu dentro dos conformes e agora temos uma reunião marcada com o Sledgehammer.

Em uma estratégia bastante profissional, meu empresário contratou de última hora uma empresa responsável por aluguéis de carros com motorista, apostando em contrariar a imprensa que esperava que saíssemos pelas portas dos fundos.

A orientação foi sair pela saída convencional, nos amontoando no aglomerado de pessoas que deixavam o Daegu Stadium ao mesmo tempo que nós. Desta maneira, nos livramos de responder perguntas invasivas e frustrações, quando nossa intenção era somente comemorar.

Fizemos tudo com bastante calma e cautela, esperamos Haru se banhar primeiro e receber curativos em seus ferimentos. Depois, dentro do carro, vez ou outra o motorista nos encarava pelo retrovisor, detalhe que visivelmente estava incomodando Haru.

— Algum problema, moço?

— Haru! — repreendi, tocando em seu braço.

— O que é? Eu só quero saber o problema desse cara — justificou, encarando o rapaz pelo retrovisor, sem conseguir esconder sua irritação. — Então qual vai ser?

— Amor, fique calmo! Desculpe, moço, ele só está cansado.

— Ah, está tudo bem! — respondeu educadamente, sem tirar a atenção da estrada. — É só que eu vi vocês juntos na TV, ainda estou processando tudo, o nocaute, o beijo...

— Agora eu entendi, você achou um absurdo e agora está nos vendo juntos pessoalmente. Que azar, ein? — Haru rebateu, mais irritado.

— Não, senhor! Pelo amor de Deus — ele respondeu sorrindo, achando graça do comentário de Haru. — Muito pelo contrário, é uma honra.

— É Haru pelo amor de Deus — repreendi, deixando um beliscão suave em sua coxa. — Pare de implicar com o rapaz, sem estresse.

— Implicar? O cara está encarando a gente desde que entramos e ainda por cima, está rindo da minha cara — tentou justificar o motivo de seu estresse. — Olha só, moço, se assistiu à luta viu que destruí a cara de merda do meu adversário. Não abuse do meu senso. Faça seu trabalho e nos deixe em paz — retrucou, fechando a cara.

— Me desculpe pelo desconforto, senhor! — o motorista pediu em um tom de respeito, quando paramos em um semáforo. — É que sou um grande fã do Jihoon, não quis ser inconveniente. Peço perdão!

— Sério? Então quer dizer que você curte pugilismo? — perguntei animado, enquanto Haru revirava os olhos e nos ignorava.

— Sim! Na verdade, sou praticante de boxe olímpico, ou era. Comecei a acompanhar seu trabalho quando você venceu a final do torneio mundial de boxe no Brasil — contou sorridente, tentando não me encarar pelo retrovisor. — Você quebrou aquele cara, como era o nome dele mesmo? Zé... José.

— Zé Neto! Foi nocaute técnico no 5° round. Jihoon fez ele beijar a lona — foi Haru quem respondeu, finalmente deixando de nos ignorar. — Você disse que era praticante de boxe olímpico, por que não é mais?

— Meu ex-treinador é... Como eu posso dizer? Conservador — explicou, quando o semáforo abriu.

— Conservador? — perguntei, me curvando para vê-lo melhor pelo espelho.

— Sim, eu também sou homossexual e ele não gostou de saber disso. Disse que não me queria mais na academia dele, ainda não consegui encontrar uma nova — pelo reflexo, pude ver sua expressão frustrada. — Ver vocês dois juntos na TV foi algo muito significativo para mim. Me senti representado. Uma lenda do esporte sem medo de esconder quem ama, por isso fui incapaz de esconder a admiração. Me perdoe por te deixar desconfortável, senhor Paek.

Sangue, Suor e Lágrimas 🥊Onde histórias criam vida. Descubra agora