Capítulo 21: Olhos de tigre 🥊

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Os organizadores do evento, armados de confusão, suspenderam a conferência para acalmar o clima por alguns minutos. Jihoon ficou furioso com meu comportamento, ele está sentado no camarim esfregando as mãos nos cabelos, claramente irritado. Acabo rindo de toda a situação, pois todos parecem tensos.

— Vocês realmente acharam que eu iria calar a boca?

— Droga, mas sugerir que todo americano carrega uma arma é demais, Haru — comentou Jihoon, erguendo o queixo para mim.

— Demais, por quê? Os asiáticos não são estereotipados todos os dias?

— Jihoon, na verdade acho muito legal que Haru se comporte assim — destacou Minho, olhando para a tela do celular sem olhar para nós. — Se o Haru quer ser afrontoso, ele tem que fazer, como Paris Hilton fingindo ser uma loira burra para criar uma semi ótica. Crie um personagem para ser abraçado nas redes, e garantir sua popularidade.

— Como?

— Nas redes sociais, Haru é chamado de resistência. Embora existam publicações em nosso país como "A vergonha da Coreia é o Stronger", mas...

— Fui ofendido e ainda sou a vergonha da Coreia, sério? — perguntei com raiva, chocado com a informação.

— Mas...?

Jihoon caminha para frente, virando-se para todos que estão sentados na cadeira giratória.

— Mas Haru é apoiado pela comunidade LGBTQIA nas redes sociais. Eles te adoram e mandam mensagens de apoio, Ru, inclusive estrangeiros, muitos estrangeiros postaram para você, na verdade, eles te apoiam.

Sinto um sorriso confiante se abrir em meu rosto e corro até Minho para verificar as mensagens de suporte nas redes sociais. Jihoon também se aproxima e, aos poucos, vai deixando a tensão de lado, pega o celular da mão do empresário e começa a rolar a tela para ver o que está acontecendo.

— Não sei se concordo com tal atitude — disse Jihoon olhando para a tela do aparelho e lendo algumas das publicações. — "Haru é diva, faz graça e ainda traz representatividade para o ringue", "Só eu que adorei camisetas da equipe coreana? Esmague o Noah.", "Ei, não ceda a esse homofóbico."

Me aproximo, pegando o celular da mão dele, verificando a publicação e devolvendo para Minho, pego delicadamente as mãos de Jihoon e as beijo suavemente. Ele me olha com um beicinho lindo e eu sorrio para acalmá-lo aos poucos.

— Meu amor, no fundo sabíamos que esse momento chegaria. Aquele onde as coisas ficariam fora de controle e não poderemos mais agir como um casal, não em situações assim — comecei a dizer. Jihoon levanta uma sobrancelha confuso. — Espero que não se ofenda com as minhas palavras, mas além de seu lutador e parceiro, claro que sou um adulto. A maior parte das decisões relacionadas ao seu trabalho de coaching vêm de você, mas o resto eu mesmo decido, o que é melhor. E agora, principalmente sabendo que há pessoas que apoiam o meu ponto de vista, não vou ficar calado. Ok?

— Haru é um encrenqueiro, essa é a verdade. Vamos aproveitar isso, sabemos que ele é visto como fraco por ser gay, as pessoas esperam que ele abaixe a cabeça, Jihoon. Deixe qiue os vejam assim, quando menos esperarem, K.O!

Jihoon, claramente desconfortável com a nossa posição, desvia o olhar pensativo. Mas ele fica em silêncio, balançando a cabeça e respirando fundo. Vou até ele e seguro suavemente seu queixo, forçando-o a olhar para mim novamente. Minho permanece quieto no canto, nos encarando.

— Confie em mim, querido!

— Confio, pequeno. É que... Você é a pessoa que mais amo na vida, tantas coisas estranhas acontecem no ringue por causa de provocações, que temo, não é a primeira vez que me comporto dessa maneira. Ser seu treinador é mais difícil do que eu pensava, desculpe por te censurar.

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