Capítulo 5: A verdade 🥊

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Jihoon

Há quase três anos fui obrigado a deixar minha carreira — algo que de fato me abalou de forma indescritível. O boxe sempre fez parte da minha história, desde que me entendo por gente. Ser obrigado a parar de repente doeu mais que um nocaute depois de uma sequência de rounds vencidos.

Algo que para qualquer lutador é muito doloroso. Acreditei que teria uma longa carreira de pugilista e que só me aposentaria quando realmente não tivesse mais forças para lutar, mas o que aconteceu foi o contrário — precisei parar no meu auge.

A vida tem disso às vezes — obstáculos que mudam o percurso totalmente. Então, para vencer, somos obrigados a aceitar e continuar caminhando. Afinal, se o objetivo for o mesmo, o importante é chegar, não importa por qual caminho você percorreu.

Amo o boxe e, enquanto eu existir, esse esporte vai fazer parte de mim. Não mais como pugilista, mas agora como treinador. Sempre pretendi me tornar boxing coach, não da maneira que aconteceu, mas fazia parte dos meus planos desde o princípio.

Para chegar onde cheguei e ter uma conta bancária que perdure para pelo menos duas gerações, é preciso ralar muito. Mesmo assim, não é garantido que alcançará sucesso, como em qualquer outro esporte. Todo esse glamour é para poucos. Como alguém que foi bem-sucedido, posso garantir — Haru também chegará lá.

Como em todo esporte de luta, o boxe é aberto para qualquer pessoa, independente de seu sexo ou sexualidade. Porém, muitas pessoas associam o esporte apenas a homens — e quando digo homem, quero dizer ao homem hétero e machista.

Me arrependo profundamente de não ter tentado fazer a diferença, de não ter deixado que todos soubessem da minha sexualidade. Nunca foi segredo, mas eu mantive em oculto por medo de influenciar minha carreira.

Muitos dentro da comunidade fazem isso, não por vergonha, mas por medo.

A vida de um lutador não se limita apenas aos ringues, mas também a campanhas publicitárias milionárias. Nunca temi perder dinheiro, mas temia perder minha influência.

Eu não via necessidade em me expor.

"Vou me assumir publicamente quando me aposentar" — era o que eu dizia, apesar de Haru sempre enfatizar que não vale a pena se esconder por nada no mundo. Omiti a verdade por anos.

Pensando tanto no meu futuro quanto no dele, abri o centro de treinamento Stronger than Gold, deixando sob a responsabilidade de Hiroshi, meu treinador da adolescência.

Abrindo as portas tanto para quem gostaria de seguir a carreira, quanto para o sujeito que apenas deseja melhorar sua saúde.
Haru adorou a ideia e escolhemos o nome baseado em nossos nomes de combate.

Orgulhoso, ele não quis ter uma academia comigo sem investir seu próprio dinheiro, gastou todas suas economias e eu não o impedi, pois ele tem seus próprios valores e eu realmente admiro sua forma de ser.
Ele também é apaixonado pelo pugilismo, ganhou vários campeonatos durante a adolescência, mas nunca tinha tentado investir realmente na carreira.

Cheguei a acreditar que o motivo era devido ao apego ao boxe olímpico, que era a modalidade que seu pai praticava.

Haru se formou em educação física e trabalhou como personal trainer na mesma academia onde trabalhava quando começamos a morar juntos, antes de se tornar lutador profissional. Aos poucos, está fazendo dinheiro.

Quando resolveu que era a hora de começar, me convidou para uma conversa franca, deixando claro que não gostaria de se esconder. Foi aí que percebi o real motivo pelo qual ele não havia se tornado um pugilista profissional mais cedo.

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