Sangue, Suor e Lágrimas 🥊

Capítulo 24: Capela 🥊

No vestiário, o ar estava carregado com a umidade do suor e o cheiro penetrante do couro das luvas de boxe. Meu coração pulsava como um tambor, a cada passo que me aproximava da luta, sentia a ansiedade crescer. A inspeção meticulosa das luvas pelos membros da federação era um espetáculo de rigor e precisão, intensificando a tensão que já permeava o ambiente.

Ao meu lado, Jihoon estava concentrado, suas mãos ágeis e cuidadosas envolviam as bandagens em meus punhos. Seus olhos, normalmente brilhantes, estavam agora sombreados por uma mistura de ansiedade e confiança. Cada movimento seu demonstrava o cuidado e a dedicação que sempre me oferecia. Sua presença era uma âncora tranquila no turbilhão emocional que eu sentia.

O vestiário estava imerso em uma aura de história e expectativa. Pôsteres de lendas do boxe adornavam as paredes de concreto, enquanto o som distante dos torcedores ecoava como um rugido distante, misturando-se com a atmosfera carregada do lugar. Espelhos desgastados refletiam as expressões tensas dos atletas, e as bancadas de madeira proporcionavam um espaço para a concentração.

No limite entre a tensão e a confiança, sentia cada músculo do meu corpo pronto para o combate. Minha mente estava afiada, estrategicamente alinhada com as técnicas que havia treinado meticulosamente. Estava preparado para enfrentar o desafio, mas a pressão e a incerteza ainda se entrelaçavam em meu interior.

Após uma inspeção rigorosa, um dos membros da federação sinalizou que as luvas estavam em conformidade. Um alívio imediato, misturado com uma renovada determinação, tomou conta de mim. O momento havia chegado; o ringue estava à vista, e a luta estava prestes a começar.

Me afastei um pouco da equipe e Jihoon se aproximou. Colocou uma mão firme e reconfortante em meu ombro, seus olhos se encontrando com os meus. Sua voz, ao mesmo tempo firme e suave, era um farol de serenidade em meio à minha maré interna.

— Haru — começou Jihoon, sua voz carregada de uma intensidade que só ele sabia transmitir. — O adversário de hoje é um lutador holandês. Ele é rápido e agressivo, especialista em combinações velozes e ganchos de esquerda. Mantenha a guarda alta e esteja atento aos movimentos dele.

Ouvia atentamente, absorvendo cada palavra. Jihoon conhecia minha técnica e sabia exatamente como me orientar para explorar minhas forças.

— Não deixe que ele dite o ritmo da luta. — continuou Jihoon, enquanto ajustava a bandagem em meu punho com um toque cuidadoso. — Use sua agilidade. Fique na defensiva, observe e aproveite as brechas. Sua esquiva e contra-ataque são suas maiores armas.

Cada palavra de Jihoon se enraizava em mim, trazendo a confiança necessária para enfrentar o desafio. Sua habilidade de acalmar e motivar ao mesmo tempo era um suporte sólido.

O rosto de Jihoon estava marcado pela seriedade, mas de repente, um sorriso divertido surgiu em seus lábios. Seu tom de voz mudou, revelando um toque de humor que aliviou a tensão.

— Ah, e mais uma coisa — disse ele, seu olhar se iluminando com um brilho travesso. — Não se machuque muito lá dentro, ok? Preciso que você esteja inteiro para a nossa comemoração especial esta noite.

Seu olhar malicioso e o sorriso que se seguiu transformaram meu semblante. A seriedade deu lugar a um sorriso genuíno, e uma onda de carinho misturada com diversão me envolveu. Jihoon, sempre encontrando uma maneira de trazer leveza e alegria, mesmo nas situações mais tensas.

— Você sempre sabe como me fazer sorrir, Hoon — respondi, enquanto o abraçava com força. — Obrigado por tudo.

Enquanto mencionava a celebração que planejávamos, seus olhos brilhavam com uma expectativa especial, prometendo algo inesquecível para a nossa noite. Sentindo essa faísca de malícia e antecipação, meu coração se encheu de entusiasmo.