27' [ eternamente]

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JÃO's point of view

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JÃO's point of view

Você ainda está vivo em universos alternativos, Pedro, mas eu vivo no mundo real, onde, a alguns anos atrás, aconteceu o seu velório

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Você ainda está vivo em universos alternativos, Pedro, mas eu vivo no mundo real, onde, a alguns anos atrás, aconteceu o seu velório. Sei que você está por aí, me ouvindo e espero que esteja orgulhoso de quem eu sou e do quão forte eu venho tentado ser para te orgulhar todos os dias. E deveria saber que estou triste de verdade, porque eu pensei que jamais morreria e, ainda sabendo de suas condições, achei que fosse tudo falso. E o que mais me magoa é que eu não realizei todos os seus sonhos.

Mais uma vez estou chorando em frente ao seu túmulo, carregando sua flor favorita em meus braços. Eu poderia escrever milhares de músicas demonstrando a dor que sinto e o peso que carrego comigo por não ter tido tempo de realizar seus sonhos e, muitas vezes, perder nosso tempo com brigas que não nos levaram a lugar nenhum.

Eu espero que você se lembre das coisas, assim como eu. E se relembrar o passado te incomoda, saiba que eu sinto muito, mas, por favor, não fique bravo comigo por desabafar sobre tudo isso. A saudade de você me prende diariamente e eu nunca aprendi como lidar, nunca aprendi a segurar as lágrimas e nem aprendi a ser forte quando se trata de você, eu não sei ser forte, nunca soube. Sempre fui aquele garoto fraco, fragil, estúpido e imaturo, como eu disse naquela música que escrevi sobre você.

Te fiz muitas promessas e algumas delas deram maus resultados, eu admito, mas tem uma delas que eu nunca irei quebrar; quando eu disse que jamais deixaria de te amar mesmo que a ideia de te perder doesse muito, eu não menti.

Jamais deixarei de te amar, Pedro Tófani, jamais deixarei de lembrar para o mundo que te amo e que sinto sua falta. Jamais deixarei de te homenagear em todos os shows e jamais o esquecerei.

Mas a alguns anos fui obrigado a me aproximar do seu caixão para me despedir de você.

Só que nunca será um adeus.

Sempre terei você aqui para me escutar e sempre escreverei estas cartas para você, e sempre serei apegado no seu moletom, que hoje, já não tem mais seu cheiro.

Para ter alguma chance de conseguir sobreviver aos dias de hoje, de amanhã e a todos os outros que virão, acho que precisarei voltar ao começo, quando éramos dois garotos nos entrosando e nos apaixonando enquanto pegávamos gelatina e assistíamos homem aranha.

Sei que você está aí e sei que está me observando, observando tudo na minha vida para compreender todos os sentimentos que causou em mim. Não são só as coisas vergonhosas que fiz que estão me deixando louco, Pedro. É o fato de que você sabe que eu sempre serei assim, e jamais te superarei.

A saudade de você me visita frequentemente, e essa dor, angústia, medo, saudade, parece nunca ir embora.

Era com você ao meu lado que eu me sentia seguro, completo, sentia como se pudesse falar tudo o que estava preso em minha garganta. Me disseram que a dor passaria, que nosso amor aconteceu de uma maneira muito rápida, e que logo seria esquecido.

Mas eu nunca vou me permitir te esquecer, não apenas te esquecer, mas esquecer desse sentimento lindo e intenso, das borboletas que me vinham e ainda me veem na barriga quando eu penso no seu sorriso, na sua risada, no seu cabelo bagunçado e no rosto que ficava avermelhado com meus elogios.

Sinto falta até dos momentos que nem notava, quando eu deitava nos seus braços esperando o fim chegar, e você me fazia aquele cafuné maravilhoso.

— João, presta atenção! — Pedro disse estralando os dedos na frente do meu rosto, me fazendo voltar a te olhar — O que você tanto pensa?

— Tenho medo do fim - respondi sincero — Tenho medo de quando te perder.

Senti os braços de Pedro envolverem minha cintura e as lágrimas começaram a escorrer, eu nunca estive pronto para perdê-lo, definitivamente não.

— Eu vou continuar olhando por você, mesmo não estando fisicamente aqui — ele disse e se afastou, fixando o olhar no meu.

— Você promete? - perguntei, minha voz estava trêmula, minhas mãos tremiam e as diversas lágrimas insistiam em escapar.

— Eu prometo, quando eu partir, você já vai estar pronto.

Mas a verdade é que não, eu não estava pronto, acho que na verdade, ninguém nunca está pronto para perder alguém que ama com todo coração.

meus últimos meses com você - pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora