Capítulo 4

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DO LADO DE FORA DO RESTAURANTE, PARADO NA RUA, meu pai passa a mão em seu cabelo.

Está com o cenho franzido e parece
desconcertado. Ele dá ao sr. Offerman uma limusine com motorista para
deixá-lo na loja na Quinta Avenida, não sem antes avisar que se juntaria a ele
em breve. Primeiro, porém, ele vai querer que eu lhe dê algumas respostas. É perfeitamente compreensível.

— Quando é que você pretendia me contar tudo, filho?

E agora, o que fazer? Eu não posso revelar ao meu pai que inventei toda a
história do noivado para o sr. Offerman. Se meu pai souber que não tenho um relacionamento com Scarlett coisa nenhuma, que toda essa conversa surgiu do nada e não passa de uma farsa para ajudar nos negócios, ele vai achar que não terá escolha a não ser pedir desculpa ao sr. Offerman. Ele irá até o homem e, honesto e cheio de boas intenções como é, dirá a ele que sente muito, mas seu filho estava apenas
brincando. Esse é o tipo de homem que meu pai é e o tipo de negócios que
ele comanda. E se ele tiver de ir, com o rabo entre as pernas, até o comprador
que custou tanto a encontrar para lhe confessar que seu filho inconsequente
mentiu, sua grande venda irá por água abaixo num piscar de olhos.

Nem pensar! Não posso deixar que isso aconteça.

Eu não queria envolver meu pai nesse noivado falso. Jamais passaria pela
minha cabeça colocá-lo nessa situação. Mas o fato é que ele precisa que eu
esteja noivo. Eu vi a satisfação no olhar do sr. Offerman quando revelei que
estava comprometido. Como homem namorador e disponível para as
mulheres, eu sou um aborrecimento para ele, uma pedra em seu sapato.
Colocar um anel de noivado no dedo de Scarlett me tornou uma pessoa
respeitável aos olhos do sr. Offerman.
Por isso sigo em frente e faço uma coisa que não quero fazer, mas preciso.
Incremento a mentira, para torná-la incontestável.

— Aconteceu só ontem à noite, quando eu propus o noivado a ela.

— Eu nem mesmo sabia que vocês estavam namorando — meu pai se
queixa.

Uma mulher usando saia justa cor-de-rosa e sapatos pretos de salto vem caminhando em nossa direção. Ela me lança um olhar cheio de interesse e eu estou prestes a sorrir em resposta para ela, quando percebo que essa não é uma boa ideia e me controlo.
Caramba. Vou ser obrigado a me privar do meu esporte favorito durante
algumas semanas.

Mas não faz mal, eu consigo fazer isso.

Posso fingir que sou um homem
comprometido. Nem que eu tenha de mergulhar meu pênis no gelo ou coisa
parecida.

— Eu ia contar a vocês o quanto antes e... bem, "o quanto antes" foi esta
manhã.

— Há quanto tempo vocês estão juntos?

"Faça parecer simples. Não complique."

— Tudo aconteceu rápido demais, meu velho — eu digo, adotando uma
expressão apaixonada, cheia de admiração e amor por minha cara-metade. — Eu e Scarlett sempre nos entendemos tão bem, como você sabe, e sempre fomos grandes amigos. Eu acho que foi um desses casos em que a pessoa certa estava bem diante do seu nariz o tempo todo, mas nós
demoramos anos para perceber. Até que... aconteceu. Uma noite, algumas
semanas atrás, a gente admitiu que sentia algo um pelo outro, e... bum. O
resto você já sabe.

Uau! É impressão minha ou isso soou bem convincente? Eu acho que me
saí bem. Meu pai levanta a mão.

— Mais devagar, Chris. Como assim, "o resto você já sabe"? Como você fez a proposta? E pelo amor de Deus, de onde saiu o seu anel de noivado? E se você disser que comprou na Shane Company, juro que deserdo você — ele diz, fingindo estar bravo.

Between Precious Jewelry & Drinks - EVANSSON #CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora